sexta-feira, 31 de julho de 2009

Compreender

Compreendo hoje aquelas pessoas que, quando lhes morre um animal de estimação muito querido, se recusam a arranjar outro. Eu nunca tinha sentido isso, porque a verdade é que nunca tinha tido um bicho só meu, excepto os canários que os meus pais tinham. Foi preciso sair de casa para a minha mãe adoptar uma cadela cabeluda que é mimada como se fosse um bebé.
Ele sempre teve cães, e após um ano nesta casa notei a falta que lhe fazia um animal de estimação. Foi por isso que, num dos melhores natais que tivémos, lhe ofereci o Tobias, há mais de 6 anos, bicheza felpuda e curiosa que me deixava os nervos em franja logo de manhã com o barulho que fazia a roer a grade da gaiola, a pedir comida. Nenhuma planta sobrevivia ao seu alcance, porque ele comia-as, e não foram poucas as vezes que fomos dar com ele dentro do cesto da fruta, já com uma maçã ou uma banana meio roídas. O som da minha voz, de um saco de plástico ou do abrir do frigorífico eram garantia de guinchos e cui-cuis, porque ele sabia que era dali que vinha a próxima refeição, e bastava aproximarmo-nos da gaiola para ele vir cheirar as nossas mãos, a verificar se era alguma coisa que lhe interessasse.
Por isso estranhámos quando há três dias ele ficou apático, encostado a um canto, sem comer e sem beber água. Comecei a enfiar-lhe água e papas de legumes e fruta pela boca, com uma seringa; e ontem no veterinário levou 5 injecções, e fizémos tudo o que nos foi possível para a bicheza aguentar mais um pouco.
O Tobias morreu hoje de velhice, à nossa frente, fomos enterrá-lo no Bonito, debaixo de um arbusto e fizémos-lhe uma campa com pedras, e apesar de saber que foi um animal bem tratado e acarinhado enquanto esteve connosco, e ainda não sabemos se queremos ter outro porquinho-da-índia.
Custa horrores vê-los morrer.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Recuperar

Acordei novamente com febre, dores, espirros e tudo o mais que levou as minhas colegas a sugerirem que ligasse para a linha de saúde, já tudo a entrar em pânico que eu podia ter a gripe dos porcos ou das aves ou do raio que os parta. Lá estive 20 minutos ao telefone a descrever todos os sintomas e a minha vida desde pequenina, só para confirmar que não vou aparecer nas estatísticas, é só um ataque da minha já quase amiga renite alérgica, que desta vez se aliou a uma virose qualquer para me fazer a vida negra.
Elas respiraram de alívio, eu passei o dia todo num estado letárgico a roçar o sonambulismo, a ponto de sair mais cedo do trabalho com a única desculpa possível "tenho sono, vou dormir" (se o outro tipo apresentou como justificação de falta "Fadiga", eu também posso).

Inesperado (III)

Os bons momentos também surgem com pré-aviso de poucas horas. Bastou um telefonema "vamos aí jantar hoje", para ter de novo a casa cheia, os meus irmãos trouxeram a namorada e a senhora esposa, uma garrafa de whisky e outra de Licor Beirão, muitos risos soltos e brincadeiras de putos que nunca vão deixar de ser.
E eu pedi-lhes para voltarem, sempre e quando quiserem, porque me enchem de alegria.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Revolta (II)

O meu corpinho não gostou de voltar ao trabalho.
Estou com febre.

domingo, 26 de julho de 2009

Ouvir e sentir (LXIII)

Bright Eyes
"First Day of My Life"




Descoberto aqui.

sábado, 25 de julho de 2009

Celebrar

A maioria dos casamentos é uma seca. É sempre a mesma coisa, chegamos ao fim do dia cansados sem termos feito nada, enjoados de ver tanta comida, e com a cabeça feita em água de todas as conversas de circunstância com a família que só vemos nestas ocasiões (e nos funerais).

Mas hoje quem casou foi o meu puto mais novo, e apesar do cansaço e do exagero de comidas e bebidas e danças, o dia foi especial, por ver a minha família, o núcleo duro e fundamental, toda reunida; pelo sorriso de orgulho do meu pai...


... pelas lágrimas comovidas dos noivos (sim, o meu irmão chorou)...


... pela felicidade do N., com aquele sorriso parvo de quem está apaixonado, meloso e atencioso como deve ser, e eu desejo com todo o coração que ele tenha finalmente encontrado alguém que o complete e o faça querer ser sempre uma pessoa melhor...


... pelos "sábios" conselhos que dou ao L. minutos antes de ele dizer o "Sim": "hoje não é nada, hoje é uma festa, a tua nova vida começa amanhã, mergulhaste de cabeça, agora nada bem!"


