terça-feira, 31 de março de 2009

Dançar

Há alguns anos atrás vi no Canal2 um espectáculo de Dança Celta, se não me engano era o RiverDance, e logo ali disse que um dia tinha de o ver ao vivo.
Hoje cumpri o prometido e deixei-me envolver pelo espectáculo de cor e animação num ritmo alucinante, a coordenação dos dançarinos era impressionante , e tentar acompanhar os movimentos dos seus pés (de fazer inveja ao Cristiano Ronaldo) era simplesmente impossível. Danças celtas com um piscar de olhos à salsa (podia ser melhor), às danças de percussão (um cheirinho muito ténue de Stomp), à dança escocesa (a ideia de que os homens não usam roupa interior debaixo do kilt é mentira) e ao sapateado (ponto alto da noite, fantástico!) .
Em suma, duas horas com muita luz, muita energia, muito ritmo e uma alegria contagiante.

Spirit of the Dance

Ouvir e sentir (LIII)

Porque sou uma romântica incurável que se derrete com qualquer historia de amor, porque o Robert Pattison é lindo de morrer (e eu voltei a ter 15 anos, mas enfim...) e porque o som do piano vai embalar o meu sono.

Yiruma
"River Flows In You"
Twilight OST

segunda-feira, 30 de março de 2009

Inveja

- Olá, como é que está a correr?
- Bem, deixámos o A. na consulta e trouxe o meu pai ao Jardim Zoológico. Estamos à espera que comece o espectáculo dos golfinhos!
- Cão! És tão cão!
- Rauf! Rauf!

Momentos (LVII)

Jantar para 4 (e 1/2) com 4 garrafas de (bom) vinho tinto (sendo que a 1/2 bebeu água), diz muito sobre a noite de hoje, mas não explica o principal.
Tenho os ouvidos repletos de conversas amenas à mesa, entre um bocadinho de pão e um copo de vinho, jantar saboroso de quem tem um gosto especial e autêntico prazer no que faz.
Não tirei fotos, mas tenho os olhos cheios de cores e de beleza e de olhares de puro amor, e de um sorriso brilhante e alegre que me deixou sem palavras, só me apetecia contemplá-la, só isso, vê-la dançar e rir e falar com as sílabas todas e dar abraços apertados à mãe e brincar com o pai, sim, o pai, o que a faz feliz e lhe dá carinho e atenção.
Tenho a alma cheia de emoção e o coração de saudades apaziguado.

sábado, 28 de março de 2009

Eu não aprendo (II)

Acordo com uma dor nas costas que me faz dobrar sobre o meu corpo à procura de alívio.
Depois de me pendurar numa porta para "esticar" as vértebras, o mais natural sería ir deitar-me no sofá a implorar por uma massagem.
Vou para a cozinha fazer cannelonis de atum com legumes no forno, pudim de ovos e bolo de laranja com molho de chocolate. Devia ter ficado quieta. Hoje não há saltos altos para ninguém...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Liberdade

Ele levou-me pela primeira vez a terra onde o pai cresceu, um casal que outrora estava rodeado de arrozais e milheirais, e agora está completamente em ruínas.
Da casa onde o meu sogro nasceu só resta o muro...

... o lagar ainda lá está, mas tão abandonado como o resto...

... e das pequenas janelas da escola dá para ver o matagal que invadiu o interior do edifício.

Mais à frente, um outro casal chamou-me a atenção, pelas árvores que resistem mesmo sem ninguém tratar delas...

... e pelas casinhas baixas que serviam de habitação aos caseiros, cada uma delas com dois quartos e uma sala com uma lareira antiga.

Saltámos do carro e andámos por ali a descobrir os cantos e a entrar pelas portas abertas onde agora só moram os pássaros, com os seus ninhos nas paredes...

Fiquei a pensar como gostava de poder recuperar aquele lugar, manter a arquitectura original (o edifício maior tinha um alpendre magnífico, já estava a imaginar noites de Verão debaixo daquele alpendre), e dar-lhe vida e a alegria de crianças a brincar por aqueles montes, numa liberdade que a cidade não pode oferecer.

