... e falar de alegria. Pura. O meu irmão.
Já aqui disse do amor imenso que lhe tenho, mas na última semana e meia passei mais tempo com ele do que com o meu marido, jantámos juntos todas as noites da semana, e passámos horas sentados à mesa, a conversar, entre dois copos de vinho (ele prefere os alentejanos, eu mantenho-me fiel ao Dão) e um cigarro. Este estreitamento de laços faz-me reforçar tudo o que digo e sinto sobre ele. O meu
irmão tornou-se um homem forte e atencioso, e ao lado dele ninguém consegue estar triste. Ele não deixa.
E foi ontem, quando o fui buscar ao pé do trabalho para ele não se afogar nas ruas inundadas pela chuva contínua de dois dias seguidos, que percebi que não sou só eu que o acho a simpatia em forma humana. A senhora do café aproveitou enquanto ele foi lavar as mãos, e aproximou-se da mesa “A menina é que é a irmã do N.? Muito prazer em conhecê-la. Não é por ser seu irmão, mas tenho de dizer que ele é uma excelente pessoa.” E eu sorri e enchi o peito de orgulho. Eu sei.
Durante os 7 meses que ele viveu aqui (sim, já falo no passado, hoje pegou no resto dos tarecos e foi para casa, a casa que sempre foi dele, onde a minha cunhada já está definitivamente, e o D. até já voltou para a escola antiga – e só quando ele me contou ao telefone “eles já não voltam, o puto já começa as aulas aqui amanhã” é que compreendi que o “vamos voltar para Lisboa” já tinha acontecido, sem período de espera, sem anestesia) deve ter conhecido e conversado com mais pessoas do que eu. Primeiro porque ele não é capaz de estar calado. Depois porque tem um prazer genuíno em conviver, seja com quem fôr que goste de dois dedos de conversa. E tem uma alegria contagiante e uma paciência infinita.
E eu gosto tanto dele e tenho um orgulho desmedido por ter um irmão assim.
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