Sonhar contigo

Esta noite voltei a ver-te. O facto de sonhar que nos reencontramos nas vésperas de me ir enfiar num voo de 7 horas não deve ser bom sinal… (Sim, estou com um bocadinho de receio desta viagem. É muito tempo sem os pés assentes em terra. E também estou com medo das picadas de mosquitos. Eu lembro-me das tuas crises de paludismo. De te espreitar pela porta do quarto enquanto ardias em febre. Hoje em dia é diferente, eu sei, há medicamentos para prevenir isso tudo, já comecei a tomar o Malarone e parto do princípio que no Skyna não há hóspedes voadores. Mesmo assim…).

Estavas na rua onde moravas, onde sempre moraste desde que casaste com a mãe (as temporadas em Malange não contam para esta história), na rua donde ela sempre disse que não saía (e vê-a agora, tão feliz, a casa dela está linda, não está?), estavas de pé em frente ao prédio do Vitinho, a fumar um cigarro (?!? tinhas deixado de fumar há anos…), calças escuras e camisa azul, de olhar fixo no prédio em frente, como se estivesses a recordar quem habitava em cada um daqueles andares (vantagens – ou não -  de morar num bairro antigo e pequeno, toda a gente se conhecia).

Eu estava a chegar à porta do nosso prédio quando te vi (estás mais cheiinho, cara mais rechonchuda, como eras antes…), atravessei a rua quase a correr, deste pela minha presença e sorriste enquanto me aproximava. Abracei-te como se não te visse há muito tempo, segurei a tua cara entre as minhas mãos, olhei-te nos olhos, com atenção, demoradamente, e perguntei se estavas bem. Acenaste que sim. Com um sorriso.

Gostei tanto de te ver.