... e pelo brinde que para mim é uma tradição e que fiz questão de partilhar com os meus irmãos...


Ao contrário do que previa, nem eu nem o N. fomos massacrados com a pergunta "Então e vocês?" (acabámos por ser nós a brincar com isso "Pai, aproveita bem, porque este deve ser o único filho que casas!!").

E no final da noite, quando não encontrei um envelope, peguei numa caixa de charutos vazia, começo a escrever e ele diz-me "escreve Boa Viagem", e naquele momento fez todo o sentido.
Boa viagem.

Revelação*

- Acabei de ter uma revelação...
- Diz lá.
- Percebi porque é que o teu irmão vai casar. Ele tem uma necessidade imensa de uma família. Já reparaste que ele não nos apresenta pelos nomes, mas sim pelos parentescos? Estava à procura de um sentido para estar aqui hoje e já encontrei.
(E eu volto a olhar para o puto e peço para que construa a sua família sólida e harmoniosa).

* ou Conversas sérias

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Voltar

Toco à campainha e ele abre a porta, o sorriso enorme, os olhos brilhantes.
Dou um passo em frente e inspiro fundo.
O cheiro da nossa casa.

Pormenores (IV)...

Quando a cabeça está vazia e o coração cheio, ficam as imagens que já deixam saudades...





Momento (LXXIV)

Depois de um dia inteiro em que a única preocupação foi pôr protector solar, acabamos a noite com sangria de champanhe e naguillé com aroma de morango e vodka.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Vingança

O que fazem 3 miúdas que têm o dia de praia estragado porque está a chover e uma ventania que não lembra a ninguém? Vingam-se nas compras, claro!!
Primeiro, umas peças para o carro da P., numa sucata. Depois, "umas coisitas" para petiscarmos amanhã na praia (ou em casa a ver filmes, se a m%&#$ do tempo não muda): croissants, mini-palmiers, bolachas (2 pacotes) e batatas fritas (3 pacotes... dos grandes).
Ainda corremos a costa à procura de uns raios de sol, mas só encontramos fitas de cabelo e ganchos com borboletas numa praça que parece o cenário de um filme sul-americano.
Por fim... roupa, óbvio (e amanhã não pode estar a chover, a sério, senão vamos todas à falência...).
E ainda fazemos 100 kms para jantar rodízio de marisco e a melhor mousse de chocolate dos últimos tempos.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Aguentar

Mas férias que são férias também não teríam a mesma piada sem os cromos do costume:
- a mulher a anunciar "Olha a bólacha ámericana!!" com uma voz esganiçada (vai beber uns bagaços que isso passa)
- os avecs que já se refinaram, porque agora já nem misturam o português com o francês, agora fazem questão de berrar tudo em francês manhoso
- o puto a guinchar como um porco numa matança (a culpa não é dele, é dos pais)
- o tipo brasileiro armado em bom com a sua tanguinha (que visão do inferno!!).

Apreciar

Férias que são férias não teríam a mesma magia sem bolas de berlim cheias de creme ...

... sem os pescadores a puxar as suas redes sob o olhar atento das gaivotas...

... e sem os caracóis numa esplanada de fim de tarde (apesar de não chegarem aos calcanhares dos do Vila Franca)...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Isto começa bem...

Chegamos à praia e a primeira coisa que nos dá na gana é ir comprar calcinhas de renda...
Empanturramo-nos com hamburguer e batatas fritas (e não iogurtes e migalhas de pão, como ele disse)...

Vamos comprar um guarda-sol, e a P. regateia com o vendedor da loja como se estivesse num mercado de rua em Marraquexe. O que é certo é que acabamos por trazer dois...

... que dão um jeitão para dormir a sesta e ler até o sol se pôr...

... no final do dia conheço a V., que aceitou dar-nos guarida durante estes dias, mesmo sem me conhecer de lado nenhum: alegre e despachada, tem a casa sempre cheia para os jantares no terraço, como a sardinhada que vamos fazer daqui a pouco.

Agora sim...

Biquinis e toalha, máquina fotográfica e carregador de bateria, calças de ganga e tanks, chinelos e mini vestidos, dois livros e cigarros, dinheiro para os copos e a minha Paula.
As minhas férias vão começar agora!

GOMO "Final Stroke"

domingo, 19 de julho de 2009

Inesperado (II)

Tocam à campainha às 10 da manhã. Acabei de acordar, mas ver a pequenina E. deixa-me logo sorridente. "Viémos fazer uma visita matutina".

