As primeiras cerejas do ano.
"Passou tudo tão depressa / nunca te falei de mim / o que digo não importa / o que sinto talvez sim."
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Começar de novo
- Queria marcar uma consulta com a Dra. M. É a 1ª consulta. Mas ela já nos conhece dos HUC.
- Quer vir cá amanhã?(Bem-vindos ao maravilhoso mundo das clínicas privadas...)
"As coisas boas acontecem a quem aprende a esperar".
Estou nervosa. Sinto-me sozinha. Parece-me que, dos ratos ao capitão, já todos abandonaram o barco. Estou a remar sozinha, ondas de três metros de altura e ventos fortes. Não duvido nem por um minuto do que quero, mas custa mais querê-lo sozinha. Não partilhar, evitar o assunto como se fosse um incómodo. Não mencionar, pode ser que assim não magoe ninguém. Não sentir alegria nem entusiasmo. Muito menos apoio. É fácil encontrar uma desculpa, compreender o difícil que é fazer tudo de novo, perdoar a dor que não é minha, mas da qual não posso ser culpada nem bode expiatório. Só me resta esperar, uma vez mais.
Estes ficam todos guardados. Já aprendi que as melhores coisas me acontecem quando não falo delas, quando só as anuncio no final, já concretizadas, já certezas garantidas.
Cada passo fica registado no seu dia e hora, rascunhos religiosamente escondidos, que só vão ocupar o seu devido lugar na sucessão dos dias quando eu tiver a certeza. Não serão dois traços cor-de-rosa, o mais certo é ser a palavra de uma médica atenta. Durante 5 anos idealizei a forma como me iría sentir nesse dia, como sería a minha cara, a expressão dele... neste momento só encolho os ombros. E sei que estou determinada a ir até ao fim.
domingo, 30 de maio de 2010
sábado, 29 de maio de 2010
O ciclo
A essência
A terra da avó é uma fonte inesgotável. De cores. De sons. De natureza esquecida atrás do sol posto. De silêncios calmos. (Acho que) não aguentava passar lá um fim de semana inteiro. Mas não me lembro de nada mais retemperador do que as horas passadas sentada no muro baixo caiado de branco, a ouvir o nada.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Fazer as pazes*
Forço-me o exercício de escrever sem filtros, para ver se ainda sou capaz, se as palavras não são esquecidas quando não são usadas, ou se não desistem de mim e emigram, ofendidas por serem relegadas para segundo plano, "olha-me esta, estamos aqui à disposição, sempre prontas, e ela prefere músicas, mas porquê?, aquilo não explica nada", vão procurar alguém que lhes dê valor, porque não lhes consigo explicar bem esta fixação na música; pior ainda, é mesmo na música, no ritmo, no tom e não nas letras, é raríssimo escolher uma música pela letra, são os sons que me fascinam, o que me fazem sentir quando ouço. E as palavras podem revoltar-se e dizer que "agora quem não te quer somos nós, não és tão amiguinha das tuas músicas?, então vai lá ter com elas agora, vá".
Quero fazer as pazes com as palavras que me têm faltado, ou então sou eu que não tenho paciência para elas, para escolhê-las, pôr de lado aquelas que decidi não usar, nunca se deve dizer nunca, mas tenho conseguido manter a minha palavra, não prometi a ninguém, só a mim mesma, por respeito, por carinho, por profundo amor e vontade primária de proteger. Mas por causa disso acho que já as usei todas, vou repetir-me, tal como os meus dias, são iguais, quer dizer, não são, eu é os vejo sempre iguais, o que é mau sinal, significa que não estou a olhar à minha volta, não tenho procurado a beleza, mas ela está lá, como sempre, na barriga redonda da minha cunhada (vou-me rir tanto se forem mesmo gémeos...); nos hamburguers feitos pelo senhor do talho da esquina, e grelhados com muitas ervas aromáticas e sumo de limão; na cara redonda e rosada do D.; nos raios de luz que passam na persiana da sala e pintam o chão com pontos dourados (só reparei esta manhã, como é possível?, tenho de fotografá-los... mas para isso tenho de acordar cedo...); nos vasos de amores-perfeitos que a minha florista de estimação tem à porta da loja; no padrão estudado dos quadrados de lã macia que já se parecem com uma manta (e vou aprender a fazer flores de crochet para a enfeitar mais ainda); no único momento de descontracção que tivémos a sós esta semana, entre caracóis e cerveja num fim de tarde sem pressas, em que lhe perguntei se gostava da vida que tinha; até nos disparates que digo e me fazem perceber que já não tenho assim tanto medo de cair no ridículo ("olha, pus dez euros de gasolina e o contador a 0, e já vai com 380 km... mas eu não faço 380 km numa semana...").
