"Passou tudo tão depressa / nunca te falei de mim / o que digo não importa / o que sinto talvez sim."
domingo, 31 de agosto de 2014
sábado, 30 de agosto de 2014
Momentos (CCLXXVIII)
Uma festa da aldeira (acho que se chama Pereiro), como aquelas a que a avó nos levava quando éramos crianças, ela montava a sua banca de venda de bolos e pipocas e nós corríamos soltos ali à volta, éramos dos primeiros a chegar e dos últimos a ir embora, no tempo em que as férias duravam três meses (suspiro profundo...). As ruas orgulhosamente decoradas (mas para quem já viu as de Campo Maior... não há comparação), as minis e as bifanas, a groselha que Peter Pan babou para cima da camisola e vê-lo a dançar sozinho no "recinto de baile" ao som da música pimba das colunas.
Momentos (CCLXXVII)
O L. já andava a prometer há uns tempos que queria levar Peter Pan na sua primeira viagem de comboio, ele que adora de paixão os "tutus". Depois de ver as estações mais próximas e horários compatíveis com as refeições, tinha decidido que ía levá-lo a Tomar numa manhã de fim de semana em que acordasse à hora do costume (8 horas). Mas nos últimos fins-de-semana, quando ía buscar Peter Pan para a nossa cama para ver se conseguíamos todos dormir mais uns (míseros) vinte minutos, o sacana empurrava o pai para fora da cama "xão" para ficar a dormir (só) comigo, e quando nos levantávamos já era tarde para ir.
Esta manhã saí de casa muito cedo direta para a cabeleireira, para cortar o cabelo (pela segunda vez em duas semanas, qualquer dia pareço a Sinead O'connor), e eles foram para a estação.
O L. contou-me que o nosso filho delirou com o passeio, muito atento a olhar pela janela do comboio, e mais ainda a dar milho aos pombos da praça (e correr atrás de dezenas de pássaros esvoaçantes).
Esta manhã saí de casa muito cedo direta para a cabeleireira, para cortar o cabelo (pela segunda vez em duas semanas, qualquer dia pareço a Sinead O'connor), e eles foram para a estação.
O L. contou-me que o nosso filho delirou com o passeio, muito atento a olhar pela janela do comboio, e mais ainda a dar milho aos pombos da praça (e correr atrás de dezenas de pássaros esvoaçantes).
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
Momento (CCLXXVI)
Saio do trabalho e páro em casa antes de ir buscar Peter Pan, o tempo suficiente para trocar os saltos por umas sandálias rasas e apanhar uma bola do quarto dele. "Vamos jogar à bola, filho?"
No parque relvado ele prefere o baloiço do que a bola, já finca os pés para ganhar balanço, já sobe sozinho pelo escorrega e quer empoleirar-se na teia de cordas "não podes, filho, ainda és pequenino..."
Quando se farta lá vamos para a relva, deito-me a olhar para cima e ele imita-me, e ficamos ali os dois a ver os ramos das árvores a dançar com os raios de sol dourados do final da tarde. Depois levanta-se e puxa-me a cabeça (e os cabelos) para que eu faça o mesmo, quer que corra atrás dele, que o apanhe e faça rodopiar no ar antes de lhe encher a barriga de beijos, ri muito, pouso-o no chão e pede mais, depois atira a bola ao ar e vai a correr atrás dela, mas sempre a olhar para trás para ver se o sigo, se estou quase a apanhá-lo, e ri mais na antecipação de saber que vou agarrá-lo e fazer-lhe cócegas, até eu ficar cansada e me atirar dramaticamente para o chão. Mas ele não desiste, aproveita para se atirar para cima de mim e treinar o equilíbrio em pé na minha barriga, 14 kilos a esmagarem-me as costelas e a pedir "maix". Mais carinhos, mais (verdadeira) atenção, mais presença.
É tudo o que ele pede para ser feliz.
No parque relvado ele prefere o baloiço do que a bola, já finca os pés para ganhar balanço, já sobe sozinho pelo escorrega e quer empoleirar-se na teia de cordas "não podes, filho, ainda és pequenino..."
