Mais um aniversário do meu sogro, comemorado na mesa do alpendre, ao lado de um mar de flores, das vinhas cheias de cachos ainda verdes e do pessegueiro carregado de frutos maduros.
Almoço de javali, o pai a prometer ao filho as galhetas que lhe devia ter dado quando ele era pequeno, eu a pedir ao pai um subsídio mensal pelos anos que lhe aturo o filho.
À tarde travo uma batalha interior para decidir se os acompanho à terra da avó, ou se fico a dormir a sesta. Os meus olhos pesam chumbo, mas não cedo, e levamos a pequena E. muito aconchegada no ovo dela.
No regresso espera-nos uma panela cheia de caracóis, e eu aceno com a cabeça quando me perguntam se são melhores do que os de ontem (é a chamada mentira piedosa).
Neste dia dedicado à família, custou-me ouvir alguém chamar ao meu sogro "avô Z.", porque o único filho que ele tem está sentado ao meu lado, a ouvir as mesmas palavras. Mas voltei a sentir o calor de quase 5 kilos de gente no meu peito, o cheiro a bebé e a força daqueles dedos minúsculos quando me puxa fios de cabelo.
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