Acho que já fiz as pazes comigo mesma.
* Ou Momentos esquecidos
Quero fazer as pazes com as palavras que me têm faltado, ou então sou eu que não tenho paciência para elas, para escolhê-las, pôr de lado aquelas que decidi não usar, nunca se deve dizer nunca, mas tenho conseguido manter a minha palavra, não prometi a ninguém, só a mim mesma, por respeito, por carinho, por profundo amor e vontade primária de proteger. Mas por causa disso acho que já as usei todas, vou repetir-me, tal como os meus dias, são iguais, quer dizer, não são, eu é os vejo sempre iguais, o que é mau sinal, significa que não estou a olhar à minha volta, não tenho procurado a beleza, mas ela está lá, como sempre, na barriga redonda da minha cunhada (vou-me rir tanto se forem mesmo gémeos...); nos hamburguers feitos pelo senhor do talho da esquina, e grelhados com muitas ervas aromáticas e sumo de limão; na cara redonda e rosada do D.; nos raios de luz que passam na persiana da sala e pintam o chão com pontos dourados (só reparei esta manhã, como é possível?, tenho de fotografá-los... mas para isso tenho de acordar cedo...); nos vasos de amores-perfeitos que a minha florista de estimação tem à porta da loja; no padrão estudado dos quadrados de lã macia que já se parecem com uma manta (e vou aprender a fazer flores de crochet para a enfeitar mais ainda); no único momento de descontracção que tivémos a sós esta semana, entre caracóis e cerveja num fim de tarde sem pressas, em que lhe perguntei se gostava da vida que tinha; até nos disparates que digo e me fazem perceber que já não tenho assim tanto medo de cair no ridículo ("olha, pus dez euros de gasolina e o contador a 0, e já vai com 380 km... mas eu não faço 380 km numa semana...").
Acho que já fiz as pazes comigo mesma.
* Ou Momentos esquecidos
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Ouvir e sentir (CXX)
Porque hoje, entre dois pratos de caracóis e imperiais, tomámos uma decisão de vida. Para a vida.
Trevor Rabin
"Harry & Grace Make Peace"
(Armageddon OST)
Trevor Rabin
"Harry & Grace Make Peace"
(Armageddon OST)
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Shame on me*
Anos e anos de convivência dão nisto, aos poucos vou assimilando o sarcasmo, as respostas que baralham o Tico e o Teco e saem pela boca antes de passarem pelo Centro de Controlo da Asneira, as ideias que são tão contra-corrente e tão irrealizáveis (ou tão parvas), que mais ninguém sequer ousa pensá-las, quanto mais dizê-las em voz alta.
Só assim explico que em resposta a esta pergunta a primeira frase que me veio à cabeça foi "Bate na professora... é sucesso garantido."(ele vai ficar tão orgulhoso de mim...)
* Ou O meu cérebro parou...
segunda-feira, 24 de maio de 2010
domingo, 23 de maio de 2010
Momento (CXIII)
Hoje voltei ao alpendre onde continuamos a ser felizes. E não é preciso muito. Pão e queijo, chouriços na telha, cervejas e vinho. Porque acima de tudo, o que faz um bom ambiente são as pessoas. E são as mesmas, há anos. As conversas mudaram um pouco, já (quase) não se fala de motas e pesca, fala-se de jipes e caiaques, de gracinhas de bebés e do milagroso Aero-OM (o B. diz que não sabe o que é a vida sem o líquido cor-de-rosa que espeta na chupeta da filha na hora de a adormecer. O certo é que a pequena nunca teve uma cólica).
