quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Acumular

Devia gritar, dizer umas car%#%#$%$& quando me sinto a explodir, mas não, acumulo tudo, e agora ando a sentir os efeitos disso, dores de estômago misturadas com as outras dores que eu nem me lembrava que existiam quando tomava a pílula (agora quase me rio a pensar que andei 10 anos a tomar a pílula, 10 anos da puta da minha vida, para quê?).
O meu corpo dá sinal quando tenho de abrandar, esta semana tem sido de loucos, no trabalho, nas tarefas miudinhas que me ocupam duas horas antes de voltar para casa à tarde, parece que não fiz nada, fui só buscar os óculos (e pagar), pôr duas calças a arranjar bainhas, comprar um presente para o G., então porque é que demorei tanto tempo?, e tem sido assim a semana toda, coisas pequeninas que se acumulam no meu estômago.
E hoje a pergunta já tantas vezes ouvida "e tu, quando é que pensas em ter um filho?". Eu já estou habituada, já sei mecanicamente o que responder, evasiva e subtil como sei ser quando quero, mas hoje o meu corpo reagiu antes do meu cérebro, as lágrimas saltaram dos olhos num segundo, e o esforço de pestanejar para as impedir de rolarem pela cara abaixo foi maior do que é normal. A resposta saiu, não tão segura como habitual, mas o suficiente para evitar mais perguntas, o suficiente para mostrar que não é um assunto a ser tocado de novo. E para me mostrar que não me esqueço, que por mais preocupações que tenha (e o meu pai tem sido a maior de todas nos últimos tempos) isto ainda não está resolvido, e continua a ser um espinho cravado na pele, que incomoda apesar de ser suportável, mas que magoa profundamente quando lhe tocam.

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