É claro que ficaram para almoçar, e entre as mamadas e sestas da E., eu e a S. tivémos tempo de folhear o livro da obra do Dali e o das melhores fotos do National Geographic, cada foto lembrava-nos uma história para contar, e as conversas são como as cerejas, e quando damos por ela são quase 8 da noite e o Z. vai para a cozinha arranjar uns mariscos, e a E. dormiu 3 horas seguidas "ela gostou da vossa cama", e eu penso que sim, que a nossa cama é grande e fofa e sossegada e qualquer bebé gosta de lá dormir.


E depois ouvimo-la acordar sobressaltada sem saber onde estava, e naqueles segundos senti o que me tinha passado ao lado o dia todo, o som do choro de um bebé cá em casa, no nosso quarto, e o olhar que ele me lança do outro canto do sofá diz tudo "era isto, não era?".

Ouvir e sentir (LXII)

Ville Valo e Natalia Avelon
"Summer Wine"


sexta-feira, 17 de julho de 2009

Para esquecer

Não bastava termos ído buscar (um d)o(s) carro(s) à oficina e passados 15 minutos uma tipa lhe dar uma passa e enfiar-lhe a frente para dentro, não bastava o boss ter ligado a cravar-me para ir trabalhar na terça (lixando os únicos dias de praia que possivelmente terei este verão, o que consegui evitar indo lá há pouco enviar os mails necessários e deixar instruções escritas), ainda tinha de receber uma carta do hospital a marcar a próxima (e última) consulta (aquela em que a médica nos vai explicar de uma forma condescendente porque é que não podemos fazer o tratamento)... para o dia 4 de Dezembro.
Não sei se devo rir ou chorar.

Ser forte

Eu digo sempre o mesmo, que vou ser forte, que vou aprender a não me queixar, que não vou deixar ninguém saber como dói, porque toda a gente tem problemas, e eu não faço o estilo coitadinha.
Ou é só uma forma caprichosa de querer que me proteja, que olhe para mim e saiba o que estou a sentir, que pare um pouco, só um pouco, para me dar atenção, para me ouvir, sem medo dos meus medos e das minhas inquietações, como se o facto de não serem expressos os vá fazer desaparecer, não faz, eles continuam aqui, um espinho na pele. Eu sei que é uma forma de defesa, de não ser visto fragilizado, de não suscitar pena, e posso só imaginar a dor que se esconde por trás dessa concha, a revolta e desapontamento maiores que os meus, para além do outro sentimento que eu não queria que fosse sentido, porque não tem sentido, a culpa não é de ninguém, não vale a pena ir por aí, e eu só queria tocar o coração e deixá-lo fluir, deitar cá para fora para encontrar alívio.
Eu faço sempre o mesmo, guardo tudo para dentro, e o único dia em que explodi num pedido de ajuda velado a coisa não correu bem, e a partir daí voltei a ser forte, a não dizer nada, a aguardar pacientemente porque o empenho não pode ser só meu, já não consigo remar sozinha, sou forte mas não tanto.

Sugarbabes
"Stronger"

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Analisar

Porque é que gostamos de homens com cara de mau, voz grossa e aspecto de duro (falo com conhecimento de causa)?
Porque há ali uma promessa implícita de aventura, de desconhecido, de limites que se ultrapassam e regras que se quebram. Os opostos que se atraem.
Já não falo da ideia (completamente errada) de que é possível "domesticar" aquele temperamento, não é, não aconteceu nem vai acontecer.
É os braços grandes que parecem prontos para distribuir bofetada mas que aninham e protegem, é os lábios quentes que podem a qualquer momento soltar asneiradas, mas beijam e provocam, é a impulsividade capaz de acelerar a moto ou o carro de uma forma quase suicida, mas também de agarrar inesperadamente e encostar à parede....

Teddy Thompson
"Separeted Ways"

My Best Friend's Girlfriend OST




(... e já faltou mais para isto deixar de ser um blog de respeito...)

Terapia ocupacional

Limpei, lavei, esfreguei, tirei, engomei, voltei a pôr no sítio, cosi, pintei, arejei, arrumei e inventei.
Amanhã não me mexo.
Mas a casa está um mimo.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Terapia

"Quais são os planos da menina para hoje?"
"Nada, estou em casa e sem carro".
- Então eu já aí passo para beber um café!
Trouxe os braços abertos e o sorriso franco. Não bebeu café. Trouxe a bateria de Manu Katche e o piano de Sakamoto. Jantámos. Trouxe a serenidade para ouvir e ser ouvida, sem pressas, num registo intimista que nos faltava desde a Torre de Belém. E deixou-se render à espontaneidade (e ao pica-miolos) e eu estou feliz por a ter cá.
Obrigado.