Quando se farta lá vamos para a relva, deito-me a olhar para cima e ele imita-me, e ficamos ali os dois a ver os ramos das árvores a dançar com os raios de sol dourados do final da tarde. Depois levanta-se e puxa-me a cabeça (e os cabelos) para que eu faça o mesmo, quer que corra atrás dele, que o apanhe e faça rodopiar no ar antes de lhe encher a barriga de beijos, ri muito, pouso-o no chão e pede mais, depois atira a bola ao ar e vai a correr atrás dela, mas sempre a olhar para trás para ver se o sigo, se estou quase a apanhá-lo, e ri mais na antecipação de saber que vou agarrá-lo e fazer-lhe cócegas, até eu ficar cansada e me atirar dramaticamente para o chão. Mas ele não desiste, aproveita para se atirar para cima de mim e treinar o equilíbrio em pé na minha barriga, 14 kilos a esmagarem-me as costelas e a pedir "maix". Mais carinhos, mais (verdadeira) atenção, mais presença.
É tudo o que ele pede para ser feliz.
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
Momento (CCLXXV)
"I am in love with you. And I know that love is just a shout into the void, and that oblivion is inevitable, and that we're all doomed. And that one day all our labor will be returned to dust. And I know that the sun will swallow the only earth we will ever have. And I am in love with you. Sorry."
A Culpa é das Estrelas é comovente, emotivo, tem as ruas e os canais de Amesterdão e citações deliciosas (“Do you know what Dom Perignon said after inventing champagne? He called out to his fellow monks, ‘Come quickly: I am tasting the stars.").
Tudo o que um filme romântico deve ser.
E mexeu comigo como há muito tempo um filme não conseguia.
"Quero que este risotto se transforme numa pessoa, para eu a levar a Las Vegas e casar com ela"
Ganhar o dia com um telefonema
- Ele esta manhã fez-me uma coisa que nunca tinha feito: dei-lhe as crocs para calçar e ele diz-me que não. Insisti que tínhamos de calçar para sair, ele vai até ao quarto dele e aponta para o armário. Abri a porta e ele escolheu as sandálias azuis que queria, e calçou-as sozinho.
(E eu fico para aqui indecisa entre o orgulho babado de vê-lo crescer a cada dia, e uma ponta de tristeza por já não poder chamar-lhe o meu bebé...)
(E eu fico para aqui indecisa entre o orgulho babado de vê-lo crescer a cada dia, e uma ponta de tristeza por já não poder chamar-lhe o meu bebé...)
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
terça-feira, 26 de agosto de 2014
Já que é para pedir...
Quero
morar ao pé da praia. Não é ter uma casa de férias na praia, é mesmo ver o mar
da minha janela 365 dias por ano, adormecer com o som das ondas e entrar em
casa ainda com a areia que não teve tempo de cair dos pés. Quero o cheiro da
maresia e a paz que só sinto completamente ali, ao pé do mar.
Eu sei que há
desvantagens, que o ar carregado de sal enferruja tudo o que é maquinaria, que
as noites de inverno e de temporal não têm piada nenhuma, que não pode ser uma
praia qualquer porque não quero hordas de turistas e avecs no meu quintal, no
Verão.
Voltamos ao mesmo, se é para pedir, que seja à grande: quero viver numa casa ao pé da praia, com um alpendre grande virado para o mar, num sítio
sossegado onde os preços não mudem no Verão para chular os turistas, mas haja uma escola onde os nossos filhos possam estudar e uma mercearia com pão quente todos os dias.
Visto aqui
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
Pedir alto
No
outro dia li um post sobre o poder das palavras. Como elas podem ser
usadas para criar aquilo que queremos (também há quem lhes chame orações).
Eu não sou
muito de pedir mas a verdade é que das poucas vezes que assumo algo que quero,
esse algo aparece-me aos pés. Se calhar tenho ali um armazém celestial cheio de
dádivas à minha espera sem saber. Se calhar, o mundo espera por mim, por um
pequeno primeiro passo meu. Se calhar estou pronta. (...) Agora vou ali dizê-lo em voz alta.”
