Como (quase) tudo na vida, as coisas aqui no escritório não são tão más como eu as pintei, e depois da parvoeira inicial, estou a adaptar-me bem.
Passei de um escritório de animação e galhofa, com muita gente a falar ao mesmo tempo; para um ambiente mais calmo, onde prevalece a música do rádio, a tocar baixinho. E até me está a saber bem esta mudança, esta calmaria que parece estar a invadir toda a minha vida, desde os fins de semana em pantufas até a minha secretária, que está agora perfeitamente arrumada, com os papéis todos em ordem.
É certo que não tenho uma janela para o exterior, mas basta-me vir ao hall para ver a Serra D'Aire ao fundo, magnífica, pela parede envidraçada, que nós já apelidámos de Aquário (porque quem vê de fora, parece que está a ver peixes a andar de um lado para o outro).
A colega nova é porreira, tem a minha idade e é sossegadita como eu. Estamos quase sempre ao telefone ou em silêncio, mas não é um silêncio constrangedor, de quem quer dizer alguma coisa mas não sabe o quê. É um silêncio de concentração, de quem quer acabar o relatório ou a tabela a tempo, de quem precisa desse silêncio para fazer as coisas bem.
Agora estou bem.
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