sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ser forte

Eu digo sempre o mesmo, que vou ser forte, que vou aprender a não me queixar, que não vou deixar ninguém saber como dói, porque toda a gente tem problemas, e eu não faço o estilo coitadinha.
Ou é só uma forma caprichosa de querer que me proteja, que olhe para mim e saiba o que estou a sentir, que pare um pouco, só um pouco, para me dar atenção, para me ouvir, sem medo dos meus medos e das minhas inquietações, como se o facto de não serem expressos os vá fazer desaparecer, não faz, eles continuam aqui, um espinho na pele. Eu sei que é uma forma de defesa, de não ser visto fragilizado, de não suscitar pena, e posso só imaginar a dor que se esconde por trás dessa concha, a revolta e desapontamento maiores que os meus, para além do outro sentimento que eu não queria que fosse sentido, porque não tem sentido, a culpa não é de ninguém, não vale a pena ir por aí, e eu só queria tocar o coração e deixá-lo fluir, deitar cá para fora para encontrar alívio.
Eu faço sempre o mesmo, guardo tudo para dentro, e o único dia em que explodi num pedido de ajuda velado a coisa não correu bem, e a partir daí voltei a ser forte, a não dizer nada, a aguardar pacientemente porque o empenho não pode ser só meu, já não consigo remar sozinha, sou forte mas não tanto.

Sugarbabes
"Stronger"

2 comentários:

  1. Querer aliviar o fardo não é ser "coitadinha". Querer dividir as angústias também não.
    Podia dizer um monte de coisas, mas basta-me fazer minhas as tuas palavras.
    Um abraço grande.

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  2. Aquilo que me podias dizer a mim, também podes dizer a ti própria, ok? ;P

    Vá lá, cabeça erguida e acreditar que o dia de amanhã vai ser melhor que hoje :))
    Beijos muitos

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