sábado, 24 de julho de 2010

Partilhar a felicidade

Sentámo-nos no banco mais próximo da saída da igreja, prontos para a evacuação de emergência. O V. lembra-se que giro, giro, era terem contratado uma gaja para se levantar quando o padre perguntasse se alguém tinha alguma oposição a fazer àquela união. A R. responde que melhor ainda era um puto sair largado direito ao V. a gritar PAAAAAAI!!
Assim que a noiva entrou na igreja nós saímos descaradamente para o café da praça.
Ele andou quase a arrastar a noiva, segurando na cauda do vestido como se fosse uma trela, para sermos os primeiros a tirar uma fotografia e podermos fugir do jardim a sete pés.
Passei metade do almoço dentro do carro a fazer um esforço para não desmaiar. Já há muito tempo que não tinha um ataque de quebra de glicémia tão grande.
Passei o resto do tempo a fazer um esforço para não pensar. Consegui. Mantive-me bem-disposta e conversadora. Os amigos, por quem fomos ao casamento, não se aperceberam da sombra negra que me envenena a alma. Porque merecem este cuidado.
A conversa com o V. e a R. distraiu-me. Enquanto o resto do pessoal foi à procura do jipe do noivo. Para lhe servirem as porcas das jantes numa bandeja... e dois pneus.
Ele passeava descalço na relva e dizia bacoradas com o volume no máximo para quem quisesse ouvir, enquanto as senhoras de bem à nossa volta arregalavam os olhos e só faltava fazerem o sinal da cruz (eu passo cada vergonha...) e o C. estava ligado à ficha e imparável. Eu lançava para o ar bolas de sabão (dos frascos que supostamente eram para as crianças).
O espaço era muito agradável, o serviço foi cinco estrelas, e a comida (principalmente no copo de água) foi das melhores que já experimentei neste tipo de evento (fala a experiência de quase sete anos a servir casamentos para pagar os estudos).
A C. estava igual a si própria, e notou-se que planeou este dia ao pormenor, para que fosse como sempre o tinha sonhado. O V. estava quase irreconhecível de tão sério e bem-comportado, até parecia um homenzinho.
E nós terminámos a noite a concordar que fizémos bem em aceitar este convite.

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