O que não existia, no início, eram as três princesas que agora enchem o pátio de sons, de cor, de corridas, de chorinhos de birra de sono, de mimos. A I. com quase seis anos, a S. com dois, a M. com 5 meses. A próxima geração, as filhas dos amigos, as sobrinhas emprestadas que nos recebem de braços abertos e um sorriso alegre.
A vida mudou. Nós nem tanto. Só ficámos adultos.
O que não existia, no início, eram as três princesas que agora enchem o pátio de sons, de cor, de corridas, de chorinhos de birra de sono, de mimos. A I. com quase seis anos, a S. com dois, a M. com 5 meses. A próxima geração, as filhas dos amigos, as sobrinhas emprestadas que nos recebem de braços abertos e um sorriso alegre.
A vida mudou. Nós nem tanto. Só ficámos adultos.
Boa ideia
A net é um poço sem fundo de informação (também de desinformação, mas adiante) e ideias que nem me passavam pela cabeça, mas que são tão simples e fazem todo o sentido.
Nas minhas últimas divagações descobri esta foto (gostava muito de me lembrar de onde a tirei, mas desisto...) e fez-se luz. Em vez de passar 5 minutos do dia a desembaraçar brincos enleados ao monte dentro de um guarda-jóias... basta pendurá-los num vaso!!! Tão básico!
Ok , não tenho nenhum vaso. Mas tenho caixinhas bonitas.
Nas minhas últimas divagações descobri esta foto (gostava muito de me lembrar de onde a tirei, mas desisto...) e fez-se luz. Em vez de passar 5 minutos do dia a desembaraçar brincos enleados ao monte dentro de um guarda-jóias... basta pendurá-los num vaso!!! Tão básico!
Ok , não tenho nenhum vaso. Mas tenho caixinhas bonitas.
Momento (CXII)
sábado, 22 de maio de 2010
Cansar o corpo...
... esvaziar a mente.
Lembrei-me de ele me contar que, quando era puto e a avó ía lá para casa fazer as limpezas de Verão, tinha de esconder umas calças e uma t-shirt para poder vestir, porque ela esvaziava os armários e punha TUDO a lavar.
Hoje, ao som de Dulce Pontes, não cheguei a esse ponto. Mas estive lá perto.
Andrea Bocelli & Dulce Pontes
"O Mare e Tu"
(e estou aqui a decidir se ainda vou lavar as janelas, ou se faço a vontade aos meus músculos que estão a gritar JÁ CHEGA, PÁRA QUIETA, SUA TRESLOUCADA!!, e vou ver o Crazy Heart).
Lembrei-me de ele me contar que, quando era puto e a avó ía lá para casa fazer as limpezas de Verão, tinha de esconder umas calças e uma t-shirt para poder vestir, porque ela esvaziava os armários e punha TUDO a lavar.
Hoje, ao som de Dulce Pontes, não cheguei a esse ponto. Mas estive lá perto.
Andrea Bocelli & Dulce Pontes
"O Mare e Tu"
(e estou aqui a decidir se ainda vou lavar as janelas, ou se faço a vontade aos meus músculos que estão a gritar JÁ CHEGA, PÁRA QUIETA, SUA TRESLOUCADA!!, e vou ver o Crazy Heart).
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Soou-me a poesia...
"Nós somos o sonho da terra, ela sonha connosco. Também nas estrelas há seres sonhados que têm as suas próprias maravilhas. Nós somos sonhos dentro de outros sonhos. (...)
Saudamos a Santa Terra, nossa mãe, a quem cantamos na língua das araucárias e da canela, das cerejas e dos condores."
In: Inés da minha alma
Saudamos a Santa Terra, nossa mãe, a quem cantamos na língua das araucárias e da canela, das cerejas e dos condores."
In: Inés da minha alma
Desabafar
“Há dias alegres e dias tristes.
Cada um é dono do seu silêncio.”
