terça-feira, 30 de julho de 2013

Todos os cães têm sorte... *

Na nossa semana de férias só a dois, Peter Pan acordava religiosamente por volta das 7 da manhã e já não pregava olho. Nem uma abébia de meia hora, nada.
Esta semana, aquela em que o pai está em casa com ele e eu já estou a trabalhar... dorme até às 8 e meia sem um pio...

* (Estafermo, pá...)

sábado, 27 de julho de 2013

Guardar junto ao coração (II)

Aquela história de que "férias com filhos não são férias" tem um fundo de verdade. As dores de cabeça passaram (os neurónios lá se habituaram à inação) mas existe uma ponta de cansaço físico que não vai embora. Tem a ver com o estado de alerta constante que um bebé de um ano (e desconfio que com dois ou dez vai ser a mesma coisa) exige. Estarmos presentes, atentos e disponíveis para ele dá trabalho, sim, mas basta um sorriso rasgado, uma mão rechonchuda a puxar-nos o braço ou o som de um "mama" ou "paiiii" para sentir que ganhámos o euromilhões na forma de 11 kilos de gente.

Destas férias não vou guardar a praga de mosquitos assassinos que nos deixou com babas do tamanho de bolas de ping-pong e comichões desesperantes, mas sim os gelados cremosos comidos a dois, as sestas imensas e os finais de tarde na praia, o som do mar (sempre o som do mar...) e a alegria eufórica de Peter Pan, louco por areia, por ondas, por brincadeira e por tanta atenção e tanto mimo só para ele, o centro do nosso mundo.







Momento (CCXI)

Regressar a casa e encontrar na caixa de correio um presente da Catarina, uma camisola com o frasco de Nuttela (tão bom...)
... depois da foto que lhe enviei ("o teu livro em boas mãos", o que não lhe disse foi que logo a seguir Peter Pan tentou comê-lo...),


... que li sofregamente nas três horas de viagem para baixo. Tenho uma admiração imensa pela Catarina, pela sua história de vida e pela forma como a conta, como transmite tanta emoção nas palavras que escreve. Muita doçura que me fez lê-la desde o início, por isso o livro foi mais um recordar frases passadas mas que continuam a ter significado, como os livros favoritos em que pego quando quero reler alguma coisa familiar e reconfortante.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Desperdiçar recursos

Ainda não pusémos um pé na piscina...


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Falta de hábito, é o que é...

Andamos há dois dias com dores de cabeça. Assim, mesmo, acordamos os dois com dores de cabeça e só melhoramos a toque de Ben-Uron. Ontem durante a sesta (do Peter Pan e minha) sonhei que tinha ido trabalhar, e que estava preocupada porque tinha de fazer todos os dias o trajecto do Algarve para lá e voltar à noite. Hoje durante a sesta, sonhei que andava a limpar as gavetas de uma cómoda.

(Passar tantos dias sem fazer nada está a fazer-me mal...)

terça-feira, 23 de julho de 2013

Com uma vénia (III)

Nunca consegui escrever uma linha sobre este amor louco que tenho pelo meu filho. Só me saem banalidades sem conteúdo nem sentido. Porque acredito piamente que não existe nenhuma combinação de letras do alfabeto que consiga transmitir ou significar o que sinto na pele e na alma perante este ser que é a luz que me guia o caminho.

E depois de ler isto, então, reduzo-me à minha insignificância e presto homenagem a quem sabe escrever com o coração e a alma na ponta dos dedos, com uma emoção tão grande e sentida que me deixou com o sorriso embevecido de quem recebeu um presente.

"Mudaste tudo, em mim. Mudaste-me a pele, os olhos, o cheiro.
Pegaste-me e mudaste-me toda.
Há dez anos que o meu mundo é teu. Há dez anos que te respiro.
Nem chega a ser orgulho. É falta de ar na alma, tamanho é o Amor, maior que tudo o que já conheci ou ouvi falar. 
Enches-me de ti e misturo-me contigo. Prolongas-me e acrescentamo-nos.
Há dez anos que tudo passou a ser por ti. As canções de amor, os sonhos, os travões, os impulsos.
És em mim o que não se diz, o que não se conhece.
És em mim o tudo".

