sábado, 6 de março de 2010

Cumprir (IV)

Depois da missa de sétimo dia, cumprimos a última vontade do meu pai, a sua última viagem à Serra que tanto amava. Depois de depositar as cinzas na campa dos meus avós, subimos à Torre com um maravilhoso arco-íris por companhia, e lá em cima, a maior camada de neve que me lembro de ter visto por ali, e um vento cortante e sem piedade para quem, como nós, não estava armado com fatos de neve especiais até aos dentes.

Enquanto descíamos pela Covilhã, de regresso a casa, e via pelo vidro embaciado do carro aquele manto branco leitoso de uma beleza sublime, só conseguia pensar como o meu pai ficava inchado de orgulho e alegria quando nos levava a ver neve, e que naquele momento ele devia estar a sorrir de satisfação, pois ali estávamos todos, encharcados e enregelados mas divertidos, com sacos de ofertas com queijos da serra, regueifas e meias de lã, na melhor tradição das viagens que fizémos com ele.

E agradeci-lhe.

11 comentários:

  1. Lindo este teu post! :)

    Um abraço quentinho.

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  2. Anna^, esse abraço quentinho tinha-me dado jeito ontem :)

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  3. Um beijinho enorme seguido de um abraço apertado!!

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  4. Esse vento cortante sabe bem, reminds us that we're alive and we have to keep moving! =)

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  5. Sophie, obrigado pelo mimo.

    Against, não sabe nada bem, toda eu tremia de frio (but i agree with the rest).

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  6. Quando li este post nem consegui comentar. Toda eu era baba e ranho de todo o tamanho. Mas esta' liiiindo.
    Agora toca a seguir para a frente que e' o caminho, ou entao aqui para nordeste :)

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  7. dondoca, um dia destes apareço-te à porta, vais ver ;)

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  8. Tu transpiras ternura.
    O teu pai deve estar muito orgulhoso de ti e muito em paz pelo excelente testemunho de vida que deixou: tu.

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  9. Joanissima, eu sei que sim, ele sempre teve muito orgulho na "sua menina", e quero que continue a ter, porque sei que ele me está a ver.
    (e tu deixas-me sempre ficar encavacada com os teus elogios, eu não mereço tanta doçura :))

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