Manu Katche
"Pieces of Emotion"

segunda-feira, 13 de julho de 2009

domingo, 12 de julho de 2009

Pedaços...

... do fim de semana...


... para tentar esquecer que meti o pé na argola da pior forma possível, magoando com palavras quem me é mais querido, de uma forma despropositada e egoísta.



... para não me lembrar que o carro pifou a caminho da praia e tivémos de voltar para trás de reboque (e o Z. foi um fixe e largou o almoço dele para nos vir buscar).



... para guardar os bons momentos, as pequenas coisas , o que realmente importa.



sexta-feira, 10 de julho de 2009

É oficial (II)

Estou de férias. Tinha esta música guardada para este dia, quando ainda não sabia o que me ía cair em cima, agora não faz tanto sentido, não tenho assim grande vontade de pular e dançar, mas vou deixá-la na mesma (pode ser que me passe a dor de cabeça).

"I Like To Move It Move It"
Madagascar OST


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Perder a esperança

Tenho os olhos raiados de sangue de tantas lágrimas, a garganta dorida de tanto conter os soluços. Fecharam-me a porta na cara, e não vejo nenhuma janela a abrir-se. Não sei o que fazer agora. Depositei todas as esperanças nesta resposta, na ideia de que o tempo (tanto tempo, Deus) de espera ía valer a pena, porque quando finalmente o telefone tocasse eu ía suspirar de alívio, e ía fazer tudo o que me mandassem, e ía correr tudo bem. Isto foi o maior murro no estômago, a desilusão mais dura, o chão que se abriu debaixo dos meus pés e me engoliu para me cuspir de seguida com brutalidade, e agora a confiança desapareceu, as certezas não existem, e eu não sei o que fazer a seguir.

Alanis Morisette
"Losing my religion" (acustic)

terça-feira, 7 de julho de 2009

O que eu tenho de ouvir (VI)

Reunião para assinatura de um contrato, era suposto ser rápida, mas o meu interlocutor queria conversa:
- Tem filhos?
- Ainda não.
- Temos de tratar disso.
O meu sobrolho direito levantado fê-lo acrescentar:
- Pois, eu também não tenho, e acho que está na altura.
(pois, bem me parecia que era isso.)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Afectos

A pequena princesa faz hoje 1 ano.
Está a ficar com o cabelo cheio de caracóis, já faz birra quando lhe tiram as coisas das mãos, prefere sopa a leite, e os olhos curiosos e risonhos procuram a gata miniatura que veio fazer companhia à cadela e aos peixes.
Vejo o ciclo natural da vida a passar por mim, nasce e cresce e deslumbra-me com a beleza dos gestos e das caretas e dos beicinhos, com o carinho que sou capaz de sentir por alguém que não me é nada e ao mesmo tempo é tanto, porque os laços afectivos não são necessariamente os laços de sangue, e podem ser mais fortes e mais sinceros.
"- Tens uns olhos lindos!
- Você também...
- Tens uma boca extraordinária...
- Você também...
- Tens um sorriso...
- Tu também!
- Ainda nem tinha acabado...!
- Pois, mas...
- E uma cama, tens?"

In: 13 gotas ao deitar

domingo, 5 de julho de 2009

Momento (LXXIII)

Doem-me as costas, dormi pouco e mal, tenho o estômago às voltas e está quase a chover.
Mas abro a tenda e vejo a água quieta, lembro-me das comédias de há pouco, sorrio sozinha e até me esqueço de maltratar alguém com o mau feitio matinal.
(e sei que vou passar a semana toda a cantarolar isto...)

The White Stripes
"Seven Nation Army"

Nem sei que lhe chame...

Quando eu disse à R. que isto agora era sempre a piorar, nem me passou pela cabeça que fosse tanto e tão rápido!!!
É que não há descrição possível para a noite de loucura passada numa festa da aldeia, no Tríz.io, daquelas que têm ranchos e frango assado e rifas e velhotas sentadas à beira da estrada a vender bolos caseiros.

