quinta-feira, 17 de julho de 2008

Sorte

Hoje em conversa com um cliente, fiquei a saber que demora uma hora e meia a chegar ao emprego. Três horas diárias passadas a conduzir, um desgaste físico e psicológico que transpareceu na forma como o disse, para além de que, em caso de emergência (como já lhe aconteceu) ter de pedir a familiares que acudissem a situação, porque ele não conseguia chegar a tempo.
Deixou-me a pensar na sorte que tenho. Eu demoro 5 minutos da casa ao escritório (vá, 7 se apanhar algum camião pelo caminho). É claro que em Lisboa ganhava o triplo (mas também pagava o triplo por uma casa).
Em Abril deste ano (no dia das mentiras, ao qual eu não ligo nenhuma), a A. disse-me com o ar mais sério deste mundo que estavam a pensar transferir-me para o escritório de Lisboa, e que eu tinha de aceitar desde que me pagassem todas as despesas de deslocação. O meu primeiro pensamento foi "se me fizerem isso despeço-me logo." Não o disse, mas os meus olhos devem ter falado por mim, porque imediatamente a A. descansou-me, que era brincadeira, com uma cara de "tu tem lá calma contigo". Mas caso não fosse brincadeira, não tenho dúvidas qual sería a minha decisão.
Feitas as contas, aquilo que (hipoteticamente) ía ganhar a mais não compensa a qualidade de vida que tenho aqui. E já não me imagino a viver de outra forma.

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