(É isto... é mesmo isto...)

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Viver o hoje, só o hoje

Os dias são passados ao sabor das rotinas de Peter Pan. A nossa única preocupação são os horários de comer e de dormir dele. Acorda (e acorda-nos) à hora do costume, o que garante que encontramos a praia quase deserta. Nós e os velhotes madrugadores com quem ele se mete descaradamente, a sorrir de nariz franzido e a dizer adeus com a mão papuda. Saímos da praia quando toda a gente está a chegar, passeamos pelas ruas quase desertas durante o dia, e que estarão apinhadas logo à noite, sentamo-nos numa esplanada à sombra, Peter Pan observa quem passa, cusco, tão cusco que chega a inclinar-se para a frente e torcer a cabeça toda para poder ver melhor, atento a tudo, a absorver todas as cores, todos os cheiros, todas a gentes. Voltamos para casa para a sesta sagrada de meia hora antes o almoço, e enquanto ele come o L. vai "à caça" do nosso almoço. Depois dormimos a sesta grande, duas horas aninhados os dois (ou pai e filho aninhados e eu no sofá, o resultado é o mesmo... descanso absoluto...). Depois do lanche fazemos tempo até o sol perder força para  podermos voltar para a praia. Peter Pan começa a ficar impaciente até chegar ao calçadão e ouvir o som das ondas. E aí começam os gritinhos e o bater de pernas e os saltinhos no nosso colo. Porque já sabe o que se segue. É completamente louco pela areia e pelas ondas. É sentá-lo à beira-mar com a água a cobrir-lhe as pernas e ficar a apreciar o delírio de alegria, as mãos cheias de areia que tenta enfiar na boca, os pés a chapinhar em movimentos frenéticos, o sorriso escancarado com que procura o nosso olhar como quem diz "olha, olha para mim aqui!!". Deixamos o areal perto das 8 da noite, banhos tomados, Peter Pan jantado, e voltamos a sair para o nosso jantar, naquele indiano que adoro, naquela casa de hamburgueres na rua pedonal, no chinês ou numa pizzaria. Entre um gelado e um café, o nosso pequeno buda adormece no trajecto até casa. Ficamos com o resto da noite para nós. Para ler, para tentar ver um filme até ao fim, para adormecermos abraçados no sofá.

