Há um ano atrás, a esta hora, começava uma nova vida. Não só a de Peter Pan que viria a nascer dez horas e meia depois, mas também a nossa, enquanto pais, enquanto adultos (finalmente) responsáveis por outro ser humano. Uma responsabilidade para a qual julgo que ninguém está completamente preparado à partida. Podemos ler todos os livros e artigos de pedopsicólogos do mundo, mas nada nos ensina como vamos criar e educar o nosso filho, aquele bebé que será criança com uma identidade própria e única e diferente de qualquer outra.
Há um ano atrás, a esta hora, um novo ciclo cheio de promessas e esperança dava lugar ao antigo, e encerrava para sempre um dos capítulos (ou o capítulo) mais difíceis da nossa história, que pôs à prova toda a nossa fé, coragem, persistência, resistência à dor (não só a física, mas acima de tudo psicológica) e até o nosso amor um pelo outro.
Há um ano atrás, a esta hora, sabia que a vida que tinha vivido até ali ía mudar para sempre, nunca mais sería a mesma. Mas essa certeza não me trazia nenhum medo, nenhuma angústia. Sabia que não ía ser idílico, que tería dúvidas e alturas de quase-desespero, mas acreditava (e ainda acredito) que o mais importante que podia dar ao meu filho era o meu amor incondicional, a minha atenção, carinho e a segurança do meu colo.
Ter um filho, ter este filho, foi mais do que um sonho concretizado ou a confirmação das expectativas que fui idealizando ao longo dos últimos anos. Porque nenhum sonho ou expectativa se compara à comoção de ouvir o meu filho chamar por mim, ao deslumbramento de vê-lo a descobrir o mundo que o rodeia ou a dar os primeiros passos desajeitados, à ternura de sentir o seu abraço ou a bochecha-gorda-de-sono encostada ao meu ombro. A gratidão que sinto é imensa, só comparável ao amor que foi crescendo por estes 11 kilos de gente, bebé gorducho e lindo-tão-lindo-que-até-chateia (as palavras não são minhas, são de quem se mete com ele na rua, e quem sou eu para desmentir?), mesmo quando grita desalmadamente para lhe darem os brinquedos que atirou para o chão, ou quando demora uma hora e meia para adormecer à tarde (esta é nova...). Porque depois sorri, um sorriso maroto e mimocas como ele, bebé que nos puxa o braço para pedir colo e se derrete com abraços e beijos no pescoço, bebé que gosta realmente de mimo. E eu dou, muito, sem medo de o estragar e de estar a criar um selvagenzinho, terá regras concerteza, mas continuará a ter da nossa parte todas as demonstrações do amor que lhe temos (até ao dia em que ele peça para pararmos porque estamos a envergonhá-lo à frente dos amigos...).
Ter um filho, ter este filho, foi a benção mais sentida que tive, um bebé saudável e rijo, alegre e comunicativo, o meu coração, desde há um ano a bater fora do meu peito, desde há um ano a encher os meus dias de sorrisos, de choros, de birras, de fraldas e de ternura, desde há um ano a fazer-me querer ser uma pessoa melhor, uma mãe sempre presente e paciente, um exemplo a seguir no futuro.
(Não posso querer mais nada. Eu tenho tudo o que pedi).
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