Os metros foram substituídos por grades, o C. levantou-se e começou a dançar sozinho, o Tri saltou para o pé dele e começou a desgraça (ou como disse o C.: o "ginásio das 11 da noite às 5 da manhã"). Dançámos, pulámos, aguentámos um espectáculo da Micaela por causa dos dançarinos em palco (tive ganas de lhe dar um tiro quando se lembrou de torturar o "Lisboa, menina e moça" com aquela voz esganiçada e um vestido roubado nas marchas populares), rimos até às lágrimas com a tipa a girar um arco de ginástica no pescoço com ar de alucinada (antes de se ir agarrar a um taco de basebol), e continuámos a dançar tudo o que ouvíamos, de kizomba a Mamonas Assassinas, de brasileiradas a Xutos, até o grupo de baile se ir embora e nós fazermos a pé a estrada iluminada pelo céu estrelado.

sábado, 4 de julho de 2009

Ensombrar

Foram vinte segundos, não mais que isso, uma sombra que me enevoou os olhos ao ver aquele pai em deslevo pela filha pequena, e a forma como ela procurava a sua cara com as mãos para o abraçar. E durante vinte segundos, não mais que isso, eu volto a questionar quando será a nossa vez, quando chegará o dia em que ele terá uma menina de caracóis e olhos de anjo a procurar conforto nos seus braços.

Ver o futuro

Conheço a minha cunhada a 20 dias do casamento do meu irmão mais novo (podia ser pior). "Assusto-me" quando vejo uma cadeira de bebé no carro dele, não que isso fosse influenciar a minha opinião sobre ela, mas simplesmente porque ninguém me tinha dito nada.
Gosto da R., da sua expontaneidade e simplicidade, dos seus pés bem assentes no chão, e da forma despreocupada mas atenta com que trata a B., afilhada de quem toma conta quando não está de serviço, com todo o cuidado e carinho de uma mãe.
E observo divertida a minha mãe a derreter-se em mimos e vozinhas por aquela pequena criatura, e fico a imaginar como será quando tiver um neto dela (medo, muito medo!!, diz ele).

Celebrar a vida

Almoço de família, para comemorar o aniversário do meu pai, talvez o mais sofrido de todos, aquele que chegámos a temer que não acontecesse. E pensar que no último Natal ele estava no hospital, e todos nós rezávamos para que ele chegasse ao Ano Novo, e agora está aqui, tão bem quanto possível, não é a situação ideal mas é o melhor que se pode arranjar, e agradeço por vê-lo a sorrir das parvoíces que os filhos dizem à mesa, a queixar-se que a vida de reformado é uma seca, a viver, e é só isso que me interessa, que ele viva, que dê os seus passeios e durma as suas sestas na varanda, e que se queixe as vezes que quiser.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Esclarecida

A I., de quase 6 anos, filha de um colega de trabalho, vem sentar-se na secretária em frente, a desenhar um peixe sem olhos:
- Vais jantar cá?
(a esta hora até nem era má ideia...)
- Não, vou jantar a casa.
- Porquê?
- Porque o meu marido está à minha espera.
- E tens filhos?
- Ainda não.
- Porquê?
- Porque ainda não calhou.
- Mas sabes que para teres filhos tens de beber muito vinho...
(hum, às tantas até tens razão...)

Ouvir e sentir (LXI)

Snow Patrol
"Chasing Cars"

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Inesperado (II)

Os bons momentos surgem quase sempre expontaneamente, de forma inesperada, como o convite para uns petiscos a (meio da) semana. Caipirinhas e cachimbo de água com tabaco de pêssego e de morango, e gelado com caramelo, e gatos a pedir mimos e festas, e conversa de viagens e filmes e séries que só são "do tempo" de alguns, e tudo o mais que coube numa noite em que o tempo foi pouco porque amanhã é dia de trabalho...
(e já estive mais longe de ter um gato em casa).

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Susto

O Gmail bloqueou a minha conta!!! Primeiro pensei que estava a digitar a password mal (altamente improvável, mas podia acontecer), e depois de tentar várias vezes descobri que tinha a conta bloqueada por questões de segurança, devido ao pequeno vírus que andou a enviar emails estranhos para todos os meus contactos! E só passadas 24 horas podia pedir a reactivação da mesma!!
O problema nem era tanto os 1588 mails que tenho gravados mais as fotos e as conversas; ou os 60 endereços de email que não tenho escritos em mais lado nenhum (sempre podia telefonar a toda a gente e pedi-los de novo); ou os 52 blogs que tenho no Google Reader, que se não fosse a Joana nem sabia que existia mas agora não passo sem aquilo. O problema é que assim não tinha forma de aceder ao blog!! Ai a minha vida, e agora? E se depois das 24 horas a situação não se resolvesse?
E esta manhã lá tive de preencher um formulário para me darem a minha conta de volta, incluindo a indicação de 5 emails mais utilizados, de 4 marcadores, e de mais uma data de informações para confirmarem se o email em causa era mesmo meu. Palhaços!!
E para prevenir outro susto destes, já fiz um backup completo dos posts e comentários, e já criei outro acesso para o blog, que é por causa das tosses!!