terça-feira, 23 de setembro de 2014

Contar até mil

Quando os homens da minha vida entraram em casa depois da aula de natação de Peter Pan, o L. vinha com um olho raiado de sangue e a começar a inchar. Tinha levado um pontapé de Peter Pan, sem querer, claro, mas tão certeiro que lhe enfiou um dedo fininho em cheio no olho (e o que aquilo deve ter doído...). Lavei com soro fisiológico (que já tinham feito na piscina), e pusémos uma bola de algodão a tapar a vista para proteger da luz. É claro que eu sugeri logo que ele desse um salto ao hospital, lembrei-me de uma menina que tinha visto na última ida às urgências com Peter Pan, que tinha picado o olho num ramo de palmeira, e feito um corte na córnea. (É claro que ele não quis ir, gajo que é gajo não precisa de médicos, é muito melhor ficar a contorcer-se no sofá com dores).
Finalmente, depois do jantar em modo agonia silenciosa e de se ter ido deitar às escuras porque não suportava a luz, à meia noite decidiu-se a ir às urgências (eu imagino o sofrimento que não ía para ali, para ele admitir que precisava de ajuda...). Chamou o R. (mas primeiro ainda se saiu com um "eu levo o carro", estive quase para lhe dar um murro no outro olho, já que ía ao hospital não se perdia nada...) e sairam passados dez minutos, para regressar em menos de uma hora, com o olho tratado, sem dores, e com a garantia que não tinha nenhuma lesão ocular, só precisa de descanso.

E a minha pergunta é: era preciso este gajo estar a sofrer dores horríveis durante cinco horas antes de se decidir a pedir ajuda e a ser tratado como deve de ser?

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