Momentos (LVI)

Era isto que eu queria: que ele acordasse no seu dia de anos, abrisse a janela, e visse esta paisagem...

Que tomasse o pequeno almoço debaixo do alpendre...



... com a Bruxa sentada aos nossos pés com um olhar a que é impossível resistir, sempre a abanar a cauda e a pedir festas ou um bocadinho de pão com doce ou de bolo...


... que contornasse o caminho ao lado da piscina...

... e descesse até ao pé da água, para apreciar plenamente a beleza e quietude da albufeira, sentado ao sol, ao meu lado, em silêncio...

... porque há alturas em que as palavras são desnecessárias.

Sorte

Hoje o meu puto grande faz 35 anos. E eu digo parabéns com o coração cheio, com os braços abertos e a alma em festa. Digo parabéns não só a ele por mais um ano de vida, mas também a mim própria por mais um ano de vida ao lado dele. Digo-me parabéns por ter a sorte de fazer esta viagem ao lado do meu melhor amigo, da pessoa que melhor me compreende e me sabe ler (até melhor que a minha mãe), a sorte de adormecer todas as noites nos seus braços, e acordar todas as manhãs com o cheiro da sua pele, a sorte de partilhar o espaço e o tempo com o amor maior que alguma vez terei a sorte de encontrar.

Jason Mraz e Colbie Caillat
"Lucky"

terça-feira, 24 de março de 2009

Surpresa

Já andava a planear isto há uma semana. A meio da manhã enviei-lhe um sms "Hoje não vais às aulas. Depois explico." Já tinha a mala pronta (e escondida) com tudo o que era necessário para passarmos a noite fora e já tinha avisado que amanhã não ía trabalhar.
O percurso é curto, nem acredito que há um sítio assim tão perto de nós e eu ainda não sabia. Somos recebidos pela Vera, uma explosão de simpatia e espontaneidade, que rapidamente nos leva ao nosso quarto e nos aconselha um passeio de barco.

A vista é simplesmente deslumbrante, o silêncio só interrompido pelo som dos remos na água, e o sorriso de encantamento dele enche-me de alegria, por saber que está feliz.

Saímos para jantar num restaurante ali perto, começamos por uma entrada de cilercas grelhadas, e eu termino com uma taça de frutas com gelado que é um verdadeiro atentado.

Voltamos para a Quinta e sentamo-nos na borda da piscina a ver as estrelas, o silêncio quebrado de vez em quando pelo grasnar dos gansos da quinta vizinha, ou pelos sons de um burro sabe-se lá de onde.

Antes de nos deitarmos delicio-me com os pormenores da decoração, azulejos de flores pintadas e candeeiros antigos e paninhos de copo mimosamente bordados.



Depois da meia-noite, depois de mil e uma conversas sem nexo e muito mais, dou-lhe os parabéns e rezo por muitos mais anos assim.

