À hora do almoço recebo a minha última prenda de Natal, a dele, a que estava esgotada e veio de muito longe: um cobertor com mangas, felpudo e amarelo (ele ainda pensou em encomendar cor-de-rosa, mas achou que era capaz de ser um bocadinho demais…), a pensar nas minhas noites de sofá a ver filmes ou a vaguear pela net (entretanto lembrei-me que temos de ir para o quintal do meu sogro à procura de formigas de jeito, as de cá de casa não servem para o viveiro, são pequenas demais e já fugiram todas pelas duas entradas de ar, que são dois buracos minúsculos, não cabe lá nem uma agulha).
Ao final da tarde recebo a visita da minha sobrinha, um pequeno embrulho com 8 dias de vida a dormir no seu ovo, alheia à música da rádio, à luz acesa, às nossas vozes a falar normalmente (a mãe está a habituá-la bem). Volto a ter um corpo minúsculo e quente encostado ao meu peito, sinto a respiração rápida e ouço os barulhos que ela faz, uma forma de refilar quando se apercebe que o meu cheiro é diferente do da mãe, o que significa que aqui não há leite. Já mama sofregamente “sais mesmo ao teu pai…” e dizem que ela tem o mesmo sinal que eu, uma mancha na testa que escurece em situações de stress (no caso dela, quando chora com fome, basicamente a única razão que a faz manifestar-se… por enquanto). A C. diz que ela tem olhos de azeitona, e tem razão, são uns olhos rasgados e cinzentos, muito curiosos, que seguem o som das vozes e fixam os movimentos da televisão.
Acho que não consigo estar mais babada do que isto…
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