domingo, 13 de junho de 2010

A despedida

Depois de estarmos no barzinho de ontem a fumar shisha até às 4 da manhã, a fazer tempo para o pessoal do voo das 6, prescindi de preciosas horas de sono para poder aproveitar até ao fim mais um pouco de cor e vida desta cidade que me fascinou de uma forma que não estava à espera.


Por alguma razão (ou várias) Istambul é a quinta maior cidade do mundo, com mais habitantes que Portugal inteiro, numa urbe caótica onde o burburinho de fundo é constante, entre as buzinas e as orações que ecoam dos altifalantes; e o lixo se vai acumulando ao longo do dia, apesar dos esforços dos trabalhadores que aproveitam e reviram os sacos e caixotes à cata de plásticos e latas que separam para vender.



Ao contrário de tudo o que me tinham avisado, não houve um único momento em que não me sentisse segura, os turcos podem atirar um ou outro bitaite quando passamos (principalmente os vendedores das lojas e os angariadores de clientes à porta dos restaurantes) mas não passa disso. Também me tinham avisado para o uso do véu, e passei os dias a arrastar uma écharpe que só foi usada duas vezes, para entrar nas mesquitas. O uso do lenço a tapar os cabelos é muito comum, o uso do véu inteiro também, a par de um cigarro na mão (os turcos fumam desalmadamente) e saltos altos. As cores vivas dos lenços condizem com (e contribuem para) o colorido da cidade, e é um dos pormenores que faz dançar o olhar enquanto somos arrastados na corrente da multidão.



A figura de Atatürk "O Pai", como os turcos lhe chamam (sempre retratado em poses de galã de cinema antigo), primeiro presidente da República turca e responsável pela reconstrução e modernização do país, está presente em toda a parte, e a ele se deve muito do que se vê em nosso redor.

O café turco é intragável, e o raki é pior ainda, mas em compensação, a comida é toda ela uma explosão de cores e aromas condimentados (sem serem picantes como eu temia), não comi nada que não tivesse gostado (bem, houve uma pasta de grão com amendoim, tipo paté, que não me convenceu), e a fruta é, sem excepção, saborosa, rica e doce, desde o sumo de laranja à melancia.



Não comi uma maçaroca de milho assada nem uma sandes de peixe frito, não experimentei os mexilhões com sumo de limão que vendem junto ao cais de embarque, não comprei um tapete nem fiz a massagem que acompanha o banho turco.
Não me perdi nas ruelas estreitas e antigas nem vi a luz do entardecer sobre o Bósforo as vezes suficientes.


Tenho de voltar.

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