quarta-feira, 19 de março de 2008

Pai

Já liguei ao meu pai. Desejei-lhe um dia feliz.
Um desejo sincero, porque quero mesmo muito que ele seja feliz.
A vida nem sempre lhe tem sorrido, em algumas alturas tem sido madrasta. Noutras, mãe ausente. Também houve alturas em que foi ele que traçou o caminho, e acabou por sofrer as consequências. Mas aprendeu a lição. Aprendemos sempre com os nossos erros.
Eu continuo a ser a sua menina. Ele continua a ter ciúmes pelo facto de eu ligar mais para a mãe do que para ele. "Ligo para a mãe porque ela me faz o relatório completo. Tu dizes sempre que está tudo bem". Ele não responde, vencido mas não convencido.
Não lhe disse o quanto gosto dele. É um pai à moda antiga, o amor pelos filhos não é verbalizado. E o nosso amor por ele acaba também por ser mostrado sem ser dito.
Mas devia ter dito.
Pai, adoro-te e preocupo-me contigo. Desejo de todo o coração que encontres a paz necessária para seres feliz. Fazes-me falta, por isso vê se cuidas de ti, para poderes viver muitos anos, e levares os teus netos pela mão ao café, e comprar-lhes gelados, como fazias connosco quando éramos pequenos.
Mas isto eu não posso dizer. Ainda não.

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