domingo, 6 de julho de 2008

Alívio

Não sei bem se é isto que eu sinto, mas não andará muito longe. Deixei-me envenenar antes de ver com os meus próprios olhos. O pai já foi ao médico, mas tal como eu e os putos, continua a proteger a mãe das verdades. Basicamente tem o fígado todo lixado.
Uma solução será um transplante, mas ele não está muito convencido, enquanto esteve no hospital viu 4 pessoas morrerem depois de se terem submetido ao mesmo. A outra é a medicação, tomada religiosamente. Para já prevalece a segunda, não lhe vai acrescentar anos de vida, mas permite-lhe manter uma vida normal. Não está tão magro como me anunciaram de uma forma tão dramática, explicou-me o porquê, os nervos que sentiu, a perda de apetite, até finalmente se convencer que não era o fim, é concerteza uma má notícia, mas não completamente inesperada, nada que ele não estivesse já à espera.
Contei-lhe a minha verdade depois de me ter aconselhado com o puto mais velho. Não contei à mãe, por conselho dos dois. Mas tive a coragem de lhe dizer que é isso que nós fazemos, passamos a vida a protegê-la para ela não se passar, e que no dia em que tivesse algum problema ela não iría saber, ou só tería conhecimento quando já estivesse tudo normalizado. Mostrou-se chocada, mas espero que fique a remoer um pouco isto, acho que nunca é tarde para mudar, e ainda tenho esperança de vê-la um dia como uma mãe forte em quem eu me possa apoiar.
Depois fui para os copos com os putos.

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