segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Agradecer (II)

Final do dia. O tão desejado regresso a casa. Saio do carro e antes de tirar Peter Pan do banco de trás procuro na mala as chaves de casa para ficarem a jeito. Nada. Despejo a mala em cima do banco do pendura. Nada. Olho para a varanda de casa e calculo mentalmente as probabilidades de saltar da escada do prédio até lá sem me partir toda. O L. já o fez, não é assim tão alto. Faço uma tentativa pendurada do lado de fora do corrimão, com Peter Pan muito sério a olhar-me pela janela do carro. Mas assim que subo ao último degrau da escada percebo que me falta "um bocadinho assim", uns bons centimetros de pernas para chegar lá acima, e desisto logo. Peço ajuda a um vizinho, um escadote já resolve a coisa, mas assim que ele me abre a porta do prédio, vejo-as. Penduradas do lado de fora da porta de casa, as chaves ali ficaram a tarde toda, sem ninguém lhes tocar.

(E nestes momentos eu sinto, sinto mesmo, que eles estão a tomar conta de mim).


Sem comentários:

Enviar um comentário