sábado, 20 de julho de 2013

As primeiras férias

Foi preciso Peter Pan nascer para o L. aceitar vir passar férias ao Algarve. As primeiras férias do nosso pequenino, as nossas primeiras férias a três, as primeiras férias tão a sul (por cá, não estou a contar com a odisseia de duas semanas a correr Espanha desde Vilar Formoso até Puerto de Santa Maria, com um salto a Marrocos). Os argumentos dele eram sempre os mesmos e até eram aceitáveis - é uma grande confusão, só estrangeirada, filas de carros por todo o lado, tudo com preços inflacionados.... e durante anos concordei com ele. Mas depois a Paula mostrou-me o Algarve dela e eu rendi-me. Nunca o tinha conseguido convencer. Mas bastou dizer-lhe que a praia faz bem aos bebés para ele considerar a hipótese. É claro que não precisávamos de fazer 350 km para estar na praia, com preços mais acessíveis e com a mesma (ou mais) qualidade, mas digam o que disserem, cá em baixo a água é mais quente. Ponto. ("Ah e tal, água fria com iodo é boa para enrijar os ossos..." Dasse...)
Para a coisa correr bem tinha de seguir alguns requisitos básicos: alugar um apartamento porque hotel limitava a questão das refeições do pequeno buda, e a localização tinha de permitir encostar o carro no dia de chegada e só voltar a pegar nele para ir embora. Nada de ter de conduzir todos os dias e enfrentar pára-arranca para chegar à praia. Comecei a pesquisar na net e acabei por achar um T1 disponível na semana que queria, num antigo aparthotel, com piscina partilhada, elevador (convém, é um sexto andar), ar condicionado e... a 350 metros da praia. Enviei email a confirmar o preço que era apresentado, porque era realmente mais baixo do que todos os que tinha visto, e achei que me íam responder que afinal o preço era outro. Não, estava correcto, era mesmo aquilo. Reservei, paguei o sinal, e hoje enquanto fazíamos a viagem, vinha com um bocado de medo de apanhar uma banhada do tamanho de um comboio. Mesmo sendo uma agência imobiliária e não um particular a tratar de tudo, pensava que a piscina devia ser do tamanho de uma banheira, as camas deviam ranger e ter molas a saltar, o ar condicionado devia estar avariado (quando a fartura é muita...). Quando entrei em "casa" suspirei de alívio: tudo funciona, o espaço é maior do que parecia nas fotos do site, a piscina (são duas, uma para crianças) tem óptimo aspecto, e a praia é mesmo mesmo perto. 
Arrumámos as malas num instante (a nossa mala de roupa, mais as 5 malas do lorde - a sério, nós fomos uma semana inteira para Amesterdão só com uma mochila às costas, e agora andamos carregados com uma mala cheia de roupa em miniatura, uma mala de brinquedos, uma mala para a comida e leite e biberãos, mais a cama de viagem e o colchão e mais sei lá o quê...) e fomos fazer uma volta de reconhecimento: aqui está uma pastelaria, e mais outra e mais outra, ali um minimercado e a seguir uma casa de pasto com take-away, passamos a igreja e estamos com os pés na areia (e umas gelatarias pelo caminho). Não precisamos de mais nada. Comprar fraldas (era o que faltava vir carregada de casa com um saco de fraldas...) fruta, vinho verde e cenas para o pequeno almoço, trazer o jantar do tal restaurante (um exagero de comida, uma dose chegou para ele e dá para o nosso almoço amanhã), tratar de Peter Pan e pô-lo a dormir (o L. estava com medo que ele estranhasse a cama, mas adormeceu como habitualmente, um doce...) e jantar na varanda ao som das gaivotas. 
Não é o meu conceito de férias ideal, não vou aprender nada de novo, não vou conhecer um novo país, uma nova cultura, uma nova realidade. Não vou abrir horizontes nem mostrar o mundo a Peter Pan (ainda...). Vou só descansar. O corpo e o espírito.
(Para já, melhor que isto, só um tudo-incluído em Cabo Verde).

Momento (perdi-me na numeração...)

O "chefe" veio do Reino Unido e trouxe uma lembrança para as meninas.






quinta-feira, 18 de julho de 2013

A nossa celebração

Queríamos guardar Peter Pan só para nós neste dia. Ainda não decidimos se vamos fazer uma festa de aniversário ou não. Ele não percebe bem o que se passa, e não é muito adepto de confusão à volta. Mas também não queremos deixar passar em branco uma data tão importante nas nossas vidas, e sabemos que a família e amigos chegados também gostavam de festejar connosco.

Mas hoje o dia é nosso, e levámos o nosso pequeno Buda… ao Buddha Eden, pois claro. A ideia era comprar um bolo, encontrar um parque relvado com muita sombra e fazer a festa. Já tinha ouvido falar deste parque com budas gigantes, por isso fomos conhecer. Sinceramente fiquei um bocado desiludida, tinha a imagem de uma espécie de jardim japonês acolhedor, e afinal é um espaço imenso e com poucas sombras, torna-se muito frio e impessoal, e acabámos por não ver nem metade das estátuas de mármore e terracota, porque preferimos aproveitar todos os minutos para mimar o nosso boneco de carne e osso.




