domingo, 28 de setembro de 2014

Amar

Acho que nunca tinha usado este verbo como título. Nem sei porquê, é o que faz mais sentido para falar de nós, de mais um ano de Amor, mesmo assim, com maiúscula e letras gordas do tamanho daquilo que nos une. Porque é que com o passar do tempo vamos usando cada vez menos esta palavra, como se ela fosse um bem precioso que tivesse de ser poupado para não se gastar?
Eu amo-te. Assim, com todas as letras gordas e com tudo o que cada letra encerra. Tive a sorte imensa de encontrar (e ainda por cima, à primeira) o que muitas mulheres procuram a vida inteira sem sucesso, saltando de relação em relação e engolindo lágrimas e frustrações: O Amor. Não aquele amor romântico assolapado dos filmes, que tem de ser mostrado em grandes gestos de loucura espontânea ou em elaborados planos para surpreender o outro. Mas sim o outro, o verdadeiro, o de todos os dias. O amor é o que fica quando a paixão se vai. Já não passamos noites em branco nem fazemos depender o humor do nosso dia daquele telefonema que estávamos à espera que o outro fizesse. Já não sentimos borboletas na barriga de cada vez que nos vemos. Mas conhecemos de cor e de olhos fechados a pele que dorme ao nosso lado, e os nossos lábios sorriem sempre que os nossos olhos se encontram. Amor também é isto. Se calhar é mais isto. A compreensão e conhecimento único que temos um do outro, os silêncios tranquilos, os gestos carinhosos tantas vezes irreflectidos, como quando me fazes uma festa nas costas, ao passar. Não somos almas gémeas, pelo contrário, somos mais os opostos que se atraem e complementam, e das nossas diferenças conseguimos criar algo que nos enriqueceu e deu força, aos dois. Já várias vezes te disse, no gozo, que se não me tivesses conhecido tinhas sido um desgraçado por aí caído numa valeta. Mas agora fora de brincadeiras, acho mesmo que somos melhores pessoas por nos termos encontrado, por estarmos juntos, por termos aprendido tanto um com o outro (nem que seja pela paciência que ganhámos a aturar-nos durante 21 anos).
Amo-te. Com tuas as tuas qualidades e inperfeições. Da forma prática e desprendida que tu me ensinaste. Sem caprichos nem amuos nem exigências de grandes rasgos de romantismo. Mas mantendo os pequenos gestos da ternura que te tenho. Sou feliz quando te vejo a sorrir, quando me fazes rir com uma piada parva, quando chego a casa e me pões a ouvir o tango do Perfume de Mulher, quando me olhas com olhos de ver, a tua mulher inteira (com tudo o que isso tem de bom e de mau).
Sou feliz ao teu lado. Contigo.
Amo-te (já te tinha dito?).

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