A P. passou o dia connosco. Não é uma visita, está em casa. Entra e descalça-se. "Toma uns chinelos, o chão tá frio" reclamo eu, arrepiada. Sente frio e vai buscar um roupão, e veste-o sem pedir a ninguém. Porque se sente à vontade para o fazer, porque se sente em casa. E eu sinto-me feliz por ela sentir assim.
Jantar de camarões tigre e ameijoas brancas, e (muito) Alvarinho. Muitos risos, muita (des)conversa. Falar de tudo e de nada, umas vezes mais a sério, outras nem por isso:
- A voz da Mariza arrepia-me - diz-me ela, muito séria.
- A mim o que me arrepia é quando chegam as contas da água e da luz... - responde ele, só para baralhar o momento.
Uma noite inteira nisto, ele em desvantagem quando a conversa descambava para as relações entre homens e mulheres, mas sem nunca se dar por vencido. Quando lhe faltavam os argumentos, desconversava. Fazía-nos rir. E resultava sempre , porque a conversa fluía ligeira, sem preocupações.
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