quinta-feira, 18 de março de 2010

Inesperado (V)

Ir experimentar o brinquedo novo para as 52 curvas que ele conhece como a palma da mão e que põem à prova a perícia de condutor, não eu, claro, se não tive vontade de conduzir a Alfa Romeo linda de morrer, não ía agora estragar as minhas unhas nesta carrinha que pode ser um bicho mau a acelerar - que é mesmo, e agarra-se à estrada como uma lapa - mas é feinha e eu estou cansada e não me apetece (adorei o pormenor dos mostradores):


Uma açorda de marisco acompanhada de flutes de Vinha das Garças branco fresquíssimo. Pena a conversa não ter sido melhor, mais ligeira e sobre nós, por exemplo, mas é natural, há assuntos sérios a serem resolvidos, e a opinião dele é importante, dá-me uma perspectiva mais isenta e objectiva.
Uma planta mimosa à minha espera em casa do sogro, prenda de anos atrasada mas nunca esquecida.

O sorriso da minha afilhada bem-disposta e cheia de vontade de andar, que chama o pai por tudo e por nada e está a ganhar caracóis (vai ficar ainda mais bonita, se é que isso é possível).

Se ele tivesse ido para as aulas não tínhamos saído para jantar. Se não tivéssemos seguido naquela direcção da IP não tínhamos ído àquele restaurante. Se não tivéssemos jantado ali não tínhamos feito as curvas. Nem parado em casa do meu sogro. E se não tivéssemos demorado mais alguns minutos a apanhar folhas de couve para as porcas, não tínhamos visto o carro do Z. no cruzamento, na altura exacta em que ele ía para casa. E eu não tinha visto a princesa.
Tudo acontece por uma razão.

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