Estendemos uma manta à sombra, andámos descalços na relva, deitámo-nos a ver os raios de sol filtrados pelos ramos altos das árvores, cantámos os parabéns ao nosso menino e deixámo-lo fazer o que quisesse com o bolo. Ele enfiou as mãos pelo recheio e massa, lambeu os dedos, voltou a esfregar as mãos no creme e a seguir nos olhos, no cabelo, nos pés, e espalhou bolo a toda a volta num raio de meio metro. Feliz, tão feliz que nem me importei de ter de lhe trocar a roupa toda a seguir, ou de ter ficado com os braços todos peganhentos de creme de bolo. Porque o sorriso dele será sempre mais importante que qualquer nódoa.


Um ano de toda a Vida

Há um ano atrás, a esta hora, começava uma nova vida. Não só a de Peter Pan que viria a nascer dez horas e meia depois, mas também a nossa, enquanto pais, enquanto adultos (finalmente) responsáveis por outro ser humano. Uma responsabilidade para a qual julgo que ninguém está completamente preparado à partida. Podemos ler todos os livros e artigos de pedopsicólogos do mundo, mas nada nos ensina como vamos criar e educar o nosso filho, aquele bebé que será criança com uma identidade própria e única e diferente de qualquer outra.
Há um ano atrás, a esta hora, um novo ciclo cheio de promessas e esperança dava lugar ao antigo, e encerrava para sempre um dos capítulos (ou o capítulo) mais difíceis da nossa história, que pôs à prova toda a nossa fé, coragem, persistência, resistência à dor (não só a física, mas acima de tudo psicológica) e até o nosso amor um pelo outro.
Há um ano atrás, a esta hora, sabia que a vida que tinha vivido até ali ía mudar para sempre, nunca mais sería a mesma. Mas essa certeza não me trazia nenhum medo, nenhuma angústia. Sabia que não ía ser idílico, que tería dúvidas e alturas de quase-desespero, mas acreditava (e ainda acredito) que o mais importante que podia dar ao meu filho era o meu amor incondicional, a minha atenção, carinho e a segurança do meu colo.

Ter um filho, ter este filho, foi mais do que um sonho concretizado ou a confirmação das expectativas que fui idealizando ao longo dos últimos anos. Porque nenhum sonho ou expectativa se compara à comoção de ouvir o meu filho chamar por mim, ao deslumbramento de vê-lo a descobrir o mundo que o rodeia ou a dar os primeiros passos desajeitados, à ternura de sentir o seu abraço ou a bochecha-gorda-de-sono encostada ao meu ombro. A gratidão que sinto é imensa, só comparável ao amor que foi crescendo por estes 11 kilos de gente, bebé gorducho e lindo-tão-lindo-que-até-chateia (as palavras não são minhas, são de quem se mete com ele na rua, e quem sou eu para desmentir?), mesmo quando grita desalmadamente para lhe darem os brinquedos que atirou para o chão, ou quando demora uma hora e meia para adormecer à tarde (esta é nova...). Porque depois sorri, um sorriso maroto e mimocas como ele, bebé que nos puxa o braço para pedir colo e se derrete com abraços e beijos no pescoço, bebé que gosta realmente de mimo. E eu dou, muito, sem medo de o estragar e de estar a criar um selvagenzinho, terá regras concerteza, mas continuará a ter da nossa parte todas as demonstrações do amor que lhe temos (até ao dia em que ele peça para pararmos porque estamos a envergonhá-lo à frente dos amigos...).
Ter um filho, ter este filho, foi a benção mais sentida que tive, um bebé saudável e rijo, alegre e comunicativo, o meu coração, desde há um ano a bater fora do meu peito, desde há um ano a encher os meus dias de sorrisos, de choros, de birras, de fraldas e de ternura, desde há um ano a fazer-me querer ser uma pessoa melhor, uma mãe sempre presente e paciente, um exemplo a seguir no futuro.

