segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Nuvens

Ontem à noite, ao voltar a casa depois de um jantar ao som de Nina Simone, vinha a fazer um balanço do ano que está a acabar... e hoje, enquanto vejo as nuvens pela minúscula janela do avião, só consigo pensar que a minha vida foi assim: um céu de nuvens.

Nuvens escuras carregadas de chuva fria e sons de trovoada, nuvens de espera e desespero, espera por um sonho que tarda, um filho que não tenho nos braços; desespero por dias de hospital, demasiados dias, primeiro por ele, depois pelo meu pai.

Nuvens cinzentas de mudança, que receamos enquanto não sabemos se se vão dissipar e dar lugar a uma tarde soalheira, ou se se vão acumular e descarregar toda a fúria do céu, mudança de emprego dele, mudança de funções minha, ele voltar a estudar.

Nuvens brancas e fofas como algodão, algumas já conhecidas, que aparecem no céu sempre à mesma hora, o braço a que me agarro todas as noites para dormir, como uma criança que agarra um peluche à procura dos sonhos; e a casa que é nossa, que tem o nosso cheiro e os nossos sons e a nossa paz; e os mimos das princesas, uma ternura que as palavras não conseguem descrever.

E nuvens coloridas pelo arco-íris dos afectos, os amigos, os que são o porto de abrigo nunca esquecido, e os que só agora descobri no conforto das palavras escritas e na empatia que não se explica. E os meus putos, que estão lá sempre com uma força que tudo suporta e não me deixa desistir, por eles, por mim.

4 comentários:

  1. Estás, cada dia, mais crescida e mais bonita.
    E eu gosto-te todos os dias um bocadinho mais.

    Bem vinda de volta.
    Tive saudades dete saber (mais) perto.

    Um beijo e um sorriso.

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  2. joanissima, e eu tive saudades dos teus mimos :))
    Um abraço de obrigado :)

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