In: Inés da minha alma
Tenho sono. Muito sono. Apetece-me chorar todos os dias. Não é todo-o-dia. Mas é todos os dias. Um breve momento em frente ao ecrã do computador. Em que a mente fica vazia e o olhar não vê os números. Em que a garganta começa a doer num nó apertado. E os olhos ardem com o esforço de se manterem secos.
Custam-me as noites de sobressalto, a aflição de ouvir a tosse seca e cansativa, a raiva de me sentir impotente, a revolta ainda maior pelo "deixa andar" que levou a este ponto. Já vi este filme. Não quero o mesmo final.
Quero dormir. Uma noite inteira. Já não sei o que isso é há um mês. Todos os dias, o meu primeiro pensamento quando me levanto é "logo à tarde, quando chegar a casa, vou dormir no sofá". Todos os dias chego a casa e faço tudo. Menos isso.
Logo à tarde, quando chegar a casa, vou dormir a sesta.
Cada um é dono do seu silêncio.”
In: Inés da minha alma
Tenho sono. Muito sono. Apetece-me chorar todos os dias. Não é todo-o-dia. Mas é todos os dias. Um breve momento em frente ao ecrã do computador. Em que a mente fica vazia e o olhar não vê os números. Em que a garganta começa a doer num nó apertado. E os olhos ardem com o esforço de se manterem secos.
Custam-me as noites de sobressalto, a aflição de ouvir a tosse seca e cansativa, a raiva de me sentir impotente, a revolta ainda maior pelo "deixa andar" que levou a este ponto. Já vi este filme. Não quero o mesmo final.
Quero dormir. Uma noite inteira. Já não sei o que isso é há um mês. Todos os dias, o meu primeiro pensamento quando me levanto é "logo à tarde, quando chegar a casa, vou dormir no sofá". Todos os dias chego a casa e faço tudo. Menos isso.
Logo à tarde, quando chegar a casa, vou dormir a sesta.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Se calhar a minha vontade não é assim tanta...
No fim-de-semana comentei com ele que, assim que acabasse a manta da minha afilhada, ía (começar a pensar em) increver-me em aulas de ioga, ou procurar um sitio para aprender dança do ventre, qualquer coisa para me manter entretida (é claro que ouvi logo um "mas queres manter-te entretida, podes mudar o retentor do jipe!!").
Mas acabei de ler isto, e tenho de admitir que faz todo o sentido...
Visto (e adorado) aqui.
Mas acabei de ler isto, e tenho de admitir que faz todo o sentido...
Visto (e adorado) aqui.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Ouvir e sentir (CXVII)
Hei-de gastá-las todas. Uma a uma.
Como gastei as palavras.
Damien Rice
"9 Crimes"
Como gastei as palavras.
Damien Rice
"9 Crimes"
Dar
É bom receber um presente. Principalmente num dia normal. Em que não se comemora nada. Em que não há razões para comemorar.
É bom sentir que alguém se lembrou de nós. Que alguém nos conhece o suficiente para saber que vamos gostar. Que se deu ao trabalho de procurar e encomendar, espreitar a caixa do correio à espera que chegasse, antecipar o sorriso que vamos fazer quando virmos.
É bom saber que alguém nos ama, mesmo nos dias em que não gostamos de nós próprios.
(Eu só sei que fiquei toda contente quando abri a caixa e vi a última edição da Happy. Os senhores do Wook são uns queridos).
É bom sentir que alguém se lembrou de nós. Que alguém nos conhece o suficiente para saber que vamos gostar. Que se deu ao trabalho de procurar e encomendar, espreitar a caixa do correio à espera que chegasse, antecipar o sorriso que vamos fazer quando virmos.
É bom saber que alguém nos ama, mesmo nos dias em que não gostamos de nós próprios.
(Eu só sei que fiquei toda contente quando abri a caixa e vi a última edição da Happy. Os senhores do Wook são uns queridos).
terça-feira, 18 de maio de 2010
Privilégios
Almoçar numa esplanada sobre o mar, na Praia da Boa Nova.
Ouvir as ondas a rebentar contra as rochas, e ficar a ver os mantos de espuma a desfazerem-se no ar.