Identifico-me
muito com esta forma de pensar, evito falar de doenças ou de conflitos ou de
coisas que correm mal, porque acredito mesmo que isso atrai mais do mesmo (é do
género “quanto mais mexes na m&$%# mais mal ela cheira”). E tenho vindo a
cultivar o hábito de pedir o que quero. De lançar as palavras para o ar e
acreditar que isso terá algum efeito. Dizê-las alto para que sejam
ouvidas. Pode não ter importância nenhuma. Mas mal não faz.
Ultimamente
as minhas palavras vão num único sentido. Ter mais um filho. Adorei estar grávida, tenho
saudades da minha barriga redonda (e das mamas lindíssimas) e mais saudades
ainda do meu bebé recém-nascido e minúsculo. Quero muito viver tudo aquilo de
novo (até o primeiro mês de vida, que continuo a dizer que é completamente insano) e
dar uma irmã (se é para pedir, que seja à grande, um bebé E menina…) a Peter
Pan, para que ele possa saber o que é o amor de irmãos que eu conheço desde que
me lembro de ser gente, e para que nós possamos encher esta casa com ainda mais amor e alegria e imenso mimo (e correrias, e noites sem dormir, e birras, tudo a que temos direito).
sábado, 23 de agosto de 2014
O que eu tenho de ouvir (XXII)
Depois de ver no fogão o tacho que eu uso para fazer velas:
- Então, já chegou a crise? O jantar hoje é cera?
- Então, já chegou a crise? O jantar hoje é cera?
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Isto não é só rosas...
O cheiro das fraldas cagadas de Peter Pan podia ser usado como arma química de destruição maciça...
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Serenar
Vou buscar Peter Pan à ama, e quando o estou a sentar na cadeirinha do carro, ele começa a choramingar e diz "maix Tina".
(O meu coração de mãe-galinha-cos-nervos fica mais leve sabendo que o meu filho é feliz quando eu não estou a ver)
(O meu coração de mãe-galinha-cos-nervos fica mais leve sabendo que o meu filho é feliz quando eu não estou a ver)
terça-feira, 19 de agosto de 2014
Momento (CCLXXIV)
Ver Peter Pan a calçar as meias e as crocs... sozinho.
(está tão crescido, o meu amor pequenino)
(está tão crescido, o meu amor pequenino)
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
Entrar nos eixos *
Nas férias da ama do Peter Pan tivémos de procurar uma alternativa para deixá-lo durante o dia, porque por muito que nos apetecesse ter também cinco semanas de férias seguidas, isso é um daqueles delírios a que o meu boss não ía achar muita piada. Assim, encontrámos um infantário na zona, aberto todo o ano com horário alargado (das sete da manhã às oito da noite, finalmente alguma alma inteligente que se lembrou que os pais saem do trabalho às seis da tarde, na melhor das hipóteses, por isso começar a cobrar tempo excepcional a partir das cinco e meia é só chico-espertismo e ganância), fomos ver as instalações, falar com a diretora, fazer as perguntas todas, e decidimos que sim, que o nosso pequeno tesouro ficava bem entregue. Só que durante as três semanas em que lá esteve, todos os quinze dias úteis, Peter Pan ficou a chorar de manhã, ao colo de uma educadora que me dizia "até a chorar, a gente se derrete com ele". Mas nenhuma palavra de ânimo me fazia sentir melhor, ficava atrás da porta à espera até ouvir o choro parar quando ele finalmente se distraía com os outros meninos (eram só uns minutos, mas parecia-me uma eternidade), ía trabalhar com o coração apertado (e nos primeiros dias, com uma aflição a resvalar para a náusea), e ía buscá-lo à tarde com um sentimento de culpa imenso, mesmo sabendo que era natural este período de adaptação a uma realidade diferente da que ele conhecia desde que tinha memórias.
O alívio que senti no dia em que nos despedimos das educadoras (apesar de terem sido umas queridas, e de termos a certeza que trataram dele com todo o cuidado e atenção) foi quase tanto como aquele que senti esta manhã quando vi Peter Pan abrir os braços para ir para o colo da ama. Choramingou uns segundos quando a porta se fechou e deixou de me ver, mas foram mesmo só uns segundos, até eu ouvir os seus passos a ir para ao pé dos outros meninos. Mais tarde a ama mandou-me mensagem para me descansar, ele estava feliz da vida, lembrava-se do nome dos amiguinhos todos e não esqueceu as rotinas "quando chamei para a bolacha, foi o primeiro a correr para a cozinha e a sentar-se no chão, à espera".
