domingo, 27 de janeiro de 2008

Birra

- Deixa de te armar em parvo!! - digo eu depois de ele fazer uma derrapagem numa curva, só porque lhe apeteceu.
- Está bem, vou deixar de me armar em parvo - responde ele com ar sério de "se é assim que queres, vais ver...". Desacelera e vai o resto do caminho a 70 à hora, impávido e sereno, com umas trombas de meio metro.
- São 2.43 hrs. Vais ficar de trombas até que horas?
- Até às 3.20.
- Ok.

É claro que passado 10 segundos eu me dei conta que tive uma reação exagerada. Passei o dia todo a parecer alegre e bem disposta, tivémos um almoço em casa da A. (o cozido à portugesa e as farófias estavam divinais!!), depois fomos visitar os avós dele, e eu sempre cheia de sorrisos, mas de vez em quando lembrava-me "É amanhã, passar por tudo outra vez...".
Porra, aguentei-me muito bem o dia todo, mas estou irritadiça, e à mínima merda (porque foi mesmo mínima, realmente...) saltou-me a tampa!! Nem foi bem saltou-me a tampa, porque eu nem gritei nem nada, só falei torto.
Mas se ele estivesse também calmo e na boa não tinha reagido daquela forma, táva-se a cagar para a minha resmunguice. Só que não está, está a ver a hora a aproximar-se, e já está a antever as dores. Acredito que é o que lhe deve moer mais o juízo, são as dores. Acho que os homens em geral não lidam bem com a dor, e não a suportam tão bem como nós.
Uns piegas, é o que eles são. E birrentos.

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