A I. sentada à cabeceira da mesa afirma do alto dos seus 5 anos, para toda a gente ouvir "A minha família! A minha mãe, o meu pai, a mana, a tia P., a S. e o L.". E naquele segundo eu perdoo-lhe todas as diabruras, a tara que ela tem por verniz das unhas (e tudo o que tenha a ver com maquilhagem) e o feitio indomável.
Porque o jantar e o resto da noite passada de volta de um computador pré-histórico fez-nos recordar que por mais tempo que estejamos sem notícias uns dos outros (apesar de morarmos a duas ruas de distância, mas o dia-a-dia é mesmo assim, a vida passa por nós e nem damos conta, só agora reparo que já não via as princesas desde o Natal, e estão tão altas e tão lindas... e tão más) quando nos juntamos o resultado é sempre o mesmo, as conversas saem espontaneamente, como se tivéssemos combinado um café ontem.
Há muito tempo que não ria assim, rir mesmo alto, com vontade, das trocas de mimos entre dois (maus) feitios que podiam ser gémeos separados à nascença "mas eu não sou como ele! - deixa, tu chegas lá com a idade" e do humor caústico e gozão que não perde a oportunidade para lançar uma farpa.
Há muito tempo que não sentia esta preocupação de afastar os objectos que pudessem magoar o boneco a pilhas que já corre a casa toda, esta alegria quando a I. se agarra às minhas pernas e chama o meu nome seguido de "inha" enquanto pede beijos e mimos, ou esta sensação indefinível de ver um corpo pequenino a dormir na nossa cama, coberta com uma ponta do edredon, e de ouvir um choro sonolento quando acordou e não sentiu ninguém à sua volta (desta vez não olhei para ele, preferi não saber se tinha notado, como eu, se tinha sentido, como eu).
E a frase da noite foi "apetece-me bater-te com um gato morto até ele voltar a miar!"
Sem comentários:
Enviar um comentário