* Ou ver a vida a voltar ao seu ritmo
O alívio que senti no dia em que nos despedimos das educadoras (apesar de terem sido umas queridas, e de termos a certeza que trataram dele com todo o cuidado e atenção) foi quase tanto como aquele que senti esta manhã quando vi Peter Pan abrir os braços para ir para o colo da ama. Choramingou uns segundos quando a porta se fechou e deixou de me ver, mas foram mesmo só uns segundos, até eu ouvir os seus passos a ir para ao pé dos outros meninos. Mais tarde a ama mandou-me mensagem para me descansar, ele estava feliz da vida, lembrava-se do nome dos amiguinhos todos e não esqueceu as rotinas "quando chamei para a bolacha, foi o primeiro a correr para a cozinha e a sentar-se no chão, à espera".
* Ou ver a vida a voltar ao seu ritmo
domingo, 17 de agosto de 2014
E finalmente foi Verão
Fim-de-semana naquela que será para sempre a nossa praia, mesmo com a maresia (fria) das manhãs brancas, mesmo com as ondas revoltas de um mar que impõe respeito (e pouco mais que bandeira amarela). Com a Paula, claro (e assim se cumpriu a tradição: férias não são férias sem uns dias com ela). Mas desta vez houve manhã de sol e noite amena, mesas de restaurante grandes para cabermos todos, refeições animadas e demoradas, vinho fresco e peixe ainda mais fresco. Muita areia pelo ar generosamente distribuida por Peter Pan num raio de dez metros à volta, muita palhaçada e o riso de alegria contagiante do nosso pequeno buda, que herdou da mãe esta paixão pelos dias de praia sem fim ao ritmo das ondas e dos raios de sol, e por tudo o que eles simbolizam.
(E voltou aquela sensação de paz de coração transbordante, que só tenho ali, ao pé do mar...)
(E voltou aquela sensação de paz de coração transbordante, que só tenho ali, ao pé do mar...)
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
Fazer feliz
Passar o dia no quintal do meu sogro. Sardinhas e salmão assados, muita salada com pimentos. Dormir a sesta embalada no calor doce de Peter Pan. Uma pequena piscina com água. E uma mangueira no meio da terra. Caracóis e entrecosto assado nas brasas. Liberdade de movimentos e tempo sem horas. Respirar fundo e sentir a calma dos dias que passam devagar (é a isto que chamam vida do campo...)
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
Perder anos de vida
Por causa daquela questão da pupila dilatada, Peter Pan continua a ser seguido em Oftalmologia Pediátrica, no Hospital de Leiria onde nasceu. O exame consiste em luz apontada aos olhos, e numas gotas oculares que fazem dilatar as pupilas ao máximo, passados cinco minutos mais umas gotas, e depois de meia hora de espera, mais luz apontada ao olhos. Ora conseguir pôr gotas nos olhos de Peter Pan à primeira ainda foi suportável, chorou mas não esperneou, peguei-o logo ao colo para o acalmar e a coisa já estava a passar quando a enfermeira nos chama para a segunda dose. Aí ele já sabia o que o esperava, e franziu os olhos com tanta força e berrou tanto que mais parecia que lhe estavam a despejar gás pimenta em cima. É a partir deste exato instante que Peter Pan passou a ter medo de batas brancas.
Sentei-o ao meu colo num canto mais escuro do corredor a fazer tempo para que o medicamento fizesse efeito, tentando proteger-lhe os olhos da hipersensibilidade à luz provocada pela dilatação forçada das pupilas. Notei-o muito (demasiado) sossegado no meu colo, e começo a sentir-lhe a pele muito quente. Mais uns minutos e os braços dele enchem-se de pequenas manchas vermelhas, abro-lhe mais um botão da camisa e vejo que o peito está todo assim, as pernas a irem pelo mesmo caminho. Penso logo em reacção alérgica e corro para o gabinete de enfermagem com medo que o próximo sintoma seja falta de ar ou qualquer coisa do género, a enfermeira tira-lhe a camisa (com Peter Pan a tentar desesperadamente enxotar a bata branca) e leva-me até à médica com ar de preocupação estampado na cara (not good...). A médica examina-o, pede-me para esperar no consultório e diz que vai consultar uma colega (not good at all...). Regressa com ar mais descansado, consulta a bula das gotas que deram a Peter Pan e diz-me que se trata de efeitos secundário das gotas, uma situação rara (cerca de 1 em cada 400 casos, sorte a minha...) mas que vai passar em poucas horas. Ah, e que outro efeito secundário é a irritabilidade (era o que me faltava...).
