... ir a Lisboa só para ouvir a mãe a dizer que sim, que decidiu mudar-se para cá, para perto dos filhos, quer uma casa num primeiro andar, não precisa de ser muito grande, um quarto para ela com uma mobília branca e de linhas rectas, um quarto para os netos poderem lá dormir, uma sala acolhedora, não precisa de sala de jantar, porque as jantaradas e petiscos serão feitos em casa de um de nós (e ouro sobre azul foi saber que vai vender as mobílias do século XVII - aleluia!!!! é um pesadelo limpar o pó àqueles berloques todos!).
... aceitar o desafio para um café, conhecer a cara por trás das palavras, num ambiente que prima pela beleza (é pena o serviço não estar ao mesmo nível).
... comer um destes (sempre são melhores do que os últimos que provei) entre conversa fluída que saiu naturalmente, sem esforço, pela simpatia de outra vivência, com pontos em comum e outros tantos diferentes.
...subir ao terraço do Hotel do Chiado para a surpresa de um encontro inesperado, mesmo com as palavras contidas por não ser a altura certa. E a vista da cidade em todo o seu esplendor, a luz e o rio que são inspiração de poetas e músicos e fotógrafos, e com razão, com toda a razão.
... passar pela animação em frente à Brasileira e observar as pessoas nas ruas, tantas culturas misturadas, tanta agitação. Sentar num banco do Largo de Camões e conversar, observar o lenço e o casaco da senhora de cabelo vermelho a rodopiarem no ar levados pelo sopro de uma brisa mais forte, partilhar experiências e gostos.
... esperar por ele para irmos juntos ver a exposição do World Press Photo 2010, no Museu da Electricidade, mesmo desviando o olhar a algumas das imagens, pela violência extrema, pelo sangue, pela morte que não sei como alguém tem coragem de registar para a posteridade, como um troféu.
... seguir a sugestão da B. e jantar sushi n'Os Meninos do Rio, ficámos fãs (apesar de ele ter começado por torcer o nariz ao facto de ser um brasileiro "com uma fita na cabeça" atrás do balcão, acabou por se render à qualidade dos pratos... bom, muito bom).
... regressar a casa, fazer chá verde com folhas frescas de hortelã, preparar um tabuleiro com duas chávenas e um pacotinho de bolachas, e ver o sorriso contido e sentido quando lhe estendi o relógio de bolso do meu pai "toma, a minha mãe quer que fiques com ele", enquanto o cheiro do chá enchia a sala pelo bico do bule quente.
... ver um filme mau na televisão, pela preguiça extrema de procurar uma coisinha melhor, só para senti-lo a adormecer no meu ombro, numa entrega que me fez lembrar as marés ou as aves migratórias. Têm os seus ritmos. Mas voltam sempre.
Acabei de ler este post inundada por uma sensação de ternura enorme.
ResponderEliminar:)
Anna^, foi com essa sensação que o escrevi :)
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