... ao som de Yann Tiersen.
Só lameto que a Paula não tenha ficado o tempo suficiente para prová-los. A miúda passa-se, livrou-me da bicicleta de ginástica (ainda estou para saber como é que aquele trambolho coube inteiro no carro dela), deixou-me uma garrafa e meia de Quinta de Cabriz e ainda agradece. Tive a sensação que esta estadia foi mais à pressa, não houve tempo para conversar com calma, sem estar a olhar para o relógio porque "já é quase uma da manhã e amanhã é dia de trabalho... para alguns".
A minha avó faz anos hoje, 78. Telefono-lhe e mostro-me surpresa (porque o puto mais velho já se tinha desbroncado) quando ela diz que está em casa da minha mãe, uma visita de uma semana, e ouço a algazarra de fundo, imagino a crise de ciúmes da cadela que é a companhia da mãe desde que eu saí de casa, agora que tem de partilhar as atenções com as duas cachorras lindas da minha avó: uma arraçada de caniche, autêntica bola de caracóis pretos, a outra arraçada de chiuaua, eléctrica mas com uns olhos tão meiguinhos, daqueles que só pedem para lhe darem uma festinha. Nós prometemos à avó, eu, o puto mais velho e a C., a primeira vez que vimos as cachorras engalfinhadas a roer as orelhas uma à outra, prometemos que quando ela falecer nós ficamos com as cadelinhas, não as vamos deixar abandonadas nem que as levem para o canil municipal, a C. fica com a bola de pêlo negro, eu fico com os olhos meiguinhos. E lembrei-me disto enquanto do lado de lá o telemóvel passava de mão em mão "toma, fala com ela", e eu ouvia à vez a voz bem-disposta do meu pai "agora é que a tua mãe desenferruja a língua", e os risos da minha mãe, satisfeita por ter alguém que a acompanhe nas intermináveis conversas que ele não tem paciência para ouvir. E desliguei o telefone com uma sensação, não diría de alívio, mas de alegre segurança por saber que eles estão bem e felizes.
E agradeci.
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