Acabar de ler o Inés da Minha Alma no comboio.
Não pôr um pé no escritório.
Ouvir as ondas a rebentar contra as rochas, e ficar a ver os mantos de espuma a desfazerem-se no ar.
Acabar de ler o Inés da Minha Alma no comboio.
Não pôr um pé no escritório.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
"E poderia ser assim doce, mas não só de sonhos nem de imaginações vive o homem, até a sua morte doce, doce pai de família, doce pescador, doce esposo, tão doce que o enterrariam num dia doce e alegre na tumba mais doce do cemitério de Rijalbo, pertinho do mar, para nunca ter sede.
Assim doce poderia ser, se em coisas assim doces se pudesse acreditar."
In: A ilha de Campiro
Assim doce poderia ser, se em coisas assim doces se pudesse acreditar."
In: A ilha de Campiro
Encarar
O envelope da clínica está ali em cima da mesa da cozinha, fechado, com um selo de correio azul. Quer dizer que foi ele que o trouxe da caixa do correio, talvez à hora do almoço. E não o abriu. Peguei nele, virei-o e revirei-o, à espera sei lá do quê. Depois pousei-o de novo. Não vou abri-lo. Vou esperar por ele. Juntos vamos enfrentar o resultado da última análise. Ou está melhor ou não está. Tão simples como isto. Chega de incertezas. De guardar uma réstia de esperança num canto do coração que já não vê sol há demasiado tempo, porque as nuvens do que tememos encarar de frente não deixam. Chega de adiar o nosso futuro. E não viver plenamente o nosso presente. Mesmo que doa. Muito.
"Os problemas sem solução deixam de ser problemas.
Estão resolvidos por natureza."
In: Certo dia, o diabo entrou numa agência de publicidade e saiu com truques novos.
"Os problemas sem solução deixam de ser problemas.
Estão resolvidos por natureza."
In: Certo dia, o diabo entrou numa agência de publicidade e saiu com truques novos.
domingo, 16 de maio de 2010
Momentos (CXI)
Acordar cedo (para um domingo...), e sentir o sol quente da manhã.
Ter vontade de cozinhar um almoço saudável, com muitos legumes.
Rir à mesa com as nossas conversas sem tino (há algum tempo que não ríamos assim, há algum tempo que não o via a repetir o prato, com satisfação... deixou-me a sorrir).
Folhear alguns livros antigos que trouxe de casa da mãe.
Passar a tarde na esplanada a apanhar sol, minis à frente e os amigos de sempre, aqueles que podemos estar sem ver durante dois meses, porque quando nos encontramos a conversa continua igual, a empatia continua lá, enquanto vemos as princesas a brincar ali perto (a fazer asneiras ali perto, assim é que é...). Estão crescidas, cada vez mais lindas e autónomas (mas a S. lá vinha de braços abertos para que eu a subisse para cima do muro da montra da florista, e a segurasse quando o muro acabava e os pés rechonchudos pisavam o vazio).
Fazer o jantar (duas refeições no mesmo dia, é a loucura!!) ao som de Yann Tiersen (música que me enche os sentidos).
Deixar-me convencer pela C. a ver o Achas Achas que sabes dançar?, depois de muito torcer o nariz por achar que ía ficar desiludida (não é fácil superar o que já vi). Mas depois de ver o solo de Márcio , mudei de ideias.
(- Mas eles estão a chorar porquê?
- Porque a beleza comove...)
Ter vontade de cozinhar um almoço saudável, com muitos legumes.
Rir à mesa com as nossas conversas sem tino (há algum tempo que não ríamos assim, há algum tempo que não o via a repetir o prato, com satisfação... deixou-me a sorrir).
Folhear alguns livros antigos que trouxe de casa da mãe.
Passar a tarde na esplanada a apanhar sol, minis à frente e os amigos de sempre, aqueles que podemos estar sem ver durante dois meses, porque quando nos encontramos a conversa continua igual, a empatia continua lá, enquanto vemos as princesas a brincar ali perto (a fazer asneiras ali perto, assim é que é...). Estão crescidas, cada vez mais lindas e autónomas (mas a S. lá vinha de braços abertos para que eu a subisse para cima do muro da montra da florista, e a segurasse quando o muro acabava e os pés rechonchudos pisavam o vazio).