(Não posso querer mais nada. Eu tenho tudo o que pedi).

segunda-feira, 15 de julho de 2013

É por isto que faz sentido continuar aqui...

"Hoje estive a ler o teu novo blog (desde os primórdios). Foi como ler um livro com muito suspense, tristeza, alegrias mas acima de tudo com muito amor. Melhor de tudo é saber (de antemão) que o final está a ser feliz. Que continues sempre a ser abençoada."

(são gestos destes que me dão alento...)

domingo, 14 de julho de 2013

Mudar o nome, manter a essência

Quando criei o blog chamei-lhe a primeira coisa que me apareceu à frente e não pensei mais no assunto. O importante não era o nome, mas o conteúdo, o que eu queria escrever para poder lembrar mais tarde, um percurso que estava a iniciar (mal sabia nessa altura como ía ser tortuoso e árido) e que queria registar. Pelo meio fiz disto um dossier de recordações parecido com os que tenho na estante da sala, cheio de fotografias e bilhetes de concertos e papelinhos de toda a espécie que marcaram momentos tão felizes (os tais momentos que merecem ficar para a posteridade, nem que a posteridade seja a semana seguinte em que parece que tudo corre mal e preciso de reler alguma coisa que me faça relativizar), com a vantagem de aqui puder guardar também músicas e links para outras páginas e blogs que fui descobrindo pelo caminho (e as pessoas por trás das palavras escritas foram a maior e mais querida surpresa que isto me trouxe).
Mas já há algum tempo que me anda a fazer confusão este nome, porque não tem nada a ver comigo. Onde é que eu tinha a cabeça? Isto nos motores de busca deve ser um festival, e cada vez mais o acho... parvo.
Por isso  criei outro blog. Basicamente fica tudo na mesma, os posts estão cá todos, a imagem é exactamente igual, só muda mesmo o nome.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Oficialmente de férias

E qual é a primeira coisa que esta alminha se lembra de fazer? Limpezas, pois claro. É que nem sequer esperei por uma boa noite de sono, comecei mesmo hoje. Depois dos livros, despejei armários e gavetas, deitei fora loiças rachadas e objectos inúteis e separei para doar roupa do tempo da maria cachucha. O lema é simplificar, livrar-me das coisas que não uso, que não servem para nada, que só estão a ocupar espaço e encher-se de pó. Tornar o nosso espaço mais leve, mais arejado. Tal como a nossa vida.

(Não tinha era de ser necessariamente hoje... mas não descanso enquanto não despachar isto, para ter todo o tempo do mundo para gozar uma semana de filho só para mim - vou estrafegá-lo com mimo...)

domingo, 7 de julho de 2013

Momento (CCX)

Final da tarde. Uma brisa quase fresca. Um parque só para nós. Os pés na relva. Os patos na água ali a dois passos. O silêncio. A sombra. A alegria do nosso filho. A nossa vida completa.