(No fim disto tudo, o exame teve resultados normais e os olhos de Peter Pan continuam lindos e saudáveis).
Sentei-o ao meu colo num canto mais escuro do corredor a fazer tempo para que o medicamento fizesse efeito, tentando proteger-lhe os olhos da hipersensibilidade à luz provocada pela dilatação forçada das pupilas. Notei-o muito (demasiado) sossegado no meu colo, e começo a sentir-lhe a pele muito quente. Mais uns minutos e os braços dele enchem-se de pequenas manchas vermelhas, abro-lhe mais um botão da camisa e vejo que o peito está todo assim, as pernas a irem pelo mesmo caminho. Penso logo em reacção alérgica e corro para o gabinete de enfermagem com medo que o próximo sintoma seja falta de ar ou qualquer coisa do género, a enfermeira tira-lhe a camisa (com Peter Pan a tentar desesperadamente enxotar a bata branca) e leva-me até à médica com ar de preocupação estampado na cara (not good...). A médica examina-o, pede-me para esperar no consultório e diz que vai consultar uma colega (not good at all...). Regressa com ar mais descansado, consulta a bula das gotas que deram a Peter Pan e diz-me que se trata de efeitos secundário das gotas, uma situação rara (cerca de 1 em cada 400 casos, sorte a minha...) mas que vai passar em poucas horas. Ah, e que outro efeito secundário é a irritabilidade (era o que me faltava...).
(No fim disto tudo, o exame teve resultados normais e os olhos de Peter Pan continuam lindos e saudáveis).
domingo, 10 de agosto de 2014
sábado, 9 de agosto de 2014
Momento (CCLXXIII)
Descida noturna em kayak. 9 quilómetros num rio que mais parecia um espelho de águas calmas a refletir a luz de uma lua cheia de sossego. O silêncio de uma pausa para cigarro no meio da água. O cheio dos pinheiros e da terra húmida das margens. A chegada a Dornes iluminada como um postal. O caldo verde e o porco no espeto que nos esperavam à chegada. O nosso filhote a dormir sereno mesmo com música a bombar ao lado. A cumplicidade de uma noite a dois.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
sábado, 2 de agosto de 2014
O casamento da minha melhor amiga
Comecei a trabalhar com quinze anos, a servir à mesa num restaurante. Sábados, domingos, feriados, férias, passagens de ano e dias de Natal. Durante mais de seis anos. Foi assim que paguei as roupas e o tabaco, a carta de condução e as noitadas de copos e discoteca, o curso superior e o meu primeiro carro. E todos os anos, a partir de Maio até ao final de Setembro, servíamos casamentos naquele espaço. Pelo menos um por fim-de-semana (chegaram a ser três). Vi de tudo o que se possa imaginar, desde a noiva ainda bêbada da noite anterior até ao casal que convidou só vinte pessoas e passaram o jantar todo em silêncio como se estivessem num velório. Talvez por isso a minha ideia de casamento foi sendo desmistificada e quando chegou "a minha vez" não lhe dei assim tanta importância. E também por isso recuso quase todos os convites para ir a casamentos de outros. A sério, qual o sentido de ir ao casamento de um primo que não vejo há mais de cinco anos? Só porque é da família? Não me lixem, não tenho paciência, já vi demasiados, é sempre mais do mesmo...
