"Passou tudo tão depressa / nunca te falei de mim / o que digo não importa / o que sinto talvez sim."
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Estranhar
"O mar está bravo". Foi a forma mais soft que o meu irmão encontrou de dizer que o meu pai não se safa desta. E eu recebo os telefonemas da C., cada um pior que o anterior "o teu pai vai ser entubado", "o teu pai está em coma induzido" e não sinto nada, nem dor, nem mágoa, nem revolta, estou num torpor que assusta toda a gente à minha volta, parece que estou anestesiada, e não me reconheço nesta calma gélida e insensível, talvez tenha desistido de tentar controlar o incontrolável, o que não está nas minhas mãos, as minhas lágrimas não resolvem nada, as dores de estômago também não, possivelmente vou pagar isto tudo daqui a umas semanas, quando me começarem a cair tufos de cabelos uns atrás dos outros, mas para já vivo esta estranha forma de espera, sem drama e com a profunda crença que Alguém lá em cima vai tomar a decisão certa, escolher o que fôr melhor não para mim, mas para o meu pai.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Um abraço!
ResponderEliminarMando-te um grande beijinho solidário. Fico com muita pena pelo teu pai e por tudo o que estás a passar...
ResponderEliminarNunca se sabe muito bem o que dizer nestas alturas, por isso deixo só ficar um beijinho, e ficamos aqui caladinhos, para não incomodar mais. :(
ResponderEliminarComo dizia o Prof Randy Pausch acerca destes momentos, "não escolhemos as cartas, apenas como as jogamos". Bjnhs, força por ai'.
ResponderEliminarMuito obrigado pelas vossas palavras, que me fizeram sentir como se estivesse a voltar a casa depois de uma viagem (daquelas más, que juramos nunca mais repetir).
ResponderEliminar