terça-feira, 27 de abril de 2010

Estás feliz, não estás? Eu sei que sim. Já reparaste que dia é hoje? Uma vida terminou, outra começou na mesma altura. O ciclo continua. E soubemos hoje. Deves estar muito feliz. Vai ser a melhor prenda que a mãe podia receber, não achas?
Eu? Eu estou muito feliz por eles, é um bebé tão desejado e pensado, o N. queria tanto um filho (confessa lá, nunca te passou pela cabeça que ele pudesse querer tanto um filho, ou que fosse tão bom pai como se tem mostrado com o D., eu digo-te sinceramente, fico orgulhosa quando os vejo aos dois na palhaçada, a forma como ele está a ajudar a educá-lo, e como ganhou o respeito e a admiração dele enquanto modelo a seguir). E triste por tudo o resto que tu já sabes, já sabias antes, ainda bem que te contei, achei que merecias uma explicação, mesmo sem nunca a teres pedido. Já pensei em contar à mãe, ela tem-se mostrado muito mais forte do que nós pensávamos. Não é que adiante de nada, mas pelo menos ela tinha uma justificação. Também a merece. Às vezes apanho-a a olhar para mim cheia de vontade de perguntar, acho eu, mas há muito tempo que deixou de tocar no assunto. Tu contaste-lhe, não foi? Desconfio que sim, por isso é que ela nunca mais brincou com o assunto como fazia, nunca mais pediu um neto. Um dia vou saber se te desbroncaste.
Estou a ser egoísta, não estou? Devia estar aqui a bater palmas de alegria, vou ser tia (e madrinha, claro), mas a ferida abriu novamente e não consigo estancar esta patética pena de mim própria, não consigo dissipar esta onda espumosa e indefinida. Não é mágoa, não é revolta, não é inveja. É só tristeza.

2 comentários: