sexta-feira, 25 de abril de 2008

Eu não quero acreditar, mas...

Começo a ouvir o telemóvel a tocar dentro da mala. Os números garrafais do relógio digital dizem-me que são 5.46 da manhã. Uma onda de pânico obriga-me a levantar de repente, ir directa à mala pousada no banco da entrada, vasculhar as tralhas à procura do telemóvel que ainda não parou de tocar, ao mesmo tempo que tento controlar o tremor do corpo e a sensação de que vou cair a qualquer momento. Olho para o visor e a inquietação acalma, não é o meu pai, nem a minha mãe, nem os meus irmãos. Mas é uma amiga, e estar a ligar a esta hora não é bom sinal.
Quando a ouço chorar do outro lado compreendo que é mau, muito mau o que ela está a passar. Não perdeu um filho, mas perdeu a esperança, tiraram-lhe o chão debaixo dos pés. Abriu-se uma ferida que vai demorar muito tempo a sarar, que vai deixar uma marca, mesmo que imperceptível aos olhos dos outros.
Agora vou esperar que ela chegue, e já tenho as compressas e as pomadas prontas.

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