segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Livros

"A partir do momento em que aprendi a ler, nunca mais me senti sozinha."
A frase não é minha (foi dita pela primeira dama Maria Cavaco Silva, em entrevista a Alice Vieira para a última edição da Activa) mas podia muito bem ser.
Leio de tudo, de sonetos de Florbela Espanca a Gabriel Garcia Marquez, de Eça de Queirós (adorei "Os Maias", anos depois de ter sido obrigada a lê-lo na escola) a Paulo Coelho, de José Eduardo Agualusa a Gao Xingjian (se bem que ainda não acabei "A Montanha da Alma", não ando com espírito).
Gosto de livros que me levem para outras realidades, que me mostrem um mundo que não é o meu, mesmo que não seja o mundo de ninguém. Também gosto de livros com sentimento, histórias de amor (não confundir com romances de cordel, para esses não há pachorra), não necessariamente de romance e com final feliz.
O livros fazem-me companhia, não só o que ando a ler, mas todos os outros que estão adormecidos nas estantes, alguns já lidos, outros à espera da sua vez de serem tocados, abertos e explorados. Depois há os preferidos, guardados religiosamente num armário com portas de vidro, para estarem mais protegidos, porque a qualquer momento são resgatados, vezes sem conta, não para voltar a lê-los do início, mas para lembrar as passagens que ficaram marcadas, porque me marcaram.
É uma sensação fantástica, pegar num livro novo, passar os dedos pela capa, abri-lo, sentir o cheiro do papel, ler o primeiro parágrafo. Logo aí percebo se vou gostar dele ou não. Se ele me conseguiu cativar imediatamente ou se vai ter de se esforçar um pouco para me manter interessada. E depois não pára quieto: do quarto para a sala, da sala para a casa de banho, do quarto para dentro da minha mala.
Quantas vezes saímos para beber café ou lanchar numa esplanada ao pé do rio, e cada um leva o seu livro. Não que não nos interesse a companhia do outro, ou que não tenhamos assunto para falar. É uma paixão que partilhamos, que vamos compartilhando à medida que avança a história. Frases trocadas que ficam na memória, que fazem pensar, que arrancam um sorriso dos lábios.

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