quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Momento (XCVII)

Estaciono o carro e vejo a L., minha florista amorosa, a preparar a montra do Dia dos Namorados, uma enorme parede de esferovite com várias cartas de amor pregadas com pioneses. Entro na loja e ela conta-me sobre o concurso que está a promover, pediu para os clientes escreverem uma carta de amor, numera-as, e no final vai fazer um sorteio para oferecer um ramo de rosas vermelhas. Achei a ideia muito querida, numa época em que já ninguém escreve cartas de amor (nem que seja como o marido dela, que encheu uma página A4 com a palavra "Amo-te" escrita de seguida, como aqueles castigos que os putos tinham de fazer na primária "Escreva 100 vezes Não vou voltar a atirar pedras à cabeça do Francisco").
Depois perguntou-me se eu sabia desenhar corações. Eu, romântica crónica e confessa, perguntei de que tamanho o queria, e desenhei um coração enorme no placard de esferovite, que depois cortámos com jeitinho "tu tira daí os dedos que ainda os faço em postas!"
E agora, da minha varanda, vejo a montra da florista com uma janela em forma de coração ladeada por cartas de amor, daquelas verdadeiras e sentidas. E por trás da janela, perfeitamente enquadrado, um ramo de rosas vermelho veludo, daqueles que qualquer gaja que é gaja sonha receber (mesmo que diga que não liga nenhuma).

2 comentários:

  1. Anna^, e o pior é que não tenho intenção de me curar, sou como aqueles viciados que não querem tratamento ;P

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