terça-feira, 3 de maio de 2011

Uma força maior

A minha mãe faz anos hoje. 58. Levo-a a jantar ao oriental, o preferido dela, só nós as duas, e entre pratinhos de sushi e algas, começou a falar do pai, não da forma habitual, uma alegria saudosa dos bons momentos, mas com uma tristeza sentida por não o ter ali, a partilhar este dia (não tive lata de lhe dizer que ele nunca na vida estaría ali a comer sushi). Comentou que não tería conseguido aguentar-se sem o apoio da família. Disse o nome dos filhos, das noras, do neto. E de como cada um a tinha amparado, dado força e coragem. Quando reparou nos meus olhos a quererem quebrar, mudou rapidamente de tom "não te quero fazer chorar".
Respondi-lhe que se tinha aguentado não com o nosso apoio, mas por nossa causa. Porque a frase que tinha acabado de lhe sair da boca, era a mesma que a impulsionava desde o primeiro dia da nossa existência. Não nos fazer chorar. Evitar o nosso sofrimento a todo o custo.
Posso só imaginar o que será um amor assim. A abnegação que acho que só se atinge ao dar à luz. A mais profunda entrega a outro ser. É esta a missão da minha mãe (de todas as mães que são dignas de serem chamadas assim), este amor incondicional que tudo suporta e tudo consegue, uma força maior que nem ela sabe que tem dentro do seu metro e meio de altura.

Christina Perri
"Arms"


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