sábado, 6 de julho de 2013

Com uma ponta de desilusão

Tinha aquela ideia sonhadora de que ía gostar de trabalhar com uma máquina de costura. Gosto de trabalhos manuais e de tecidos, imaginava a quantidade de coisas giras que podia fazer, puffs coloridos, bolsas e malas, roupa personalizada para mim e para Peter Pan...isto tinha tudo para dar certo. Eu tentei, eu juro que tentei. Mas não gosto. Simplesmente não gosto. Nas últimas três semanas passei noites sozinha na cozinha agarrada à p#&$ da máquina, primeiro a tentar perceber porque é que a linha partia, depois a tentar descobrir porque é que a agulha partia, depois a tentar coser a direito, e novamente a tentar perceber porque é que a (quinta ou sexta ) agulha nova estava torta. Não tenho paciência para isto. Gosto de fazer coisas, mas gosto de ver as coisas a aparecerem feitas. Quando passo mais tempo a arranjar uma máquina do que a ver o objecto que quero a surgir à frente dos meus olhos, algo não bate certo. Nos últimos dias já tinha domado a fera, mas mesmo assim o sentimento de aversão não passou. É um hobby muito individualista e isolado, não posso estar na sala a ver o pequeno buda a brincar ou sentada ao lado do Luis enquanto ele vê uma série qualquer. Só não desisti porque tinha metido na cabeça que ia fazer um saco de fraldas para o Peter Pan. Peguei em restos de tecidos coloridos para o interior e em duas calças de ganga do Luis que já não lhe serviam, cortei as pernas às tiras (e assim ganhei dois calções de ganga para usar na praia, só falta ajustar a cintura) e cosi tudo (a muito custo e com horas de sono perdidas) num formato de saco de praia gigante que serve na perfeição para carregar o pequeno arsenal de fraldas, mudas de roupa e comida.





(Valeu a pena. Mas a máquina foi encostada ao fundo do armário, e só volta a sair de lá quando eu esquecer a frustração...)

terça-feira, 2 de julho de 2013

Momento (CCIX)

Receber a noticia de que a nossa Paula vem morar para perto de nós. Para debaixo da nossa asa.

(Os amigos, estes amigos, são a família que nós escolhemos).

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Sobre o baptismo

Ontem perguntaram-nos se íamos baptizar Peter Pan. Já tínhamos falado nisto, como nos principais temas relacionados com a vida e educação do nosso filho. E a resposta foi concensual e nem sequer levantou discussão: não, não o vamos baptizar. Estamos juntos há quase 20 anos, vivemos juntos há mais de 10, mas nunca sentimos necessidade de tornar a coisa oficial, nem aos olhos da Lei nem aos olhos de uma Igreja com a qual não nos identificamos completamente. Se tiver de falar do Luis a alguém digo "o meu marido" e acho que ele faz o mesmo em relação a mim. Porque apesar de não termos assinado contrato, construímos uma vida em conjunto e uma família e conseguimos aguentar-nos um ao outro há mais anos do que grande parte dos casais que fizeram questão de fazerem um mega casamento que depois não durou sequer 1 ano (tipo... o meu irmão mais novo... mas isso é outra história, porque depois de se ter divorciado e de ter conhecido outra pessoa e de ter um filho dessa pessoa, finalmente caiu-lhe a ficha e percebeu que tinha deixado escapar a felicidade por entre os dedos... e voltou a conquistá-la e estão juntos outra vez).
Assim, não achamos correcto impor uma religião a um ser humano que ainda nem pensa por si próprio e não percebe o que lhe está a ser incutido. Preferimos dar-lhe a hipótese de escolher em consciência aquilo em que quer acreditar, pesquisar e estudar diferentes credos até encontrar (ou não) aquele com se identifica e que lhe dê resposta às questões existenciais. Podemos (e iremos) sempre responder às perguntas dele de acordo com as nossas próprias crenças, isso é natural, mas deixando sempre a porta aberta para outras escolhas, porque não há só uma forma de ver o mundo, não há só uma resposta certa. Caberá a ele a escolha final (desde que não se transforme num daqueles tipos que vai à procura das 70 virgens, tudo bem...).
Acima de tudo pretendemos transmitir-lhe valores que são professados (também) pela religião cristã, principalmente a noção de "trata os outros como queres que te tratem a ti". Mas julgo que isso tem mais a ver com bom senso  e boa educação. Acreditamos que o melhor ensinamento é o exemplo, por isso queremos, cada vez mais, ser melhores pessoas, para que o nosso filho possa ver e aprender em nós uma forma de estar na vida que inclua respeito por ele próprio e pelo outros, humildade e empatia, confiança e optimismo, responsabilidade e muita alegria de viver cada dia e aproveitar a beleza dos pequenos momentos.