Fazer o jantar (duas refeições no mesmo dia, é a loucura!!) ao som de Yann Tiersen (música que me enche os sentidos).
Deixar-me convencer pela C. a ver o Achas Achas que sabes dançar?, depois de muito torcer o nariz por achar que ía ficar desiludida (não é fácil superar o que já vi). Mas depois de ver o solo de Márcio , mudei de ideias.
(- Mas eles estão a chorar porquê?
- Porque a beleza comove...)
Conversas ao almoço (IV)
- Acho que vou começar a tomar um suplemento vitamínico...
- Queres que vá à farmácia comprar?
- Não, quero que vás à farmácia dizer que andas com uma tosse cavernosa há quase dois meses, e que quando dormes a tua respiração faz um silvo que assusta a tua mulher !!
- Ela diz logo que a solução é a minha mulher ir dormir para outro quarto...
- Estas velas prateadas são uma treta, depois de as apagar não consigo voltar a acendê-las, o pavio é muito curto.
(ele lança-me aquele olhar de comiseração... pega numa faca e começa a cortar à volta do pavio... óbvio...)
- Assim também eu!!
- Mas não fizeste, pois não? Tu esqueceste de quem eu descendo, nós é que íamos à caça, enquanto vocês ficavam sossegadas nas cavernas...
(Vale a pena responder a isto?...)
- Queres que vá à farmácia comprar?
- Não, quero que vás à farmácia dizer que andas com uma tosse cavernosa há quase dois meses, e que quando dormes a tua respiração faz um silvo que assusta a tua mulher !!
- Ela diz logo que a solução é a minha mulher ir dormir para outro quarto...
- Estas velas prateadas são uma treta, depois de as apagar não consigo voltar a acendê-las, o pavio é muito curto.
(ele lança-me aquele olhar de comiseração... pega numa faca e começa a cortar à volta do pavio... óbvio...)
- Assim também eu!!
- Mas não fizeste, pois não? Tu esqueceste de quem eu descendo, nós é que íamos à caça, enquanto vocês ficavam sossegadas nas cavernas...
(Vale a pena responder a isto?...)
Está quase...
Já só falta os acabamentos (tempo estimado: 1 dia), ordenar os quadrados num padrão harmonioso (tempo estimado: 3 dias) e coser tudo (tempo estimado: 3 meses).
sábado, 15 de maio de 2010
Valeu a pena (IV)...
... ir a Lisboa só para ouvir a mãe a dizer que sim, que decidiu mudar-se para cá, para perto dos filhos, quer uma casa num primeiro andar, não precisa de ser muito grande, um quarto para ela com uma mobília branca e de linhas rectas, um quarto para os netos poderem lá dormir, uma sala acolhedora, não precisa de sala de jantar, porque as jantaradas e petiscos serão feitos em casa de um de nós (e ouro sobre azul foi saber que vai vender as mobílias do século XVII - aleluia!!!! é um pesadelo limpar o pó àqueles berloques todos!).
... aceitar o desafio para um café, conhecer a cara por trás das palavras, num ambiente que prima pela beleza (é pena o serviço não estar ao mesmo nível).
... comer um destes (sempre são melhores do que os últimos que provei) entre conversa fluída que saiu naturalmente, sem esforço, pela simpatia de outra vivência, com pontos em comum e outros tantos diferentes.
...subir ao terraço do Hotel do Chiado para a surpresa de um encontro inesperado, mesmo com as palavras contidas por não ser a altura certa. E a vista da cidade em todo o seu esplendor, a luz e o rio que são inspiração de poetas e músicos e fotógrafos, e com razão, com toda a razão.
... passar pela animação em frente à Brasileira e observar as pessoas nas ruas, tantas culturas misturadas, tanta agitação. Sentar num banco do Largo de Camões e conversar, observar o lenço e o casaco da senhora de cabelo vermelho a rodopiarem no ar levados pelo sopro de uma brisa mais forte, partilhar experiências e gostos.