Se eu fosse... (II) *

Se eu fosse um mês seria... Setembro... porque será sempre o melhor mês para tirar férias.
Se eu fosse um dia da semana seria... Sábado... porque é o único dia em que posso levantar-me tarde, e deitar-me às tantas.
Se eu fosse um numero seria... 2... porque gosto de pares.
Se eu fosse um planeta seria... Sol... pela luz e pelo calor.
Se eu fosse uma cidade seria... Nova Iorque... pela cor e movimento.
Se eu fosse um movél seria... a minha cama... pelo aconchego.
Se eu fosse um liquido seria... água... pela pureza.
Se eu fosse um pecado seria... a preguiça... confesso.
Se eu fosse um pedra seria... uma safira... porque simboliza fidelidade e sinceridade, carrega o 'azul dos deuses'.
Se eu fosse um metal seria... prata... porque assim de repente não me lembro de mais nenhum.
Se eu fosse uma árvore seria... uma cerejeira... porque tem flores lindas e dá cerejas.
Se eu fosse uma fruta seria... uma cereja... porque era capaz de viver só a comer cerejas.
Se eu fosse uma flor seria... uma rosa... (claro).
Se eu fosse um clima seria... tropical... calor, bikinis e chinelo no pé.
Se eu fosse um instrumento musical seria... um piano... porque nenhum outro me transmite tanto sentimento.
Se eu fosse um elemento seria... água... fonte de vida.
Se eu fosse uma cor seria... branco... pela pureza e harmonia.
Se eu fosse um animal seria... um golfinho... pela mistura de ingenuidade e inteligência.
Se eu fosse um som seria... o das ondas do mar... o mais apaziguador que existe.
Se eu fosse uma canção seria... "May it be"... pelo significado.
Se eu fosse um estilo de musica seria... clássica nos momentos de abstracção, pop ou R&B nos momentos de diversão, ou rock duro nos momentos de explosão.
Se eu fosse um sentimento seria... amor... o mais verdadeiro.
Se eu fosse um livro seria... "Confesso que vivi" de Pablo Neruda.
Se eu fosse uma comida seria... caracóis... porque ando cheia de saudades.
Se eu fosse um defeito seria... impaciência... porque não sei esperar.
Se eu fosse uma qualidade seria... dedicação...
Se eu fosse um sabor seria... doce...
Se eu fosse um cheiro seria... a bebé... aquele cheiro que eles têm nos primeiros meses.
Se eu fosse uma palavra seria... carinho... o que dou e o que peço.
Se eu fosse um verbo seria... abraçar... porque um abraço cura (quase) tudo.
Se eu fosse um objecto seria... um livro... pela companhia.
Se eu fosse uma roupa seria... sapatos... porque não interessa quantos kilos tenho, nunca me ficam mal.
Se eu fosse uma parte do corpo seria... os olhos... porque são as janelas da alma.
Se eu fosse uma expressão seria... "Isto passa"... a que mais tenho usado nos últimos anos.
Se eu fosse um filme seria... "Antes do amanhecer"... pelas conversas, que tantas vezes fazem lembrar as nossas.
Se eu fosse uma estação seria... Verão... pelos dias longos e quentes.
Se eu fosse uma frase seria... "Carpe Diem" (Sease the Day)... todos os dias.

* Já tinha feito este, mas não me nego a quem me faz sorrir).

domingo, 22 de março de 2009

Eu sei...

... que não posso.
Mas eu queria tanto ter um cão.
(há muito tempo que não chorava tanto a ver um filme...)

Bob Marley e The Wailers
"One Love"
Marley & Me OST

Sou fraca (II)

- Este carro embala-me.

Conversas no bar (III)

- Vou-te pedir um favor. Avisa-me se eu me começar a tornar arrogante.
- Isso não vai acontecer.
- A sério, quero que me digas se notares que eu estou a deixar de ser assim como sou... parvo.
- Não te preocupes, eu não deixo.

sábado, 21 de março de 2009

Conversas no bar (II)

- Então querias um emprego com menos responsabilidade, em que saibas todos os dias o que te espera, e não tenhas de pensar muito? Já sei! Pastora!
Assim que consegui parar de rir:
- O quê?!
- Pastora! É simples, só tens de levar as ovelhas e as cabras lá para onde elas comem, arranjas um ou dois cães para as guardarem, deitas-te à sombra de uma árvore a dormir, e à tarde trazê-las de volta.

(...)

-Olha, cagamos nos vinagres e nos computadores, compramos uma casa na Esteveira por 1.000 euros, e vamos viver para lá, plantar batatas e couves. Comemos batatas na época das batatas, couves quando fôr altura de couves, e tomates quando fôr tempo deles. Não tínhamos chatices, e também ninguém nos ligava porque lá não há rede de telemóvel, portanto...

(Dito assim, parece tão simples).

Conversas no bar

- Tenho de ir cortar o cabelo.
- Se o deixasses crescer, ficava encaracolado, não era?
- Não, ficava só ondulado.
- Uma filha nossa, com o teu cabelo preto e ondulado, e com os meus olhos...
- Com a cor dos teus olhos, e o formato dos meus...
- Porquê?
- Porque eu tenho os olhos mais fechados, achinesados!
- Por isso mesmo, os meus são maiores!! E o nariz? Não sei o que é pior, um nariz igual ao meu ou ao teu...
- Igual ao teu, claro!
- Ficava com um nariz empinado (sorriso).
- Mas os bebés nunca têm um nariz grande.
- Não te esqueças que não são bebés para sempre, depois crescem...
- Pois, a merda é essa...

