Ter motivos para sorrir

Ontem ele foi buscar a carta de condução e a querida MCG fez anos. E foi sexta-feira-véspera-de-fim-de-semana-grande (o que por si só já era motivo de comemoração). Celebrámos com uma garrafa de tinto alentejano e muita conversa num jantar caseiro e demorado.

Hoje, depois de uma noite de insónia-previsão-do-óbvio e de me levantar mais cedo do que durante a semana, fui "catada" pela minha mãe a fumar. 20 minutos antes da hora marcada para o cabeleireiro lá estava ela debaixo da minha janela. "Já foste..." Não se chocou, não se zangou, não amuou, não disse nada. Nem uma palavra. Cumprimentou-me com o sorriso de sempre. Continuou a tagarelar como habitualmente. 3 horas depois eu estava mais loura, ela estava 10 anos mais nova. Deixou de pintar o cabelo há 5 ou 6 anos. Até hoje não percebo porquê. Tinha o cabelo completamente branco (já sei o que me espera, os genes não perdoam...). Teve um wake up call quando a avó Rosa a viu chegar e perguntou se era a minha avó. Decidiu que ía voltar ao tom castanho. Contou tudo isto à cabeleireira e terminou com a frase "A minha filha é que me convenceu. Ela fala-me ao coração".
A diferença é abismal. Os olhos verdes (lindos, tão lindos) ganharam brilho. A pele dela parece ainda mais clara. Começou uma nova etapa de vida. Eu enchi-me de orgulho.
(Mais tarde, já no carro, porque falávamos qualquer coisa sobre saúde, aproveitou a deixa e disse-me para ter cuidado com os meus pulmões. Só. Não voltou - nem vai voltar, se bem a conheço - a tocar no assunto).

À tarde refugiei-me em casa do vento cortante e da chuva grossa. Vesti o pijama mais quente. Dormi a sesta no sofá. Não foi meia hora a dormitar. Foram quase 3 horas de sono profundo. Daquele que precisava para repôr forças. Daquele que me fazia falta. Não trocava este conforto por nenhuma festa de carnaval (em Portugal, claro...).

(E disseram que eu tenho "um blog doce").