Não gosto de chuva. Quando alguém me vem com a conversa "mas é precisa..." respondo invariavelmente "mas eu não tenho nenhuma horta nas costas". Não gosto de chuva, é triste, fria, desconfortável e tinge tudo (até a alma) com tons de cinzento.
Mas hoje, sozinha debaixo de um alpendre que já viu tantos copos, tanta desconversa, almoços que se prolongavam até às tantas da manhã, carnes grelhadas a qualquer hora e pizzas no forno a lenha que foi empurrado por uma R1 para passar na porta da garagem, namoradas que vieram e foram, amigos que permaneceram apesar de tudo, risos e discussões por duas razões: por tudo e por nada; hoje a chuva apaziguou-me, fiquei ali, quieta, a ouvir o tamborilar nas telhas, a ver o brilho das gotas nas folhas das laranjeiras, onde os frutos já estão a amadurecer (e são tão boas aquelas laranjas).
Podia ter ficado a pensar que não vou voltar a viver noites de verão assim, a vida mudou, para todos nós, mais trabalho, mais responsabilidade, distâncias incontornáveis a que não é possível fugir, a amizade permanece, mas o convívio não. Mas não.
Fiquei só a ouvir o som da chuva a cair.
às vezes é preciso dar folga às coisas que sentimos, não é?
ResponderEliminarUm grande abraço, minha querida, que te gosto muito.
joanissima, naquele momento fiz as pazes com a chuva (pelo menos até ela me chatear outra vez ;))
ResponderEliminarUm beijo na tua testa