Conversas ao Jantar (XX)

- O que é que queres que eu te ofereça como prenda de anos?
- Ou 4 pneus BF Goodrich, ou um snorkel.
(Vai sonhando).

Ouvir e sentir (LII)

Porque hoje acordei bem-disposta!

Oren Lavie
"Her Morning Elegance"


Ouvir e sentir (LI)

Porque me comoveu e me deixou a sorrir (pena o final demasiado óbvio e a voz esganiçada de Adam Brody).

Travis
"Side"
In the Land of Women OST

quinta-feira, 19 de março de 2009

Momento (LV)

Ver o meu pai (de pijama, que já estava deitado a ver a bola) e desejar-lhe um feliz Dia do Pai ("eu não me esqueci, estava à espera que o parvo do teu filho mais velho fosse ligar o computador!"), ficar embevecida com o seu sorriso e acenar-lhe e mandar-lhe beijos pela janela minúscula do Messanger, pequena demais para o amor e admiração que eu queria mostrar-lhe.

Ouvir e sentir (L)

Jamie Cullum
"Gran Torino"


quarta-feira, 18 de março de 2009

F$#%&-$%$#&$#"$%#

Foram-se todos embora no final da auditoria, e eu estou aqui à espera que me venham buscar... ás 7 da tarde!!
F%$#"-#$ mais a m%$#& do carro que nunca mais está arranjado!!

terça-feira, 17 de março de 2009

Ouvir e sentir (XLIX)

Porque desde que acordei sinto uma irritação latente que só está à espera de um pretexto para explodir.

Roxette

"Crash Boom Bang"

domingo, 15 de março de 2009

Conquista

Passei o fim de semana com uma grávida de 9 meses, e uma bebé linda de 10 meses com olhos de chinesa e um sorriso de derreter pedras da calçada; passei o fim de semana a ouvir histórias de partos e gravidezes e gracinhas de bebés; a ver um futuro pai babado a acariciar a barriga da mulher, e a ver outro pai babado a falar com a filha como se fosse um tesouro raro; a pensar no meu pai enquanto assistia a um avô com os netos ao colo, um sentado em cada perna. Mas passei o fim de semana sem sentir pena de mim própria, sem pensar "porque é que eles têm e eu não", sem vontade de chorar e revoltar-me contra a minha vida.

sábado, 14 de março de 2009

O porco

Tive pena do bicho, muita pena mesmo.
Chegámos pouco passava das 7 horas, como combinado, e ficámos à conversa enquanto o porco não vinha. Só passadas duas horas e três telefonemas é que percebemos o atraso: o tipo que nos vendeu o porco saiu da carrinha e encostou-se ao muro da casa, ainda perdido de bêbado da noite anterior. O bicho nem se mexia lá atrás, de tão assustado e enjoado que estava.
Não foi preciso empurrá-lo nem puxá-lo, ele foi sozinho para o fundo do quintal, em direcção ao seu triste fim. Foi nessa altura que tive pena dele.

O meu sogro cumpriu o ritual que já conhece há mais anos do que eu tenho de vida, e todos ajudaram, excepto eu, que por causa de uma superstição secular não me pude aproximar do sangue necessário para as murcelas, o que até agradeci.
A meio da manhã já estávamos a comer chocos fritos, ovos mexidos com espargos e pão com queijo de Nisa, o almoço foi pouco depois, couves com feijão (feitas no alpendre) com peixinhos fritos (e alguém refilava "então eu venho para uma matança do porco comer peixe?!"), e ainda não tínhamos digerido completamente o arroz doce e o pudim de ovos, já estavam a rodar as travessas de carne grelhada.

Uma matança de um porco é isto, acima de tudo: 17 pessoas à volta de uma mesa, muitas conversas, muita animação, muitos risos e muitas minis; chegar ao fim do dia cansada, mesmo sem ter feito nada. E amanhã o almoço é cozido à portuguesa.

Na casa do meu sogro...

... vê-se a neblina fria da manhã a desaparecer lentamente, enquanto o sol vai subindo sobre o rio...

... as cerejeiras começam a desabrochar...

