Estou aqui a tentar pôr as ideias em ordem para escrever sobre esta experiência, mas está difícil…
Luanda é uma cidade em pleno desenvolvimento, e daqui a 5 anos estará irreconhecível (e parecida com uma qualquer cidade europeia…), fumei muito menos do que estava à espera (comprei 8 maços de tabaco no aeroporto, volto com 3 e meio cheios…), e comi melhor do que estava à espera (mas caro, tão caro…).
As angolanas (e pelo que me contaram, os angolanos também) são vaidosas, mas vaidosas de passarem um quarto de hora em frente ao espelho (a arranjarem o cabelo, a retocarem a maquilhagem, a virarem-se para um lado e para o outro para verem se o vestido ultra colante que trazem está devidamente puxado para cima para mostrar bem as pernas) de cada vez que vão à casa de banho (devo dizer, foram das casas de banho de feiras mais limpas que alguma vez vi). É fantástico ver o à-vontade que têm com o seu corpo, podem ser bem torneadas ou ter um rabo do tamanho de um comboio, mas todas elas saem para jantar ou para a night com um vestido de lycra (só muda a cor, varia muito entre o cor de rosa berrante, o vermelho e o branco), orgulhosas de mostrar as suas curvas. E só elas ficam lindíssimas com um vestido branco minúsculo (realmente, com aquele tom de pele não se notam estrias, varizes, celulite, nada, é uma maravilha…).
Viajar com uma pessoa que está a fazer dieta (e todo contente porque baixou dos 110 kilos) é excelente para perder peso, acho que comi mais maçãs e sopa aqui do que desde o início do ano. Mas sozinha (e “branquinha, loirinha e cheirosinha”, como me disse a S.”) não me safava, e era enganada constantemente nos preços - enquanto o “boss” comprava as maçãs a 100 kuanzas, a mim pediam-me 300 (cada uma)…
Conhecemos alguns portugueses que moram cá, e nos contaram histórias mirabolantes (e outras menos engraçadas, como a mãe que viu a filha adolescente - os angolanos têm um carinho e respeito imenso pelas crianças, pelos idosos e pelos deficientes, e não lhes fazem nenhum mal - com uma arma apontada ao peito, o assaltante queria um telemóvel, a mãe deu-lhe os 4 telemóveis que tinha com ela e a carteira com todo o dinheiro e documentos, e o assaltante devolveu 3 dos telemóveis e a carteira…) que me convenceram que dificilmente viveria aqui. Tinha de fazer um rebut ao meu cérebro com uma formatação completa do disco rígido, e começar a tomar Xanax todos s dias para aguentar a cultura de “deixa andar” reinante. Aqui as acções e decisões são movidas a dólares. Ou se entra no esquema, ou nem vale a pena pôr cá os pés. E também não é um destino de férias a considerar. Mas se tiver de voltar a trabalho (é o mais certo…), não será nenhum sacrifício.
Gostei muito destas tuas impressões escritas e visuais de Luanda. Vieram confirmar as que eu tinha de ver e ouvir contar. Apesar de haver semelhanças, a Maputo que eu visitei em 2007 era diferente, a começar pelo facto de ter andado sozinha na rua (também não sou assim loirinha como tu, por isso passava mais despercebida :)). Há (havia e penso que continua a haver) lixo nas ruas, há pobreza, muita, mas há um clima bom, uma boa onda. Dizem-me que entretanto a cidade está também - como Luanda - em rápida transformação.
ResponderEliminarPode ser que quando voltares a Luanda já possas andar por lá a registar-nos os teus olhares! :)
Beijinhos e saudades.