sábado, 20 de julho de 2013

As primeiras férias

Foi preciso Peter Pan nascer para o L. aceitar vir passar férias ao Algarve. As primeiras férias do nosso pequenino, as nossas primeiras férias a três, as primeiras férias tão a sul (por cá, não estou a contar com a odisseia de duas semanas a correr Espanha desde Vilar Formoso até Puerto de Santa Maria, com um salto a Marrocos). Os argumentos dele eram sempre os mesmos e até eram aceitáveis - é uma grande confusão, só estrangeirada, filas de carros por todo o lado, tudo com preços inflacionados.... e durante anos concordei com ele. Mas depois a Paula mostrou-me o Algarve dela e eu rendi-me. Nunca o tinha conseguido convencer. Mas bastou dizer-lhe que a praia faz bem aos bebés para ele considerar a hipótese. É claro que não precisávamos de fazer 350 km para estar na praia, com preços mais acessíveis e com a mesma (ou mais) qualidade, mas digam o que disserem, cá em baixo a água é mais quente. Ponto. ("Ah e tal, água fria com iodo é boa para enrijar os ossos..." Dasse...)
Para a coisa correr bem tinha de seguir alguns requisitos básicos: alugar um apartamento porque hotel limitava a questão das refeições do pequeno buda, e a localização tinha de permitir encostar o carro no dia de chegada e só voltar a pegar nele para ir embora. Nada de ter de conduzir todos os dias e enfrentar pára-arranca para chegar à praia. Comecei a pesquisar na net e acabei por achar um T1 disponível na semana que queria, num antigo aparthotel, com piscina partilhada, elevador (convém, é um sexto andar), ar condicionado e... a 350 metros da praia. Enviei email a confirmar o preço que era apresentado, porque era realmente mais baixo do que todos os que tinha visto, e achei que me íam responder que afinal o preço era outro. Não, estava correcto, era mesmo aquilo. Reservei, paguei o sinal, e hoje enquanto fazíamos a viagem, vinha com um bocado de medo de apanhar uma banhada do tamanho de um comboio. Mesmo sendo uma agência imobiliária e não um particular a tratar de tudo, pensava que a piscina devia ser do tamanho de uma banheira, as camas deviam ranger e ter molas a saltar, o ar condicionado devia estar avariado (quando a fartura é muita...). Quando entrei em "casa" suspirei de alívio: tudo funciona, o espaço é maior do que parecia nas fotos do site, a piscina (são duas, uma para crianças) tem óptimo aspecto, e a praia é mesmo mesmo perto. 
Arrumámos as malas num instante (a nossa mala de roupa, mais as 5 malas do lorde - a sério, nós fomos uma semana inteira para Amesterdão só com uma mochila às costas, e agora andamos carregados com uma mala cheia de roupa em miniatura, uma mala de brinquedos, uma mala para a comida e leite e biberãos, mais a cama de viagem e o colchão e mais sei lá o quê...) e fomos fazer uma volta de reconhecimento: aqui está uma pastelaria, e mais outra e mais outra, ali um minimercado e a seguir uma casa de pasto com take-away, passamos a igreja e estamos com os pés na areia (e umas gelatarias pelo caminho). Não precisamos de mais nada. Comprar fraldas (era o que faltava vir carregada de casa com um saco de fraldas...) fruta, vinho verde e cenas para o pequeno almoço, trazer o jantar do tal restaurante (um exagero de comida, uma dose chegou para ele e dá para o nosso almoço amanhã), tratar de Peter Pan e pô-lo a dormir (o L. estava com medo que ele estranhasse a cama, mas adormeceu como habitualmente, um doce...) e jantar na varanda ao som das gaivotas. 
Não é o meu conceito de férias ideal, não vou aprender nada de novo, não vou conhecer um novo país, uma nova cultura, uma nova realidade. Não vou abrir horizontes nem mostrar o mundo a Peter Pan (ainda...). Vou só descansar. O corpo e o espírito.
(Para já, melhor que isto, só um tudo-incluído em Cabo Verde).

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