... esperar por ele para irmos juntos ver a exposição do World Press Photo 2010, no Museu da Electricidade, mesmo desviando o olhar a algumas das imagens, pela violência extrema, pelo sangue, pela morte que não sei como alguém tem coragem de registar para a posteridade, como um troféu.
... seguir a sugestão da B. e jantar sushi n'Os Meninos do Rio, ficámos fãs (apesar de ele ter começado por torcer o nariz ao facto de ser um brasileiro "com uma fita na cabeça" atrás do balcão, acabou por se render à qualidade dos pratos... bom, muito bom).
... regressar a casa, fazer chá verde com folhas frescas de hortelã, preparar um tabuleiro com duas chávenas e um pacotinho de bolachas, e ver o sorriso contido e sentido quando lhe estendi o relógio de bolso do meu pai "toma, a minha mãe quer que fiques com ele", enquanto o cheiro do chá enchia a sala pelo bico do bule quente.
... ver um filme mau na televisão, pela preguiça extrema de procurar uma coisinha melhor, só para senti-lo a adormecer no meu ombro, numa entrega que me fez lembrar as marés ou as aves migratórias. Têm os seus ritmos. Mas voltam sempre.
... aceitar o desafio para um café, conhecer a cara por trás das palavras, num ambiente que prima pela beleza (é pena o serviço não estar ao mesmo nível).
... comer um destes (sempre são melhores do que os últimos que provei) entre conversa fluída que saiu naturalmente, sem esforço, pela simpatia de outra vivência, com pontos em comum e outros tantos diferentes.
...subir ao terraço do Hotel do Chiado para a surpresa de um encontro inesperado, mesmo com as palavras contidas por não ser a altura certa. E a vista da cidade em todo o seu esplendor, a luz e o rio que são inspiração de poetas e músicos e fotógrafos, e com razão, com toda a razão.
... passar pela animação em frente à Brasileira e observar as pessoas nas ruas, tantas culturas misturadas, tanta agitação. Sentar num banco do Largo de Camões e conversar, observar o lenço e o casaco da senhora de cabelo vermelho a rodopiarem no ar levados pelo sopro de uma brisa mais forte, partilhar experiências e gostos.
... esperar por ele para irmos juntos ver a exposição do World Press Photo 2010, no Museu da Electricidade, mesmo desviando o olhar a algumas das imagens, pela violência extrema, pelo sangue, pela morte que não sei como alguém tem coragem de registar para a posteridade, como um troféu.
... seguir a sugestão da B. e jantar sushi n'Os Meninos do Rio, ficámos fãs (apesar de ele ter começado por torcer o nariz ao facto de ser um brasileiro "com uma fita na cabeça" atrás do balcão, acabou por se render à qualidade dos pratos... bom, muito bom).
... regressar a casa, fazer chá verde com folhas frescas de hortelã, preparar um tabuleiro com duas chávenas e um pacotinho de bolachas, e ver o sorriso contido e sentido quando lhe estendi o relógio de bolso do meu pai "toma, a minha mãe quer que fiques com ele", enquanto o cheiro do chá enchia a sala pelo bico do bule quente.
... ver um filme mau na televisão, pela preguiça extrema de procurar uma coisinha melhor, só para senti-lo a adormecer no meu ombro, numa entrega que me fez lembrar as marés ou as aves migratórias. Têm os seus ritmos. Mas voltam sempre.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
So sweet
Numa sexta-feira que se arrasta penosamente pelos caminhos do tédio e das horas que não passam, a minha capacidade de ficar maravilhada e absorvida com a beleza e a criatividade (dos outros) não tem limites.
Seja de colares que contam histórias...
... da explosão de cores numa imagem cénica muito ao estilo de Amelie...
... ou de fotografias de cortar a respiração, que são uma inspiração para os dias que virão...
Seja de colares que contam histórias...
... da explosão de cores numa imagem cénica muito ao estilo de Amelie...
... ou de fotografias de cortar a respiração, que são uma inspiração para os dias que virão...
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