sexta-feira, 16 de abril de 2010

Lembrar (III)

E depois ele pôs esta música, e eu disse com um sorriso triste "foi o meu pai que me apresentou Cesária Évora". Sorriso triste só porque hoje foi um dia extenuante, escrituras, Finanças, pedido de avaliação de imóveis, fazer cálculos mentais ao valor que vamos pagar de IMI e Imposto de Selo (desconfio que Santorini já ardeu, talvez para o ano...), fora o que já pagámos (e ainda vamos pagar) pelo nosso descanso.
Quando respondi a um sms preocupado de Amesterdão é que reflecti sobre esta herança que nos foi deixada, que até agora só nos trouxe dores de estômago e ataques de nervos. Acho que cada família tem a sua "ovelha negra", ou pelo menos alguém que faz mais merda do que é normal. Eu também tenho, mas até agora a sua irresponsabilidade não me tinha afectado directamente, nem punha em risco aquilo que os meus pais levaram anos a construir. E eu quero que continue a ser assim. Vamos pagar para isso, pois vamos, mas a nossa paz de espírito não tem preço.
E depois ele pôs esta música e eu revi as cassetes que ouvíamos nas viagens intermináveis de Lisboa para a Serra, quando ainda não havia auto-estradas e demorávamos 5 horas por estradas estreitas e cheias de curvas. Parávamos sempre num restaurante de beira de estrada que SÓ servia canja de galinha e frango assado (nem sei se ainda existe). E vocês combinavam com o empregado de mesa para ele nos avisar que só podíamos comer frango se acabássemos a canja até ao fim (e também tínhamos de gramar com Roberta Miranda, mas para essa não havia paciência). Lembras-te?

Cesária Évora
Sodade


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