quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Vocação

Enquanto vou vendo pela janela do comboio os campos cultivados, lembro-me da conversa com a MCG, em que ela dizia que se calhar éramos mais felizes se tivéssemos um trabalho que não exigisse que pensássemos. Um trabalho de braços, de força, mas que não nos obrigasse a resolver problemas, a apagar fogos a toda a hora, a desdobrarmo-nos em 5 tarefas ao mesmo tempo, a atender 3 telefonemas no espaço de meia-hora desde que saí do escritório (eu não emigrei, vou só a uma mísera reunião e à tarde já aí estou!).
Eu sei que isto está mau, eu sei que é um luxo ter um emprego fixo e o ordenado a cair na conta no dia certo, mas... não é isto que eu gosto de fazer, não é isto que eu quero fazer para o resto da vida, isto não me estimula nem me faz feliz.
Problema: eu não sei o que me faría feliz, não sei que trabalho me deixaría apaixonada e com vontade de me levantar cedo e com um sorriso, todos os dias.
Há um tempo atrás vi um programa em que a apresentadora tinha a extenuante tarefa de visitar Spa's espalhados pelo mundo, verbalizar as sensações sentidas durante os tratamentos e massagens, e tecer comentários sobre as ementas dos chefs. E eu acabei de ver o programa com a certeza inabalável que aquilo era o emprego certo para mim.
Enquanto não sou contratada por nenhuma estação de televisão, continuo com uma grave crise de vocação. E pergunto aos meus botões se tería jeito para plantar couves e cenouras.

9 comentários:

  1. Eu também tenho muitas dúvidas.Gosto de imensas coisas, e umas completamente diferentes de outras...Ontem fui ao astrólogo que fez o meu mapa astral e disse aquilo que eu já sei (ser profe), mas mesmo assim...sinto-me tão mas tão atraída pela ideia da pousada no Brasil...(podería, talvez, corresponder às tuas couves e cenouras???)

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  2. Pipas, eu também me sentiría atraída pela ideia de uma pousada no Brasil ;))

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  3. Eu tb já "invejei" a rapariga que visita os spa's do mundo, mas coloco-te uma pergunta: "E estarias disposta a não ver o teu marido durante séculos?"

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  4. free, não será durante séculos, ela deve vir a casa de vez em quando ;))
    Qualquer mudança que afecte a nossa vida (como um emprego) implica cedências e ajustes, e claro que iría ponderar até onde estaría disposta a abdicar de uma vida "normal".
    Mas que era tentador... isso era... ;))

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  5. Ai, que eu penso nisso várias vezes por dia...
    Sem chegar a conclusão nenhuma, infelizmente. Quer dizer, sem chegar a conclusão q não implique recomeçar do zero e virar a minha vida de cabeça para baixo. Se calhar valia a pena, mas a preguiça impede-me de mais do que arranjar placebos nos tempos livres.
    Beijinhos
    PS: adoro o 'flutuo'!

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  6. Safira, mas acho que tu sabes o que te faria feliz, não é verdade?
    Eu ainda não encontrei a minha vocação, é o que é.

    Mas olha que se calhar valia a pena...
    Um beijo

    P.S. - Também eu, foi das músicas que me fez vibrar ontem à noite (e o "Mais olhos que barriga" cantado só pelo público, em uníssono e em murmúrio, lindo!)

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  7. Na verdade o que faço é por vocação e gosto (e até já houve momentos em que posso dizer que foi por paixão). Mas há muitos dias, semanas, meses (socorro!) que me sinto profundamente cansada e desmotivada.
    Quando quem tem poder de decisão é um narcisista em último grau e usa a crise para governar em clima de terror (qual Robespierre); quando muitos dos parceiros apenas pensam em si e nos seus caprichos imediatos (ignorando o facto de que o desaire será colectivo); quando nosso trabalho se destina a pessoas que se estão nas tintas para o nosso empenho, que esperam que tudo lhes seja dado de bandeja, que apenas reclamam direitos e ignoram os deveres; então, há vocação que resista!!
    É nestas alturas que digo que gostava de ter um trabalho em que não tivesse de pensar. Aliás, gostava mesmo é de pensar menos. Por vezes pergunto-me: se fosse pouco dotada intelectualmente não seria mais feliz??

    P.S. Desculpa ter tomado a tua almofada de assalto...

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  8. querida mcg, podes tomar a almofada quando quiseres :)), aliás, foi por me ter lembrado da nossa conversa que escrevi isto :)
    Deixa lá o resto, pelo menos sabes que não morres de alzheimer ;))
    Um abraço enorme

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  9. Que lençol... (desculpa lá!)
    De Alzheimer talvez não, mas tolinha já não digo nada :)

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