quarta-feira, 21 de julho de 2010

Fazer nada

E não é do verbo nadar. É mesmo NA-DA. Desde ontem, após o check-in e atravessar a estrada que nos separa da praia, a nossa vida tem sido apanhar sol, ler e comer. Não falo em nadar porque o melhor que apanhámos foi bandeira amarela, e não falo em dormir porque as minhas estranhas insónias continuam (nas pessoas normais isso significa dificuldade em adormecer, eu não, apago em minutos, depois acordo entre as 5 e as 6 da manhã e já não prego olho).


Cada um na sua toalha, eu com a Soma dos Dias, ele com uma revista de informática e a última edição da Playboy (pelos vistos é mesmo a última), foi assim que passámos a tarde de ontem, e todo o dia de hoje. Ao pôr do sol sentámo-nos numa esplanada a petiscar e a fotografar, é engraçado ver as pessoas que passam (muitos espanhóis e avecs) ou que se sentam nos bancos em frente à praia; as ameijoas à Bulhão Pato e o berbigão à espanhola têm outro sabor ao som das ondas do mar.



Às 4.40 da manhã acordo, fico muito quieta para não espantar o sono de vez, pode ser que ele volte. Não volta. Às 5 e meia também ele já despertou, não sei se pelo calor que estava no quarto se por me ter sentido inquieta. "Se não dormimos, vamos sair". Percorremos o areal deserto sob a bruma do amanhecer frio, àquela hora reinam os bandos de gaivotas nos seus voos planantes (e ele descobriu uma gaivota só com uma pata, mas com o mesmo equilíbrio e facilidade de voar que todas as outras).



Desde que voltámos ao hotel ele só acordou em duas ocasiões: para tomar o pequeno-almoço e sair para a praia; e para almoçar o famoso hamburguer com sumo de laranja. Fora isso, na toalha durante a manhã ou no pouf à sombra do guarda-sol de palha onde passámos a tarde espojados, esteve sempre a dormir, enquanto eu li o resto do livro (ía a meio) de uma assentada, boquiaberta e divertida com as histórias mirabolantes da tribo de Isabel Allende. Depois de ler sobre a família dela, nunca mais vou poder dizer que a minha é louca.
Isto é cultivar a preguiça ao mais alto nível, mas também recarregar baterias, e apesar de termos de ir embora amanhã (é por uma boa causa...) estávamos ambos a precisar (ele muito mais do que eu, mesmo que nunca o admita) destes três dias inteiros de inércia pura.

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