... e os vasos começam a encher-se de flores...

... há periquitos travessos e estridentes....

... e rolas tímidas.

Passei-me de vez!

Ou a tinta das madeixas atingiu-me os neurónios! Só pode!
Porque se estivesse no pleno uso das minhas faculdades mentais de certeza que não me convenciam a levantar-me às 6 da manhã de um sábado para ir para a matança de um porco!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Divulgação*

* ou porque é que comecei a andar com um bloco de post-its na carteira.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Inspiração (II)

"Mais uma vez... A23

Hoje presenciei um milagre, entrei na A23 a caminho de Torres Novas e de repente noto que na zona de obras o transito estava mais lento, pensei para mim, "Será um acidente?? mas hoje não é Domingo nem Sexta-Feira??? Será que os senhores dos pinos andam lá outra vez e algum foi atropelado???". Fui andando lentamente, ao ritmo do trânsito, e quando acaba a ligeira curva à esquerda eis que presencio algo que só faltava estar envolto numa luz celestial, um senhor topografo a tirar medidas. Ainda esfreguei os olhos pensando estar a sonhar, mas não, estava mesmo lá um senhor topografo e o seu ajudante. E a admiração foi tanta que os automobilistas até circulavam mais devagar. Será que é desta que as Obras vão começar?? A minha esperança é que a reparação esteja concluída no próximo Natal, tudo o que for antes dessa data, quase que me dá vontade de ir a Fátima e acender uma vela, mas, como estamos em Portugal e não sei quanto tempo vão demorar as obras - tendo em conta as burocracias, contactos com os amigos empreiteiros, preparação da diferença entre a orçamentação e o valor final da obra, etc., etc., etc.- o melhor é mesmo começarem já.

Sem outro assunto... para já.."

(E quem envia um mail destes para a Estradas de Portugal logo de manhã, devia começar a escrever um blog).

Ossos do ofício (IV)

Fazer tempo no Starbucks antes da próxima reunião, a ler um Um quarto com vista e a beber um Caramel Macchiato (ainda vi o bolo de chocolate a rir-se para mim... e prometi-lhe que voltava...).

terça-feira, 10 de março de 2009

Mudanças (VI)

"e você sinta-se mesmo especial, que nós tivémos de andar a fazer telefonemas para lhe abrirem uma nova categoria profissional, porque a nível nacional, é o primeiro a vir trabalhar para uma instituição destas."

- F#$%-&$, o meu coração não aguenta tanta coisa ao mesmo tempo!!!
Ainda não saiu da empresa e já lhe ligam como se ele estivesse nas novas funções, já lhe enviam mails para tomar conhecimento de situações pendentes, já lhe falam de projectos para os quais ele não está preparado ("o que não souberes, aprendes, vai correr tudo bem, não comeces já a stressar"). Começa a imaginar o que vai precisar para o seu gabinete, mesmo sabendo que tem de esperar a conclusão do novo edifício, os livros técnicos que quer comprar, um canto para as invenções e arranjos, e música, tem de haver música...

E eu encho-me de orgulho bom por ver a alegria nos olhos do meu puto grande.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Ouvir e sentir (XLVIII)

Porque me faz lembrar longas viagens de carro.

Bruce Springsteen

"Life Itself"

domingo, 8 de março de 2009

Mudanças (V)

Escrevo-lhe a carta de demissão e o mail de despedida para enviar a todos os clientes, fica sempre bem uma palavra de esclarecimento e de agradecimento. Esclarecer que vai abraçar um novo projecto, que sai de bem com todos; e de agradecimento pelo tempo em que esteve na empresa, foi pouco mas de muito valor. E é a pura verdade, se não tivesse surgido o convite ele não tinha procurado nada novo, pelo menos para já, estava ali há tão pouco tempo, ele que gosta de estabilidade, dos pés assentes na terra, de saber como vai ser o dia de amanhã.
Mas era irrecusável, é o reconhecimento pelo trabalho cimentado durante anos, quiseram-no a ele, não viram mais nenhum currículo (para dizer a verdade, nem sequer o dele viram), pediram-lhe a urgência possível, começar assim que puder, ser responsável pelos projectos futuros, planear em vez de executar.
Sinto-o atónito com tanta insistência, sempre com a humildade algo exagerada que não o deixa ver o real valor que tem, ele é bom no que faz, muito bom mesmo, e isto é uma recompensa pelo empenho e trabalho e dedicação de quem gosta do que faz e não se imagina a fazer outra coisa.