Mas depois há amigos que são mais do que família. Que vimos crescer nos últimos dez anos. Que nos conhecem melhor do que qualquer primo. Com quem partilhámos lágrimas de tristeza e gargalhadas de pura parvoíce. Foi a nós que ela contou que ía sair com ele pela primeira vez. Foi à nossa mesa, entre garrafas de vinho e fatias de pão e queijo, que fomos acalmando medos de (mais uma) desilusão e dando palavras de incentivo para que não fechasse a porta ao Amor, o tal em que ela já não acreditava. A Paula é a irmã que não tive, o porto seguro onde sei que posso voltar sempre que precisar, a alegria contagiante que equilibra a minha reserva natural em "abrir-me" com os outros. O casamento dela era sagrado, nem que fosse no Burkina Faso ou na Islândia. Não perdia este dia por nada do mundo.
E aqui faltam-me as palavras, porque como li há dias "a felicidade não é nada inspiradora", e tudo o que eu disser vai soar a cliché apesar de ser a mais sincera das verdades: a noiva estava deslumbrante e ninguém diría que o vestido (e as meias cor de pele com a barra branca, que não encontrávamos em lado nenhum e eu jurava que não existiam) foi comprado pela net, e o noivo era das pessoas mais comovidas, e basta ver a forma como ele olha para ela, um misto de carinho e paixão, para saber que aquilo é amor verdadeiro, é a felicidade de quem acredita que encontrou a mulher da sua vida. A cerimónia no estádio e o copo-de-água foram simples e elegantes, tal como eles queriam, com apontamentos cheios de simbolismo, como os balões brancos e azuis que foram largados ao vento quando eles disseram o "Sim", a coreografia que as amigas da noiva ensaiaram já para o final da noite, ou o quadro que o noivo ofereceu ao pai, entre lágrimas de orgulho e admiração. Só Peter Pan não colaborou, fez uma birra imensa porque queria um balão, e na altura de entregar a bola das alianças... não quis ir sozinho.
Mesmo para nós foi um dia único e especial, padrinhos de casamento pela primeira (e talvez única) vez, pudémos partilhar este momento de felicidade de uma das pessoas que nos é mais querida, a família que escolhemos e acarinhamos e a quem desejamos o mesmo que queremos para nós: que sejam felizes para sempre.
Mas depois há amigos que são mais do que família. Que vimos crescer nos últimos dez anos. Que nos conhecem melhor do que qualquer primo. Com quem partilhámos lágrimas de tristeza e gargalhadas de pura parvoíce. Foi a nós que ela contou que ía sair com ele pela primeira vez. Foi à nossa mesa, entre garrafas de vinho e fatias de pão e queijo, que fomos acalmando medos de (mais uma) desilusão e dando palavras de incentivo para que não fechasse a porta ao Amor, o tal em que ela já não acreditava. A Paula é a irmã que não tive, o porto seguro onde sei que posso voltar sempre que precisar, a alegria contagiante que equilibra a minha reserva natural em "abrir-me" com os outros. O casamento dela era sagrado, nem que fosse no Burkina Faso ou na Islândia. Não perdia este dia por nada do mundo.
E aqui faltam-me as palavras, porque como li há dias "a felicidade não é nada inspiradora", e tudo o que eu disser vai soar a cliché apesar de ser a mais sincera das verdades: a noiva estava deslumbrante e ninguém diría que o vestido (e as meias cor de pele com a barra branca, que não encontrávamos em lado nenhum e eu jurava que não existiam) foi comprado pela net, e o noivo era das pessoas mais comovidas, e basta ver a forma como ele olha para ela, um misto de carinho e paixão, para saber que aquilo é amor verdadeiro, é a felicidade de quem acredita que encontrou a mulher da sua vida. A cerimónia no estádio e o copo-de-água foram simples e elegantes, tal como eles queriam, com apontamentos cheios de simbolismo, como os balões brancos e azuis que foram largados ao vento quando eles disseram o "Sim", a coreografia que as amigas da noiva ensaiaram já para o final da noite, ou o quadro que o noivo ofereceu ao pai, entre lágrimas de orgulho e admiração. Só Peter Pan não colaborou, fez uma birra imensa porque queria um balão, e na altura de entregar a bola das alianças... não quis ir sozinho.
Mesmo para nós foi um dia único e especial, padrinhos de casamento pela primeira (e talvez única) vez, pudémos partilhar este momento de felicidade de uma das pessoas que nos é mais querida, a família que escolhemos e acarinhamos e a quem desejamos o mesmo que queremos para nós: que sejam felizes para sempre.
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