A minha santa mãe bombardeia-me com informações mal acordo, senta-se à minha frente na mesa da cozinha e fala, fala, fala, enquanto eu reviro os olhos na tentativa de conseguir distinguir os sons que ela faz (porque as palavras de certeza que não as entendo), ainda estou de pijama e despenteada com a caneca de leite quente numa mão e uma madalena na outra, mas não tenho coragem de lhe dizer que ainda não bebi café, que o meu cérebro ainda não picou o ponto e que daqui a meia-hora não me vou lembrar de nada do que ela disse, porque sei que ela está só feliz por eu estar aqui.
À hora do almoço, o meu pai "ralha" porque vamos comer o resto da massada de polvo do almoço deles de ontem "já viste filha, vens cá a casa para comer restos" e eu rio pela preocupação dele com a "sua menina", porque se soubesse o que eu como num sábado normal mandava-me internar.
Posso ter 30, 40, 50 anos, enquanto eles forem vivos vou sentir-me sempre uma menina ao pé deles, talvez até mais mimada agora do que quando morava cá em casa. Sabe bem esta atenção, este carinho, esta preocupação genuína pelo meu bem-estar. Por isto, o preço de ouvir longos monólogos logo de manhã é bastante aceitável (é muito pequeno, até).
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