sábado, 3 de maio de 2008

Família

O puto mais novo já me tinha ligado há 3 dias.
- Sabes que a mãe faz anos no sábado.
- Claro, estava a pensar em telefonar para irmos todos almoçar.
- Não, tenho outra ideia, não lhe dizes nada, reservas aí uma mesa num restaurante porreiro, nós pegamos nela e vamos ter contigo.
- Pode ser, eu vou buscar a avó L., ela vai ficar feliz da vida.
É engraçado, o puto é impulsivo e às vezes diz o que não deve, mas depois tem estes laivos de generosidade e carinho, e eu fico a pensar que o que ele quer é atenção e que gostem dele (no fundo, não é isso que todos queremos?).
E assim foi, hoje tive cá a famelga toda (mais o cão, claro, a mãe não sai de casa sem o cão!), a avó sempre a queixar-se que não compra prendas a ninguém porque não tem dinheiro, o pai a envergonhar-me à frente dele com histórias de quando éramos crianças, os putos a dizerem baboseiras e a embirrarem com o meu corte de cabelo, e a mãe feliz da vida, por ter a família toda reunida. Quando lhe dei o livro, então, foi o delírio, perante os olhares assassinos dos putos, só faltou chamarem-me traidora.
No fim do almoço, ver a cara de orgulho dela, quando viu os três filhos levantarem-se para ir pagar a conta, "os meus meninos já estão crescidos, já ganham o seu dinheiro", valeu por tudo.
Sei que pedir outros 55 anos de vida é abusar, e como ela sempre diz, devemos pedir um de cada vez. Por isso, peço a Deus que daqui a um ano volte a acontecer, todos juntos numa mesa a celebrar a vida que nos deu vida, educação, princípios, e que sempre nos deu e continua a dar amor incondicional.

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