Mas foi o melhor que fiz, ir sozinha. Não me incomoda nada passear ou ir ao cinema sem companhia. Possivelmente se tivesse vindo com alguém, fosse quem fosse, não podia ter visto de novo todas as barraquinhas de artesanato, dos malões e chinelos em pele às pashemiras e tapetes de todas as cores, das pedras com nomes sonhadores expostas em caixas de madeira aos saquinhos de chá e mezinhas para curar todos os males.
Não podia ter ficado sentada num degrau de pedra à entrada do castelo, a ouvir hipnotizada uma voz que me levou realmente para outro tempo, alheada de todas as pessoas que passavam sem prestar atenção ao momento maravilhoso que estava a ser ali oferecido.
Não tería ficado empoleirada nas ameias do castelo, tempo sem tempo, a ouvir o som dos tambores lá em baixo na praça, e a apreciar as proezas dos tipos do Jump Street.
E possivelmente não tinha descoberto a tenda do chá, escondida numa ruela que nos escapou ontem, nem tinha por ali ficado a escrever e a beber chá verde, enquanto ouvia à minha volta vozes espanholas, portuguesas e francesas, de algumas das pessoas que tornaram possível esta viagem ao passado que me ficará na memória.
E quando me levantei para pagar, o senhor espanhol perguntou-me de onde nos conhecíamos, confirmei que sim, que tínhamos falado um pouco numa outra Feira, e para onde ía ele a seguir, e como estava a correr o negócio, e "já agora levo uma caixa do chá verde que estive a beber", e despedi-me com um sorriso rasgado, por alguém que corre a Europa como um saltimbanco e vê centenas de pessoas diferentes por onde passa, se lembrar de mim após uma breve conversa há 4 anos atrás.
As fotografias estão lindas!!! :D
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