sexta-feira, 25 de março de 2011

Oferecer emoção (II)

Quando fui ver pela primeira vez o espectáculo Fado - A História de um Povo, de Felipe La Féria, não falei muito sobre isso porque logo ali decidi que esta sería a minha prenda de aniversário para ele: jantar no Casino do Estoril e assistir a um espectáculo que (esperava eu) o deixasse tão deslumbrado como me tinha deixado a mim. Quis manter o segredo, guardar a emoção para ser partilhada, observar os olhos dele a abrirem mais e o sorriso a expandir.
Quis que fosse uma noite especial e memorável.


E como há sempre quem escreva melhor, aqui vai:
"(...) Não sei bem por onde começar se pela fabulosa imaginação do Filipe, que num rasgo de grande talento foi juntando as “pedras de um puzzle” e agora proporciona ao público, todas as noites, o mais deslumbrante espectáculo que retrata o fado, Lisboa e a história do seu povo ou se menciono o conjunto de vozes únicas todas elas, pela tonalidade e interpretações excelentes, envolvem-nos e arrancam do publico os mais calorosos aplausos com gritos de muitos bravos à mistura. Tudo isto bastaria para satisfazer aqueles que todas as noites vão ao Casino Estoril; justificava, por si só, a viagem que se realiza, mas o Filipe La Féria, criador, com a sua salutar loucura, oferece muito mais: um guarda-roupa que ultrapassa tudo quanto se possa pensar; um jogo de luzes que faz sonhar, textos e fados minuciosamente escolhidos. Uma história intensa com tantas surpresas pelo meio: do tecto da sala em lanternas gigantes, iguais às das ruas de Lisboa, bailarinos complementam as cenas do palco ou então em tiras de tules brancos acrobatas deliciam-nos, caem sobre nós, como se viessem do céu azul de Lisboa. Antes do espectáculo há uma maravilhosa saga, com tudo aquilo que a cidade de Lisboa tinha e que se perdeu nos passos do progresso, mas o Filipe faz reviver essas tradições de uma forma extraordinária onde chovem a graça e a beleza do típico, do característico, que o tempo matou, mas que curiosamente continua no imaginário dos alfacinhas que se reencontram com eles mesmos, por momentos, naquela sala, onde se instala a emoção e se dependuram nos olhos a saudade desses dias distantes… (...)".

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