domingo, 20 de fevereiro de 2011

Matar saudades (III)

Passei a tarde com a sobrinha mais fofa, mais bonita, mais perfeita, mais doce que o meu irmão podería ter feito. Cheirei-a, beijei-a, mimei-a, vi-a esfregar a cara vezes seguidas na minha camisola, como que  a fazer um ninho onde finalmente pousou a bochecha no meu ombro e adormeceu, e assim ficámos, o meu nariz a roçar-lhe o cabelo ralo, a sua mão pequenina de dedos compridos a segurar com força os folhos da minha camisa.
Vi-a pela primeira vez a tomar banho, a fazer caretas, a erguer um sobrolho com ar de desconfiada (onde é que eu já vi isto?...), a fincar os pés no fundo da banheira para se sentir segura, a mudar subitamente de expressão assim que a mãe a virou de barriga para baixo, relaxada com a massagem nas costas e nas pernas cheias de preguinhas, versão mini do boneco da Michelin.
(Também a vi a chorar como gente grande, acabou-se os miados de gato, quando a fome aperta não há nada que a cale - mas sem deitar uma lágrima...).

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