terça-feira, 3 de agosto de 2010

Alegrar o dia

A nossa peça de mobília voltou. Com febre mas voltou. Não a recebi como é costume e como ela merece. A minha vontade de conversar está como ela, um pouco apagada, um pouco sem forças. Amanhã explico-lhe porquê.
Hoje procuramos um sítio para jantar, enquanto vemos os kilómetros (e as horas) a passar. Está tudo de férias. Prometo que vou fazer uma lista de restaurantes num raio de 10 kilómetros e respectivos números de telefone, porque esta cena de começar a jantar às 10 da noite está a tornar-se um (mau) hábito. E é sempre quando nos juntamos.
A P. pergunta-me pelas férias e eu respondo que não quero falar de coisas tristes "olha, continuamos a falar da infecção da tua irmã, de certeza que é mais interessante".
O que nos safa são as crianças. As princesas de sorriso aberto, misto de ternura com atrevimento mal disfarçado, como que a dizer "olha para mim, eu sei que consigo derreter o teu coração e fazer de ti gato sapato" (mini-cabras em potência, estas vão dar muito trabalho...). Tenho um carinho especial pela S., não sei porquê. A I. é muito mais exuberante, fala, ri e chora alto, tem gestos largos e é exibicionista. Assim que pego na máquina fotográfica começa a fazer poses vaidosas e completamente artificiais, até eu lhe dizer que assim não tiro nenhuma. Depois acalma e consigo imagens lindas. Gosta de se sentir mimada e precisa da atenção dos outros, vem abraçar-nos com força e diz que vai ter saudades nossas, ainda antes de sairmos do restaurante.
A S. "é muito pior, fá-las pela calada, quando não estamos a olhar, bate na irmã - 3 anos mais velha - que vem fazer-nos queixinhas a chorar, enquanto ela encolhe os ombros e diz que não sabe de nada" (palavras da mãe, não minhas). Ainda tem a inocência que não a deixa ter medo de nada, o raciocínio imediato que a faz espernear e gritar se não a deixam fazer o que quer "aqui e agora", e a memória curta que a distrai da birra passados 5 minutos. Move-se com gestos descontraídos de quem tem todo o tempo do mundo e todo o mundo pela frente, e encolhe os ombros numa atitude legalise que espero que não perca ao longo dos anos. Quando está connosco é sossegada, entretém-se sozinha com uma formiga ou um bocadinho de papel, observa com muita atenção o que a rodeia, franze o sobrolho quando olha desconfiada para a barba de 5 (10...) dias dele, franze o nariz e os olhos quando se ri, faz caretas e tem aquele cabelo indomável que se junta num tufo de caracóis na testa. Personalidade forte sem alarido. Sou eu em miniatura.

- Mãe, o L. e a S. são o quê a mim?
- São amigos.
- E eu a eles?
- És cunhada (resposta dele, claro...)
- És a nossa sobrinha emprestada (resposta minha)
- Sou vossa cunhada gulosa (resposta dela).

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