Saio do trabalho e páro em casa antes de ir buscar Peter Pan, o tempo suficiente para trocar os saltos por umas sandálias rasas e apanhar uma bola do quarto dele. "Vamos jogar à bola, filho?"
No parque relvado ele prefere o baloiço do que a bola, já finca os pés para ganhar balanço, já sobe sozinho pelo escorrega e quer empoleirar-se na teia de cordas "não podes, filho, ainda és pequenino..."
Quando se farta lá vamos para a relva, deito-me a olhar para cima e ele imita-me, e ficamos ali os dois a ver os ramos das árvores a dançar com os raios de sol dourados do final da tarde. Depois levanta-se e puxa-me a cabeça (e os cabelos) para que eu faça o mesmo, quer que corra atrás dele, que o apanhe e faça rodopiar no ar antes de lhe encher a barriga de beijos, ri muito, pouso-o no chão e pede mais, depois atira a bola ao ar e vai a correr atrás dela, mas sempre a olhar para trás para ver se o sigo, se estou quase a apanhá-lo, e ri mais na antecipação de saber que vou agarrá-lo e fazer-lhe cócegas, até eu ficar cansada e me atirar dramaticamente para o chão. Mas ele não desiste, aproveita para se atirar para cima de mim e treinar o equilíbrio em pé na minha barriga, 14 kilos a esmagarem-me as costelas e a pedir "maix". Mais carinhos, mais (verdadeira) atenção, mais presença.
É tudo o que ele pede para ser feliz.
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