No dia em que o L. regressou ao trabalho depois de ter passado o primeiro mês de vida do nosso filho em casa, ao meu lado, senti uma ponta de medo de ficar sozinha em casa com um ser tão frágil e dependente. E se eu não consigo? E quando precisar de ir à casa de banho? (tomar banho então, nem pensar, só à noite quando o pai chegasse). E como é que saio de casa a carregar com ovo e mala e mais não sei o quê? E como é que vou pegar no carro, conduzir sozinha, com ele lá dentro? É claro que passado pouco tempo estava a sorrir por causa deste medo sem fundamento, fui aprendendo a gerir o tempo e a logística de acordo com as necessidades e humores daquele bebé que sentia a cada dia mais meu, companhia inseparável e constante (e nunca mais me senti sozinha).
Quando soube que o L. ía passar uma semana fora de casa, o meu primeiro pensamento foi "só espero não me sentir mal, sozinha com o puto em casa". Esse é o meu maior medo, até mais do que ele ficar doente ou ter de o levar ao hospital sozinha. Porque desde que eu esteja bem, posso fazer tudo por ele e dar conta do recado. Mas não consigo apagar completamente a ideia que me assalta nestes momentos, desde que a minha mãe deixou de poder tomar conta do neto: se me acontece alguma coisa de repente, a meio da noite, não tenho ninguém com quem deixar o meu filho. Não temos nenhuma relação de confiança com os vizinhos (e sinceramente, não queremos ter), temos amigos que vivem na mesma cidade, claro, mas entre os que trabalham por turnos completamente tresloucados e os que têm (muitos) filhos com que se preocuparem, há poucos números de telefone a quem eu ligasse às quatro da manhã. Talvez por saber isso, o R. e a L. fizeram questão de me dizer no nosso último jantar "enquanto o gajo estiver "emigrado", já sabes, se precisares de alguma coisa ligas".
Mas agora, que está a acabar esta semana que de certeza foi mais dura para o pai (que nunca tinha passado duas noites seguidas sem ver o filho) do que para mim, respiro de alívio e agradeço pelos dias serenos e sem sobressaltos. Fomos visitar a minha avó e tivémos a visita do meu sogro. Fomos às compras e jantámos do mesmo prato, sentados frente a frente, a fazer caretas. Trocámos muitos mimos mas não o levei para a minha cama para não lhe alterar as rotinas (mas pensei nisso, confesso...). Os dias foram todos iguais e previsíveis, não aconteceu nada de especial. E isso foi o mais importante.
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