Conversas ao Jantar (XIX)

- Eu tenho mesmo necessidade de vir jantar fora pelo menos uma vez por semana.
- Porquê?
- Porque é das únicas alturas em que posso falar contigo com calma.

E saborear um bom vinho, e fazer planos para os nossos filhos, e perguntar o que vai fazer com tanto tempo livre, e brincar com os seus dedos pousados na mesa, e ouvir as dúvidas existenciais e responder com as certezas do coração.
Ele tem razão, à mesa não se envelhece...

sexta-feira, 6 de março de 2009

Conversas ao jantar (XVIII)

- Já contaste à tua mãe?
- Não, não contei a ninguém. Agora só vou falar quando estiver concretizado.
- Mas já está.
- Já está decidido, mas só vou dizer quando saíres de um lado e entrares no outro. Voltei às minhas crenças antigas.

Vais-me ouvir!

Então ela fez anos e não me disse nada? Porra, eu sou péssima a decorar datas, têm de me lembrar!
Queria ter-lhe enviado um abraço apertado, mesmo pelo telefone, queria ter ouvido a voz alegre e bem-disposta, e dizer-lhe que mais um ano não lhe faz diferença nenhuma, porque ninguém lhe dá a idade que tem, vai continuar sempre baixinha e eléctrica, vai ter muitos desafios pela frente, mas vai saber sempre escolher o melhor caminho, vai continuar a ficar lixada com o sistema e burrice e pasmaceira que a circunda sem lhe chegar, mas vai aprender a não dar tanta importância, e acima de tudo vai aprender a amar-se e a dar valor à pessoa maravilhosa que é.

Parabéns, MCG (atrasados mas sentidos).

quarta-feira, 4 de março de 2009

Ver o futuro

Depois de 4 horas de reunião sem pausa para café, o telefonema redentor "Hoje não vou às aulas, vou jogar à bola e depois vamos jantar ao Pedrógão".
No grupo habitual de colegas já amigos, um casal novo, bem dispostos e despachados como se quer. Gostei imediatamente da S., conversa fácil, o à-vontade dela a quebrar a minha timidez enquanto fumamos um cigarro.
E foi entre o caril de frango e o bolo de noz com gelado que percebi a razão daquele espírito lutador que detectei desde o início. Depois de ela me contar que teve um aborto espontâneo e só após dois anos conseguiu engravidar novamente, é que percebi o porquê de tanto carinho e doçura que eles punham nas palavras que falavam da filha de 16 meses. Principalmente ele, embevecido e de olhos brilhantes, capaz de qualquer coisa pelo ser mais precioso da vida deles.
E eu vi o meu futuro.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Olhar em frente

"The force was unleashed".
Obrigado. Ele merece.

domingo, 1 de março de 2009

Ouvir e sentir (XLVII)

Era disto que eu estava a precisar: paixões de adolescentes e Santorini.

Alana Grace
"Black Roses Red" (nem a propósito)
Sisterhood of the Traveling Pants 1 e 2 OST

Momentos (LIV)

Ver o meu pai a sorrir ao almoço.
Trocar um filme por uma hora entre aromas de perfumes e cremes e cores gulosas de frascos e pufs e bolinhas para o banho, e outra hora sentada no chão da Fnac a sonhar com as fotografias do African Interiors da Taschen.
Vaguear por entre os plamas e LCD's e escolher o próximo, aquele que vamos comprar quando tivermos 7.000€ a fazer-nos comichão na carteira.
Comer bolo sem remorsos.

Jantar de aniversário que também foi o meu, com amigos que também são os meus.
Ver o puto mais velho nas nuvens, apaixonado e feliz.
Ouvir chamarem-me cunhadinha e saber que a alegria é contagiante, que um riso atrai outros (e que a sangria branca com muita hortelã também ajuda).
Acabar a noite a dançar no meio do restaurante.